Para início de conversa, o iPad, destacam os analistas, vai muito além do Kindle já por oferecer cor e vídeo. A aposta é que o aparelho possa reformular o setor editorial da mesma maneira que o iPod mudou a música, com uma loja virtual de livros e textos como a iTunes. A indústria de discos nunca mais foi a mesma depois do lançamento dessa plataforma.
Chama-se iBooks Store a loja de livro eletrônicos à qual o iPad estará conectado. Ela será lançada em parceria com cinco grandes editoras americanas (Penguin, HarperCollins, Simon & Schuster, Macmillan, e Hachette Book Group). Steve Jobs não perdeu a oportunidade de dar uma alfinetada na concorrência. "A Amazon foi pioneira e fez um ótimo trabalho com o Kindle. Mas nós vamos além".
Com relação ao impacto do iPad na imprensa, investidores e analistas estão cautelosamente otimistas quanto às perspectivas para grupos editoriais como Time Warner, Conde Nast, New York Times e HarperCollins, parte da News Corp. E não foi à toa que uma das primeiras funções destacadas por Steve Jobs na apresentação do iPad foi a da leitura de um jornal na internet - ele acessou a página do New York Times e, usando o visor sensível ao toque, moveu para baixo e para cima o cursor, mostrando como é fácil e prático ler as notícias no novo aparelho. O velho jornal no papel parece estar mesmo com os dias contados.
Mike Vorhaus, presidente da Magid Advisors, empresa de consultoria especializada em mídia, alerta que o iPad deve ser apenas parte da solução para a fuga de leitores em busca do conteúdo mais barato oferecido na Web. Os grupos editoriais já estão desenvolvendo estratégias mais amplas que incluem celulares inteligentes e outros aparelhos.
"Não é uma bala de prata, é uma bala de bronze. E será necessário um M-16 cheio delas", disse Mike Vorhaus, que estima que o tablet possa elevar em 10 a 20 por cento a receita digital dos grupos editoriais.
Estas megacompanhias estão muito conscientes do dano que a loja digital de música iTunes, da Apple, causou às gravadoras, ao ditar preços e permitir que os consumidores adquirissem as faixas individuais desejadas, o que destruiu as vendas de álbuns.
Para antecipar o tablet, Time Warner, News Corp, Conde Nast, Meredith e Hearst anunciaram em dezembro planos para uma loja digital apelidada de "Hulu para revistas", que promoveria a venda de versões eletrônicas de todos os seus títulos.
É por essas e outras que o iPad pode se tornar um marco - uma ferramenta não apenas de interativdade, com e-mail e acesso fácil a redes sociais, mas também de entretenimento e informação, com livros, filmes e música portáteis e de possibilidades infinitas.
Isto é iPad:
- Tela sensível a toque de 9,7 polegadas; - Versão de 16 gigabytes custará 499 dólares nos Estados Unidos, de 32 GB sairá por 599 dólares, e de 64 GB por 699 dólares; - Capacidade sem fio 3G custará valor adicional de 130 dólares; - A operadora AT&T terá um plano de transmissão de dados com preço mensal de 14,99 dólares por 250 MB, outro de 29 dólares para acesso ilimitado; - Bateria tem duração de 10 horas e de 1 mês em "standby"; - Espessura de 1,3 centímetro, peso de 680 gramas; - Conexão WiFi e Bluetooth, permite visualizar informações na tela nos modos horizontal e vertical; - Opera com um sistema operacional que é uma variação do software do iPhone. Segundo a Apple, todos os aplicativos do iPhone funcionam no iPad; - Suporta o iWork, pacote de aplicativos da Apple que compete com o Office da Microsoft; - Equipado com chip A4 de 1GHz da Apple; - Modelos com WiFi começarão a ser vendidos no fim de março e aparelhos com 3G em abril.
Com informações da Agência Reuters