Pesquisadoras da Cunhã – Coletivo Feminista, Grupo Curumim (Pernambuco), CFEMEA (Brasília) e IPAS (Rio de Janeiro) e representantes do movimento de mulheres são as responsáveis por investigar os números e o impacto da ilegalidade do aborto para as mulheres e o sistema público de saúde na Paraíba.
Os resultados fazem parte do Dossiê sobre a Realidade do Aborto Inseguro na Paraíba: O Impacto da Ilegalidade do Abortamento na Saúde das Mulheres e nos Serviços de Saúde de João Pessoa e Campina Grande.
Um exemplo de desperdício de dinheiro público é a baixa utilização da AMIU (Aspiração Manual Intra-Uterina) no estado, que tem inúmeras vantagens – inclusive de menor custo para o SUS - em relação ao procedimento de curetagem pós-abortamento, que é a raspagem do útero.
A curetagem prolonga o tempo de internação da paciente, oferece riscos de infecção para as mulheres, e é mais cara do que a AMIU. Enquanto João Pessoa realizou apenas 29 AMIU entre janeiro de 2008 e junho de 2009, foram realizadas na capital 2.803 curetagens e, em Campina Grande (onde ainda não é realizado o procedimento de AMIU), foram feitas 2.319 curetagens no mesmo período.
Os gastos públicos em João Pessoa com curetagens pós-abortamento foram de R$ 532.422 e, em Campina Grande, o custo com o procedimento foi de R$ 414 mil. Ao mesmo tempo, foram gastos com AMIU apenas R$ 3.746, em João Pessoa, no mesmo período.
O Dossiê é resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido em parceria com o IPAS, Curumim e conta com o apoio do Instituto de Medicina Social da UERJ. Até agora já foram feitos trabalhos similares nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul, visando demonstrar os impactos da ilegalidade do aborto nestes estados. Nos próximos dias, o Dossiê da Paraíba será divulgado amplamente a parlamentares no estado.