domingo, 14 de novembro de 2010

Ricardo e o Judiciário: Do pessoal ao institucional


NOTÍCIAS: 14/11/2010 – Um dos fatos que mais marcaram o governo José Maranhão ‘III’, indiscutivelmente, foi a nomeação de parentes de magistrados em cargos comissionados. Eles imprimiram um caráter danosamente pessoal à relação Executivo e Judiciário na Paraíba.

Fora sucessivas ao ponto, que no Maranhão ‘III’ em certo momento seria impossível distinguir o Diário Oficial do Estado do Diário Oficial da Justiça. A postura atingiu em cheiro a idéia de tripartição dos poderes idealizada por Montesquieu.

E tornou crônica - A politização da Justiça.

Casado com a vice-presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, Maranhão não errou no remédio. Exagerou na dose. Relacionar-se bem com o Judiciário não significa premiar com cargos os filhos, ou esposas de seus componentes.

Significa tratar a instituição com o devido respeito e valor que ela merece. É discutir parcerias que aprimorem a prestação jurisdicional. Assegurar o repasse regular e, talvez, mais volumoso dos recursos do Estado para o Poder, além de incluir a instituição nas discussões sobre os assuntos de interesse dos três poderes constituintes da Paraíba.

Qualquer coisa fora ou acima disso fere a impessoalidade, o princípio da autonomia dos poderes. Diminui o Judiciário diante do Executivo. Faz a Justiça – e seus componentes – sombra de quem tem a caneta para controlar um exército de togados subjugados ao bom humor do atual governante.

Justiça que se preza não quer isso. No alvorecer do novo governo, o novo governador tem a missão de resgatar a natureza da relação institucional entre governo do Estado e Judiciário.

Não se tratar de bater de frente com magistrados, sejam eles desembargadores ou juízes. Muito pelo contrário. Fazer isso seria assinar a própria sentença de morte. Ricardo Coutinho deve ter a vontade sim de mergulhar ainda mais na relação entre governo e Justiça. Mas no campo institucional, facultando ao Judiciário como um todo oportunidade de melhorar a prestação de serviço à população.

Porque isso também é ação de governo.

A meu ver, tem que começar sim exonerando parentes de magistrados que foram nomeados por critérios políticos no Maranhão III. E compensar, por exemplo, brigando por melhores condições financeiras e orçamentárias para o Poder Judiciário como um todo.

O novo ciclo prometido por Ricardo não pode se restringir apenas à classe política. Deve abranger também aqueles que têm a responsabilidade de julgar os atos alheios com a isenção, o equilíbrio e o bom senso que o cargo impõe.

Luís Tôrres