Ciro disse que há um "cenário remoto" que permite a sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, embora seu desejo seja concorrer ao Palácio do Planalto.
"O cenário de ter que ir para o governo de São Paulo é quase impossível, mas se o cenário nacional precisar desse desafio, eu não titubearia em ir. Quem alimentou a decisão de ser único, na política, deu com os burros n'água", afirmou.
Nos bastidores, Ciro é pressionado pelo Palácio do Planalto a abandonar a corrida presidencial porque parte do PT teme que a sua candidatura traga impactos negativos à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) --pré-candidata petista à presidência da República.
Alguns petistas temem que Ciro chegue ao segundo turno na disputa com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), caso o tucano consolide a sua candidatura.
Ciro disse que o seu desejo de disputar a Presidência da República "não depende" de conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas reconheceu que, se Serra não for candidato, o cenário nacional passará por mudanças que afetam diretamente a sua decisão.
"A vida recomenda certa prudência. Não deve ser nosso o primeiro lance. Há dúvidas se o governador de São Paulo será candidato a presidente. Na minha avaliação, não será. E isso muda o quadro", afirmou.
Ciro disse que não tem a "segurança" de que o projeto iniciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja garantido apenas com a candidatura de Dilma como representante da base aliada governista. "Quantos por cento dos brasileiros estão informados de que a Dilma é a candidata do Lula? Por que um presidente que tem o apoio de mais de 80% da população, somente 27% declaram apoio a Dilma?", questionou.
O deputado disse que se considera "muito melhor candidato" do que todos os que demonstraram disposição em entrar na corrida presidencial, incluindo a pré-candidata petista. "A Dilma é extraordinária, mas não tem o histórico de 20 anos de eleição que eu tenho."
Apoio - O presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, disse que o bloco de nove partidos dispostos a apoiar a eventual candidatura de Ciro no Estado vão esperar a decisão do deputado. "Nunca tivemos em São Paulo um campo partidário como esse atual. Hoje, a liderança que mais unifica é a do Ciro Gomes", afirmou.
Silva reconheceu, porém, que a "leitura" de Ciro sobre o cenário político nacional é diferente da feita pelo PT --por isso o deputado insiste na candidatura à Presidência. "Ele acha que o Serra pode não ser candidato, que pode ser o [governador de Minas] Aécio [Neves]. O que para nós altera o cenário é quem será o candidato do PSDB ao governo de São Paulo", afirmou.
O grupo de nove partidos (PSB, PT, PDT, PC do B, PTC, PRB, PSC, PTN e PT do B) marcou uma nova reunião com Ciro em quinze dias. Eles voltam a se reunir no início de abril, quando termina o prazo para que os candidatos nas eleições de outubro deixem os cargos que ocupam no Executivo --como Dilma e Serra.