O brasileiro, apesar de
dispor da tecnologia de motores flex fuel, ainda não despertou para a
importância, nem para as vantagens de abastecer o carro com o biocombustível
mais limpo do mundo. Com uma frota de 38,2 milhões de automóveis, dos quais
78,6% possuem esse tipo de tecnologia, o país poderia dar exemplo de consumo
inteligente ao utilizar mais o etanol que, comprovadamente, emite menos gases
poluentes em comparação aos combustíveis fósseis como a gasolina. “O brasileiro
ainda faz conta de centavos economizados e se acostumou com uma equivocada
notícia de que se a gasolina está mais barata, se a diferença de preço entre os
dois produtos for considerável, não é vantagem abastecer com álcool quando, na
realidade há muito mais valor agregado quando se abastece com etanol que com
gasolina”, afirma o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba
(Asplan), José Inácio de Morais.
O dirigente canavieiro
reitera que há várias vantagens no abastecimento com etanol, inclusive em
relação a proteção ambiental. “O etanol é o um combustível que emite menos
gases poluentes em comparação aos combustíveis fósseis como a gasolina. Ao
optar por o etanol ao invés da gasolina as emissões de gases de efeito estufa
(GEE) reduzem-se em cerca de 90%. Nos últimos 17 anos, o uso do etanol impediu
que mais de 515 milhões de toneladas de CO2 fossem lançados na atmosfera”,
afirma José Inácio. Ele lembra que um estudo da Universidade de São Paulo
concluiu que o uso do etanol nas oito principais regiões metropolitanas do
Brasil tem sido responsável pela redução de quase 1,4 mil mortes e a queda de
cerca de nove mil internações anuais provocadas por problemas respiratórios e
cardiovasculares associados ao uso de combustíveis fósseis. Trata-se de uma
economia de R$ 430 milhões por ano para o sistema de saúde pública e privada.
Isso porque o etanol evita a emissão de uma série de poluentes nocivos à saúde,
incluindo o material particulado fino.
Em tempos de pandemia,
reitera José Inácio, vale salientar que as usinas produtoras de álcool do país
se engajaram na luta contra a pandemia do novo coronavírus com a doação de
álcool 70%. Na Paraíba, por exemplo, a Tabu, foi pioneira na doação de álcool a
entidades públicas, seguida depois por mais indústrias locais.
Regulamentada desde 2015
pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), a mistura de 27% de etanol na gasolina
é também altamente benéfica porque o etanol funciona como um antidetonante da
gasolina nessas proporções, ou seja, ele aumenta o seu índice de octanagem,
resistindo a maiores compressões, porque o poder calorífico do etanol é menor.
Outra vantagem que tem o
estímulo ao uso do etanol, segundo José Inácio, é o fato de beneficiar o setor
da cana-de-açúcar e de milho também. O Brasil é o segundo maior produtor global
de etanol logo atrás dos Estados Unidos. Na safra 2019/2020, o volume produzido
atingiu o recorde de 35,58 bilhões de litros. Desse total, 1,62 bilhão de
litros foram produzidos a partir do milho. Este ano, a cana-de-açúcar pode
representar ganhos nas fazendas em cerca de R$ 63,2 bilhões, segundo o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O valor bruto
movimentado pela cadeia sucroenergética supera US$ 100 bilhões, com um PIB de
aproximadamente US$ 40 bilhões (montante equivalente a cerca de 2% do PIB
brasileiro).
“Temos 30 milhões de
veículos com motores à combustão de qualquer combinação de gasolina e etanol.
Nenhum outro país tem uma frota flex fuel como a brasileira e ainda não
utilizamos plenamente esse enorme potencial a nosso favor. É preciso que haja campanhas educativas de
estímulo ao uso do Etanol, mais políticas públicas de incentivo ao setor e,
sobretudo, uma maior conscientização dos brasileiros sobre a diferença que um
maior uso do Etanol pode acarretar em termos econômicos, sociais e ambientais
para nosso país”, finaliza o dirigente da Asplan.
Com informações do site
AgroSaber