Ibope sob suspeita: instituto tem pesquisa
questionada juridicamente na Paraíba
PARAÍBA: 31/08/2010 - A coordenadoria jurídica da coligação Uma Nova Paraíba, aliança do
ex-prefeito Ricardo Coutinho (PSB), entrou com representação eleitoral
na manhã desta segunda-feira levantando suspeitas sobre o Ibope, que
teve números da corrida para o governo do Estado divulgados na última
sexta-feira.
Na representação, a aliança de Ricardo questiona os números e chega
a acusar o instituto de fraude.
Toda a acusação se baseia num documento: pesquisa de consumo
interno feita pelo próprio Ibope apontando vantagem menor do governador
José Maranhão (PMDB) sobre Ricardo Coutinho na disputa pelo governo.
A pesquisa divulgada pela TV Cabo Branco na última sexta, apontando
Maranhão com 53% e Ricardo com 31%, foi realizada entre os dias 24 e 26
de agosto. A Coligação do PSB apresenta na representação pesquisa feita
pelo mesmo Ibope entre os dias 21 e 23 do mesmo mês. Ou seja, concluída
um dia antes do início da pesquisa divulgada sexta.
Os números da primeira pesquisa, no entanto, não podem ser
divulgados porque a consulta não foi registrada. Mas para a Coligação
são suficientes para mostrar que há uma distorção.
Os números divulgados pelo Ibope na sexta estão fora da margem de
erro da pesquisa feita pelo instituto pra consumo interno.
A aliança de Ricardo quer que o Tribunal Regional Eleitoral chame o
Ibope para dar esclarecimentos sobre a existência as divergências das
duas pesquisas ou sobre a existência de dois relatórios para a mesma
pesquisa. E, em sendo confirmada a denúncia, que o Ibope se posicione
publicamente na Paraíba a respeito do caso.
“O Ibope tem um histórico de erros e até agora estávamos pensando
que era um erro. Mas diante da existência de uma pesquisa feita pelo
próprio Instituto resolvem entrar com essa representação para que o
instituto se explique”, declarou o advogado Fábio Andrade, que
protocolou a representação na manhã de hoje, orientado pela coordenação
jurídica da Coligação Por Uma Nova Paraíba.
O blog apurou que a pesquisa Ibope que não foi divulgada e é
material principal da representação foi solicitada por um empresário
paraibano, que pagou por ela e que teria como provar a legitimidade da
consulta.
É preciso registrar que, independentemente de qualquer coisa, o
Ibope tem a obrigação de passar esse assunto a limpo. Primeiro, em
respeito ao seu principal cliente: a TV Cabo Branco, que não pode ser,
sob hipótese alguma, envolvida nesse processo em razão da credibilidade
que conquistou durante décadas de cobertura das eleições.
Depois, em respeito à legislação eleitoral que pune veementemente
pesquisas fraudulentas com intuito de beneficiar candidaturas.
Claro que a aliança de Ricardo Coutinho se sentiu abalada com os
números divulgados sexta e que faria de tudo para descredenciá-la,
exigindo portanto cautela na análise das denúncias divulgadas nesta
sexta.
De toda forma, estamos diante de um caso que merece apuração. Sem
açodamento nem muito menos ingenuidade.