Intuito do governo é
inserir esses imigrantes no mercado e evitar que eles fiquem em condições
degradantes
Os imigrantes venezuelanos
que estão em São Paulo começaram a receber o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e
a Carteira de Trabalho. Nesta semana, o Ministério do Trabalho participou de
uma ação para emitir os documentos aos 161 venezuelanos que estavam em Roraima
e foram transferidos para a capital paulista.
O intuito do governo é
inserir esses imigrantes no mercado e evitar que eles fiquem em condições
degradantes nas cidades brasileiras. O encaminhamento desses venezuelanos para
o mercado de trabalho também ocorre em Boa Vista (RR) e em Cuiabá (MT).
Na última quarta-feira
(17), a Comissão Mista que analisa a Medida Provisória de ajuda aos imigrantes
venezuelanos (MP 820/2018) recebeu a procuradora do Trabalho Cristiane Maria
Lopes, que se mostrou preocupada com o possível aumento de trabalho informal.
“Nós não temos na medida
provisória sequer a palavra trabalho, a palavra emprego. Nós temos uma
definição de proteção social que é muito limitada, e para a OIT e para o
Ministério Público do Trabalho, proteção social, em primeiro lugar, é trabalho,
renda e seguridade social.”
Membros dessa comissão
mista visitarão Roraima na sexta-feira da próxima semana (27) e os deputados e
senadores poderão verificar de perto as condições dos imigrantes que chegaram
no estado.
De acordo com a subchefe
de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Natália de Souza, a situação é
preocupante. Ela conta que, geralmente, a primeira coisa que os estrangeiros
falam quando chegam ao Brasil é que precisam de ajuda.
“O Brasil é um país
receptivo que adere aos acordos humanitários. Na medida da nossa possibilidade,
a gente vai tratar isso como uma assistência humanitária. Mas a frase que a
gente mais ouve deles quando chegam no Brasil é que eles têm fome. Eles são
refugiados econômicos com fome, que querem trabalhar e se inserir aqui no
Brasil.”
É o caso do pedreiro e
eletricista venezuelano Oswaldo José Rodrigues Rojas, de 48 anos. Ele pesava
aproximadamente 98 quilos e, quando chegou ao Brasil, perdeu 22 quilos. Ainda
sem falar português, Rojas foi obrigado a largar tudo na Venezuela e se
emociona ao contar da crise humanitária que seu país natal enfrenta.
"Um país que está
completamente arruinado, saqueado. Há gente comendo animais, comendo cachorros.
Aqui (no Brasil) temos recebido grande parte de ajuda dos brasileiros. Agradeço
muito!"
Militares da Força Aérea
Brasileira (FAB) trabalham nos abrigos para prestar assistência médica e
distribuir alimentos às famílias. As ações de ajuda humanitária foram
reforçadas e, no abrigo de Boa Vista, 4,5 mil refeições diárias estão sendo
oferecidas aos venezuelanos.
Por Cintia Moreira