Fábrica da Fiat em MG quer
aplicar a luz solar como fonte de energia elétrica nos veículos e reduzir o
consumo de combustível
Ao longo dos anos, a
indústria brasileira passa por constantes evoluções, com o intuito de agilizar
as atividades e promover a competitividade entre as empresas. As novas ideias
agregadas ao setor são notadas, principalmente, nas tecnologias modernas, a exemplo
da indústria 4.0.
Também conhecido como a 4ª
Revolução Industrial, o movimento, que já pode ser observado em países
desenvolvidos, se torna cada vez mais presente no Brasil.
Uma das áreas que já tem a
indústria 4.0 inserida nos processos de produção é o setor automobilístico. No
Brasil, a referência é a Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Na fábrica localizada
na cidade de Betim (MG), por exemplo, a empresa adota um avançado mecanismo
tecnológico que coopera para maior produtividade e eficiência na fabricação dos
carros.
Entre os projetos de
inovação elaborados pela Fiat, está uma pesquisa que recebeu o nome de
Girassol. A ideia é aplicar a energia solar como fonte de energia elétrica nos
veículos, reduzindo o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de
gases, em especial o carbono.
O supervisor de Inovação
da FCA e responsável pelo projeto, Toshizaemom Noce, explica que a meta da
pesquisa é fabricar um carro que use dois modelos de geração de energia.
“Se você pega um carro,
liga o som, liga a luz, sobe ou desce o vidro, vira o volante, você está
gastando energia elétrica. Só que essa energia elétrica foi gerada pelo motor
queimando combustível. Então, na verdade, quando você está gastando energia
elétrica, você está gastando combustível. Mas a gente viu que dava para colocar
energia solar no carro. Então a ideia do projeto é colocar duas fontes de
energia, não só do combustível, mas também energia solar.”, exemplificou.
Como normalmente as placas
de energia solar são muito pesadas e poderiam comprometer o desempenho do
carro, a solução que a Fiat encontrou foi usar células fotovoltaicas orgânicas.
O produto é semelhante a um antigo filme fotográfico, e é de fácil aplicação em
qualquer superfície do veículo, inclusive nos vidros.
De acordo com engenheiros
da FCA, as células são impressas em um filme plástico, que pode ser
transparente ou de cores variadas. Atualmente, a pesquisa encontra-se em
andamento e os dados do projeto estão sendo organizados e preparados para
publicação.
Na Fiat Chrysler
Automobiles, a inovação por meio da indústria 4.0 também está interessada em
dar melhores condições de trabalho aos funcionários da empresa. A utilização de
análises de dados, robótica e simulações são procedimentos capazes de facilitar
a execução do trabalho dos operadores.
Um dos itens mais
importantes é o IC.IDO. Trata-se de uma linha de montagem virtual, idêntica a
real. Segundo especialistas da equipe da Fiat, o software foi criado com o
intuito de facilitar a tomada de decisões, com foco na segurança, qualidade e
ergonomia dos processos.
O especialista em
Simulação Virtual, Marcelo Lima, ressalta que essa tecnologia auxilia nas
tomadas de decisões referentes à qualidade do trabalho oferecida ao operador.
“Ali, a gente tira algumas
fotografias de como está o processo e mostramos para o setor de ergonomia. É
ele que me dá a resposta se aquilo é adequado ou não. Com isso, a gente acaba
buscando algumas soluções como o exoesqueleto, se por ventura aquela linha
necessita de uma flexão de membro, inferior ou superior.”, disse.
O exoesqueleto citado por
Marcelo é outro mecanismo utilizado pela Fiat que visa conforto e qualidade
para o trabalhador. O item, segundo a equipe técnica, é tão importante como uma
ferramenta e tem se tornado sinônimo de saúde do operador na linha de produção
- o aparelho reduz o esforço da coluna lombar, ombros e membros inferiores.
O operador Diovane Vieira
conta que sentiu a diferença a partir do momento que passou a usar o
exoesqueleto.
“Eu não preciso mais
curvar para visualizar o pino onde eu faço a fixação da tranca do capô. Hoje,
fazendo a metade da minha atividade sentado, eu consigo visualizar o pino
certinho.”, contou.
A FCA é a primeira empresa
na América Latina a utilizar essa tecnologia. Além disso, a unidade produtiva
dos motores da Fiat Chrysler Automobiles também foi pioneira na utilização do
robô colaborativo. Essas máquinas são instaladas na operação de montagem do kit
corrente do motor do veículo. Segundo a FCA, o robô colaborativo é essencial
para o abastecimento de diferentes peças em um único ponto, o que diminuiu o
trabalho do operador e torna a linha de montagem das peças mais eficiente.
Por Marquezan Araújo