O ex-presidente Lula,
apontado como favorito nas pesquisas eleitorais viu suas chances de disputar a
presidência em outubro diminuírem após o Supremo Tribunal Federal (STF)
rejeitar o recurso da defesa para impedir sua prisão.
Depois de mais de dez
horas de deliberações, o habeas corpus preventivo apresentado por seus
advogados foi negado por 6-5 no STF.
De acordo com muitos
juristas, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT), de 72 anos, poderá ser
detido na próxima semana, depois que sua equipe de defesa esgotar os últimos
recursos.
O dia 10 de abril, uma terça-feira,
é apontado como a data mais provável.
A prisão iminente de quem
lidera as intenções de voto para a eleição presidencial agita o cenário da
votação, apresentada como uma das mais imprevisíveis das últimas décadas.
"A decisão
praticamente põe fim às esperanças de Lula de disputar a eleição presidencial
em outubro", estimou Edward Glossop, analista do escritório britânico
Capital Economics, em nota. E ela "abre totalmente a corrida
presidencial", acrescentou.
O ex-presidente
(2003-2010) foi condenado em janeiro em segunda instância pelo Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF4), de Porto Alegre, a 12 anos e um mês de
prisão pela acusação de ter recebido um apartamento tríplex no Guarujá, litoral
de São Paulo, da empreiteira OAS, envolvida no esquema de propinas montado na
Petrobras.
Lula nega a acusação,
evocando a falta de provas e denunciando um complô para impedi-lo de disputar
um terceiro mandato, oito anos depois de deixar o poder com uma popularidade
recorde.
"O povo brasileiro
tem o direito de votar em Lula, o candidato da esperança. O PT defenderá esta
candidatura nas ruas e em todas as instâncias, até as últimas
consequências", reagiu no Twitter o partido, fundado por Lula nos anos
1980.
"A presunção de
inocência, este direito fundamental que fatalmente voltará a valer para todos,
não valeu hoje para Lula. É um dia triste para a democracia e para o
Brasil", escreveu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, no Twitter.
- "Luta
continua" -
O Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmou no Twitter que "não é apenas
Lula que querem prender, mas sim o sonho de um país mais justo".
"Jamais permitiremos.
A luta continua", acrescenta o post.
O ex-presidente também
recebeu o apoio do presidente venezuelano Nicolas Maduro, que afirmou no
Twitter que "dói a alma pela injustiça. A direita, pela incapacidade de
ganhar democraticamente, escolheu o caminho judicial para amedrontar as forças
populares. Mais cedo ou mais tarde vencerá a Pátria".
Como o Brasil, os 11
ministros do Supremo se mostraram profundamente divididos e o pedido de habeas
corpus de Lula foi rejeitado por seis votos a cinco.
Embora apertado, esse
resultado representa uma vitória para os procuradores da Lava Jato.
Durante o julgamento, o
STF foi isolado do público. Do lado de fora, a Polícia montou um cordão de
isolamento para separar os manifestantes pró e contra Lula ao longo da
Esplanada dos Ministérios, que desemboca na Praça dos Três Poderes.
As tensões que precederam
o julgamento tiveram seu auge na terça-feira, quando o comandante do Exército,
general Eduardo Villas Boas, assegurou em sua conta no Twitter que "o
Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de
repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à
Democracia".
O PSDB, partido derrotado
pelo PT nas últimas quatro eleições presidenciais, divulgou um comunicado, no
qual afirma que "o ex-presidente não está acima da lei, mas ao alcance
dela como todos os brasileiros. Uma decisão em sentido contrário frustraria a
sociedade e ressaltaria o sentimento de retrocesso no combate à
impunidade".
Os mercados, instáveis nos
últimos dias diante da possibilidade de Lula permanecer livre, deveriam mostrar
certo alívio nesta quinta-feira, embora o Capital Economics não preveja
euforia, apontando que os "candidatos favoráveis aos mercados, como o
governador de São Paulo Geraldo Alckmin, têm intenções de voto de apenas um
dígito".
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