quarta-feira, 11 de abril de 2018

Sexta (13/04-14h) Ato Inter-religioso e Multicultural - #30DiasPorMarielleEAnderson


13 de abril, sexta-feira, 14h. Pátio da Basílica Nossa Senhora das Neves

A execução de Marielle, vereadora, anticapitalista, socióloga, mulher, negra, bissexual filha, representante da 'Favela da Maré', e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março passado, foi um duro golpe na frágil democracia brasileira e evidenciou a gritante face da violência na qual estamos mergulhados/as. Integrante da Comissão de Representação de Acompanhamento da Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio, Marielle foi um alvo preciso de toda estrutura patriarcal e prepotência do autoritarismo machista, racista e lesbofóbico construída na mente de grande parte do povo brasileiro.

Lutadora da causa da plena realização dos Direitos Humanos no Brasil, Marielle representava a luta contra todas as formas de discriminação e exclusão de gênero, raça e classe, que a sociedade e o Estado brasileiro produziram e procuram manter. Mulher negra, forte e guerreira, filha da Maré, de família migrante da Paraíba, mãe muito jovem, e com uma longa e pública relação afetiva com sua companheira, formou-se em sociologia e, nesta caminhada, contra as normas dominantes de um individualismo segregacionista de busca de status pessoal, tornou-se ativista política a partir da valorização crítica de suas raízes em diálogo com o mundo pela transformação social.

Contra o machismo de nossa tradição patriarcal, ela recusou-se a se curvar e a se contentar em estar por trás de um 'grande homem' qualquer. Respeitando seu corpo e coerente com seu próprio desejo, recusou a obrigação heteronormativa e se permitiu viver plenamente o amor com sua companheira, na honestidade de uma relação pública. Protagonista de sua própria trajetória de empoderamento, não deixou de estar atenta e solidária com as mulheres de sua comunidade, na luta por creche e por melhores condições de trabalho e de vida na sua comunidade e nas demais de sua cidade.

Contra o racismo estrutural da sociedade brasileira de tradição escravocrata, não só assumiu sua negritude com orgulho, como também denunciou sistematicamente o genocídio da população negra, população esta que vive pressionada pela exclusão social do desemprego e subemprego, da falta de acesso à propriedade e a condições de moradia dignas e à educação e à saúde de qualidade.

Marielle, como uma mulher negra, faz parte dos/as 54 milhões de homens e mulheres negras que vivem no Brasil. Tornou-se vítima do genocídio que tanto denunciou. Marielle viveu e conviveu ao lado de uma população negra, abandonada à própria sorte, mas sob o jugo da lógica perversa da disputa de domínio entre o tráfico e as milícias e sob a ação repressiva da polícia, sem garantia dos direitos humanos e constitucionais básicos, incluindo o direito elementar da integridade física. Perversamente, diante de duas “companhias” tão nefastas se fizeram ausentes as políticas públicas as quais, a longo prazo, têm o potencial de fazer o enfrentamento ao atual quadro de violência. Nesse sentido, Marielle sempre foi firme na defesa da desmilitarização da polícia, no apoio às famílias dos/as mortos/as, policiais ou não, nessa guerra suja em que vivem as populações de nossas periferias de maioria negra, que, ao invés de ser apresentada como vítima do racismo sistêmico e estrutural que nos cerca e molda, é transformada em inimiga de nossa sociedade.

Contra as atuais lógicas fascistas reatualizadas de alimentar o medo com base na crescente insegurança, resultado da exclusão social, para tentar legitimar a força repressiva violenta como solução, Marielle, no sua firme defesa vigilante dos Direitos Humanos das(os) cidadãs(os), pôs o seu mandato de vereança a serviço da democracia, na fiscalização da intervenção militar federal na segurança do Rio de Janeiro. Sua segurança e consistência na denúncia dos abusos de autoridade na repressão popular –vividos hoje em sua cidade, e que tentam vender como solução para todo o país – são motivo do atentado que levou a sua morte.

A execução de Marielle Franco é, por tudo isso, singular e plural. Singular pela convergência representativa nova dessa mulher, negra, bissexual e da favela, que ousou, contra todos os marcadores de exclusão e secundarização, assumir o papel crítico de protagonista de sua vida. E, plural, porque ao se colocar assim no mundo, representou e representa a consciência hoje, mais que nunca, crescente de que a luta pela emancipação humana se dá por meio da intersecção do combate das dominações de Gênero, Raça e Classe.

Venha conosco ser parte dessa Jornada Nacional de Lutas: 13 de abril, Sexta-feira, 14h. Pátio da Basílica Nossa Senhora das Neves.

#PorJustiçaParaMarielle
#PeloFimDoGenocídioDaPopulaçãoNegra
#PeloFimDoFeminicídioEDoMachismo
#PeloFimDaLGBTFobia
#ContraAIntervençãoMilitar
#PeloRestabelecimentoDaDemocracia
#MarielleEAndersonPresentes
#LulaLivre

Partícipe dessa luta, confirme a presença do seu grupo religioso, cultural e/ou político!

Organizadores/as e Presenças Confirmadas: *
Entidades e Movimentos: Movimento Negro (NEABI, Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial); Centro Vanderley Caixe; Movimento de Mulheres (UBM, AMB, Movimento de Mulheres Olga Benário, Fórum de Mulheres em Luta da UFPB, Grupo de Mulheres de Terreiro Iyálodê, Setorial de Mulheres do PT, Setorial de Mulheres do PSOL, Coletiva Mais Mulheres, Coletivo pela Humanização do Parto e Nascimento-PB); Rede de Educação Cidadã-PB; Maria Quitéria; Movimento do Espírito Lilás; Terra Livre; Frente Povo Sem Medo; Frente Brasil Popular; Movimento de Luta nos Bairros; CRESS/PB; SINDLIMP-PB; SINTEF/PB; ADUFPB; ADUEPB; CUT; CTB; UJS; Levante Popular da Juventude; UJR; APES; Cotonetes.

Partidos e Parlamentares: PSOL; PT; PSB; UP; Mandato de Estela Bezerra; Mandato de Sandra Marrocos; Mandato de Anísio Maia; Mandato de Marcos Henrique; Mandato de Frei Anastácio, Mandato do Luiz Couto.

Representações Religiosas: Frente de Evangélicos pelo Estado Democrático de Direitos; Representantes da Igreja Católica; Religiões de Matriz Africana e Indígena; Reverendo da Igreja Betesda; ICM.

Ativistas Culturais: Adeildo Vieira, Baque Mulher, Chico Limeira, Cida Alves, Coco das Manas, Escurinho, Glaucia Lima, Grupo Imburana de Danças Populares Brasileiras, Ian Valentin, Seu Pereira.

* A lista de organizadores/as e presenças confirmadas é aberta, confirme sua presença: https://www.facebook.com/events/167816040697163/

MACHISTAS! RACISTAS! FASCISTAS! HOMOFÓBICOS/AS! NÃO PASSARÃO! MARIELLE, PRESENTE! HOJE E SEMPRE!


Tárcio Teixeira