13 de abril, sexta-feira,
14h. Pátio da Basílica Nossa Senhora das Neves
A execução de Marielle,
vereadora, anticapitalista, socióloga, mulher, negra, bissexual filha,
representante da 'Favela da Maré', e do motorista Anderson Gomes, em 14 de
março passado, foi um duro golpe na frágil democracia brasileira e evidenciou a
gritante face da violência na qual estamos mergulhados/as. Integrante da
Comissão de Representação de Acompanhamento da Intervenção Federal na Segurança
Pública do Rio, Marielle foi um alvo preciso de toda estrutura patriarcal e
prepotência do autoritarismo machista, racista e lesbofóbico construída na
mente de grande parte do povo brasileiro.
Lutadora da causa da plena
realização dos Direitos Humanos no Brasil, Marielle representava a luta contra
todas as formas de discriminação e exclusão de gênero, raça e classe, que a
sociedade e o Estado brasileiro produziram e procuram manter. Mulher negra,
forte e guerreira, filha da Maré, de família migrante da Paraíba, mãe muito
jovem, e com uma longa e pública relação afetiva com sua companheira, formou-se
em sociologia e, nesta caminhada, contra as normas dominantes de um
individualismo segregacionista de busca de status pessoal, tornou-se ativista
política a partir da valorização crítica de suas raízes em diálogo com o mundo
pela transformação social.
Contra o machismo de nossa
tradição patriarcal, ela recusou-se a se curvar e a se contentar em estar por
trás de um 'grande homem' qualquer. Respeitando seu corpo e coerente com seu
próprio desejo, recusou a obrigação heteronormativa e se permitiu viver
plenamente o amor com sua companheira, na honestidade de uma relação pública.
Protagonista de sua própria trajetória de empoderamento, não deixou de estar
atenta e solidária com as mulheres de sua comunidade, na luta por creche e por
melhores condições de trabalho e de vida na sua comunidade e nas demais de sua
cidade.
Contra o racismo
estrutural da sociedade brasileira de tradição escravocrata, não só assumiu sua
negritude com orgulho, como também denunciou sistematicamente o genocídio da
população negra, população esta que vive pressionada pela exclusão social do
desemprego e subemprego, da falta de acesso à propriedade e a condições de
moradia dignas e à educação e à saúde de qualidade.
Marielle, como uma mulher
negra, faz parte dos/as 54 milhões de homens e mulheres negras que vivem no
Brasil. Tornou-se vítima do genocídio que tanto denunciou. Marielle viveu e
conviveu ao lado de uma população negra, abandonada à própria sorte, mas sob o
jugo da lógica perversa da disputa de domínio entre o tráfico e as milícias e
sob a ação repressiva da polícia, sem garantia dos direitos humanos e
constitucionais básicos, incluindo o direito elementar da integridade física.
Perversamente, diante de duas “companhias” tão nefastas se fizeram ausentes as
políticas públicas as quais, a longo prazo, têm o potencial de fazer o
enfrentamento ao atual quadro de violência. Nesse sentido, Marielle sempre foi
firme na defesa da desmilitarização da polícia, no apoio às famílias dos/as
mortos/as, policiais ou não, nessa guerra suja em que vivem as populações de
nossas periferias de maioria negra, que, ao invés de ser apresentada como
vítima do racismo sistêmico e estrutural que nos cerca e molda, é transformada
em inimiga de nossa sociedade.
Contra as atuais lógicas
fascistas reatualizadas de alimentar o medo com base na crescente insegurança,
resultado da exclusão social, para tentar legitimar a força repressiva violenta
como solução, Marielle, no sua firme defesa vigilante dos Direitos Humanos
das(os) cidadãs(os), pôs o seu mandato de vereança a serviço da democracia, na
fiscalização da intervenção militar federal na segurança do Rio de Janeiro. Sua
segurança e consistência na denúncia dos abusos de autoridade na repressão
popular –vividos hoje em sua cidade, e que tentam vender como solução para todo
o país – são motivo do atentado que levou a sua morte.
A execução de Marielle
Franco é, por tudo isso, singular e plural. Singular pela convergência
representativa nova dessa mulher, negra, bissexual e da favela, que ousou,
contra todos os marcadores de exclusão e secundarização, assumir o papel
crítico de protagonista de sua vida. E, plural, porque ao se colocar assim no
mundo, representou e representa a consciência hoje, mais que nunca, crescente
de que a luta pela emancipação humana se dá por meio da intersecção do combate
das dominações de Gênero, Raça e Classe.
Venha conosco ser parte
dessa Jornada Nacional de Lutas: 13 de abril, Sexta-feira, 14h. Pátio da
Basílica Nossa Senhora das Neves.
#PorJustiçaParaMarielle
#PeloFimDoGenocídioDaPopulaçãoNegra
#PeloFimDoFeminicídioEDoMachismo
#PeloFimDaLGBTFobia
#ContraAIntervençãoMilitar
#PeloRestabelecimentoDaDemocracia
#MarielleEAndersonPresentes
#LulaLivre
Partícipe dessa luta,
confirme a presença do seu grupo religioso, cultural e/ou político!
Organizadores/as e
Presenças Confirmadas: *
Entidades e Movimentos:
Movimento Negro (NEABI, Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial);
Centro Vanderley Caixe; Movimento de Mulheres (UBM, AMB, Movimento de Mulheres
Olga Benário, Fórum de Mulheres em Luta da UFPB, Grupo de Mulheres de Terreiro
Iyálodê, Setorial de Mulheres do PT, Setorial de Mulheres do PSOL, Coletiva
Mais Mulheres, Coletivo pela Humanização do Parto e Nascimento-PB); Rede de
Educação Cidadã-PB; Maria Quitéria; Movimento do Espírito Lilás; Terra Livre;
Frente Povo Sem Medo; Frente Brasil Popular; Movimento de Luta nos Bairros;
CRESS/PB; SINDLIMP-PB; SINTEF/PB; ADUFPB; ADUEPB; CUT; CTB; UJS; Levante
Popular da Juventude; UJR; APES; Cotonetes.
Partidos e Parlamentares:
PSOL; PT; PSB; UP; Mandato de Estela Bezerra; Mandato de Sandra Marrocos;
Mandato de Anísio Maia; Mandato de Marcos Henrique; Mandato de Frei Anastácio,
Mandato do Luiz Couto.
Representações Religiosas:
Frente de Evangélicos pelo Estado Democrático de Direitos; Representantes da
Igreja Católica; Religiões de Matriz Africana e Indígena; Reverendo da Igreja
Betesda; ICM.
Ativistas Culturais:
Adeildo Vieira, Baque Mulher, Chico Limeira, Cida Alves, Coco das Manas,
Escurinho, Glaucia Lima, Grupo Imburana de Danças Populares Brasileiras, Ian
Valentin, Seu Pereira.
* A lista de
organizadores/as e presenças confirmadas é aberta, confirme sua presença:
https://www.facebook.com/events/167816040697163/
MACHISTAS! RACISTAS!
FASCISTAS! HOMOFÓBICOS/AS! NÃO PASSARÃO! MARIELLE, PRESENTE! HOJE E SEMPRE!
Tárcio Teixeira