quinta-feira, 12 de abril de 2018

Quem consome mais água deveria também pagar a mais por ela, sugere Cristovam Buarque


Consumo de água no DF é seis vezes maior nas regiões ricas como Lago Sul

A Lei que estabelece as diretrizes para o saneamento básico no país foi publicada em 2007. A norma prevê que os gestores dos recursos hídricos adotem medidas que assegurem o abastecimento de água à toda população e para determinar os deveres dos consumidores como forma de proteger o recurso.

No Distrito Federal, o consumo de água nas regiões de maior poder aquisitivo é até seis vezes maior do que os gastos nas localidades consideradas mais pobres. No Lago Sul, o consumo médio de água por pessoa é de 366 litros, por dia.

O gasto é quase sete vezes maior se comparado com o consumo dos moradores do Itapoã, com média de 54 litros de água por pessoa ao dia, por exemplo. Os dados são da Companhia de Água e Esgoto de Brasília, a CAESB.

O senador Cristovam Buarque, do PPS brasiliense, é a favor do pagamento proporcional ao consumo de água, ou seja, quem consome mais deveria pagar mais pela água. Para ele, o método poderia ajudar a garantir o abastecimento de todos.

“Nós temos que garantir o direito de cada casa ter água. Mas nós temos que exigir a responsabilidade de cada pessoa usar a água com parcimônia, com austeridade. E quem gasta muito tem que pagar muito. Para ter responsabilidade é preciso ter consciência. Para ter consciência é preciso ter clareza do custo”.

O consumo médio de água por pessoa recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 110 litros por dia. No DF, o uso médio do recurso caiu de 153 litros por pessoa ao dia, em 2015, para 129 litros, em 2017.

Mesmo assim, o consumo médio de água no Distrito Federal por pessoa ainda está 19 litros/dia acima do recomendado pela OMS.

O especialista em Hidrosedimentologia da UnB, Henrique Leite Chaves, lembra que a responsabilidade de cuidar dos recursos hídricos não pode ser apenas dos governos. Para ele, a população precisa saber dos riscos que o desperdício de água pode gerar para também buscar zelar e não sofrer com a falta do recurso.

“O manejo dos recursos hídricos no Brasil, a despeito da nossa legislação hídrica ser bastante avançada, ainda merece muita atenção de todos, dos gestores e da população em geral. Porque não adianta, apenas, governos ou setores técnicos estarem buscando avançar com essa agenda, mas toda a sociedade deve estar participando também porque ela, em última análise, é que pode sofrer as consequências de uma má gestão da água”.

Além do Lago Sul, as asas Norte e Sul, Lago Norte e Águas Claras estão entre as regiões que mais consomem água no DF. Fercal, Varjão e Recanto das Emas são as localidades com menor consumo por pessoa.

Riacho Fundo dois e Paranoá foram as únicas cidades do Distrito Federal que registram aumento de consumo de água entre os anos de 2016 e 2017, de acordo com a CAESB.


De Brasília, Cristiano Carlos