Consumo de água no DF é
seis vezes maior nas regiões ricas como Lago Sul
A Lei que estabelece as
diretrizes para o saneamento básico no país foi publicada em 2007. A norma
prevê que os gestores dos recursos hídricos adotem medidas que assegurem o
abastecimento de água à toda população e para determinar os deveres dos
consumidores como forma de proteger o recurso.
No Distrito Federal, o
consumo de água nas regiões de maior poder aquisitivo é até seis vezes maior do
que os gastos nas localidades consideradas mais pobres. No Lago Sul, o consumo
médio de água por pessoa é de 366 litros, por dia.
O gasto é quase sete vezes
maior se comparado com o consumo dos moradores do Itapoã, com média de 54
litros de água por pessoa ao dia, por exemplo. Os dados são da Companhia de
Água e Esgoto de Brasília, a CAESB.
O senador Cristovam
Buarque, do PPS brasiliense, é a favor do pagamento proporcional ao consumo de
água, ou seja, quem consome mais deveria pagar mais pela água. Para ele, o
método poderia ajudar a garantir o abastecimento de todos.
“Nós temos que garantir o
direito de cada casa ter água. Mas nós temos que exigir a responsabilidade de
cada pessoa usar a água com parcimônia, com austeridade. E quem gasta muito tem
que pagar muito. Para ter responsabilidade é preciso ter consciência. Para ter
consciência é preciso ter clareza do custo”.
O consumo médio de água
por pessoa recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 110 litros por
dia. No DF, o uso médio do recurso caiu de 153 litros por pessoa ao dia, em
2015, para 129 litros, em 2017.
Mesmo assim, o consumo
médio de água no Distrito Federal por pessoa ainda está 19 litros/dia acima do
recomendado pela OMS.
O especialista em
Hidrosedimentologia da UnB, Henrique Leite Chaves, lembra que a
responsabilidade de cuidar dos recursos hídricos não pode ser apenas dos
governos. Para ele, a população precisa saber dos riscos que o desperdício de
água pode gerar para também buscar zelar e não sofrer com a falta do recurso.
“O manejo dos recursos
hídricos no Brasil, a despeito da nossa legislação hídrica ser bastante
avançada, ainda merece muita atenção de todos, dos gestores e da população em
geral. Porque não adianta, apenas, governos ou setores técnicos estarem
buscando avançar com essa agenda, mas toda a sociedade deve estar participando
também porque ela, em última análise, é que pode sofrer as consequências de uma
má gestão da água”.
Além do Lago Sul, as asas
Norte e Sul, Lago Norte e Águas Claras estão entre as regiões que mais consomem
água no DF. Fercal, Varjão e Recanto das Emas são as localidades com menor
consumo por pessoa.
Riacho Fundo dois e
Paranoá foram as únicas cidades do Distrito Federal que registram aumento de
consumo de água entre os anos de 2016 e 2017, de acordo com a CAESB.
De Brasília, Cristiano
Carlos