quinta-feira, 16 de junho de 2016

Público lota auditório do Sebrae para seminário sobre arboviroses


A cidade de Patos recebeu nesta quarta-feira (15) representantes da educação, saúde, infraestrutura da região de Patos e do Seridó Paraibano, que lotaram o auditório do Sebrae no Rodoshopping, para um evento de suma importância, no qual foram discutidos diversos temas ligados às causas das doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti.
“Determinação social das arboviroses provocadas pelo Aedes Aegypit e suas consequências”. Este foi o título do seminário realizado pela UEPB, através de seu projeto Univer-Cidade, em parceria com o Governo do Estado, por meio da 6ª Regional de Saúde; Fiocruz; IFPB; UFPB e UFCG. Houve conferências, mesas-redondas, troca de experiências e no final do encontro apresentações de propostas e encaminhamentos.

O primeiro tema abordado no seminário foi: Determinação Social das Arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya, tendo como palestrantes André Monteiro da Fiocruz, que versou sobre Leitura Crítica da Realidade; Leonardo Tinoco (Insa – Instituto nacional do Semiárido) – Pesquisa e Intervenção e Cidoval Morais (UEPB) que discorreu sobre educação e saúde, uma mesa coordenada por Liliane Sena, gerente da 6ª Regional de Saúde.

No período da tarde houve uma segunda mesa, coordenada pelo apoio da 6ª Gerência de Saúde, Eugênio Oliveira. A palestra ficou sob responsabilidade de Isabel Sarmento, gerente do núcleo de Epidemiologia da SES-PB, que tratou da Experiência Paraibana no Enfrentamento das Arboviroses.

André Monteiro, pesquisador do departamento de saúde coletiva da Fiocruz, destacou a importância da discussão em torno de políticas sociais, públicas, organização das cidades, dos serviços públicos, que contribuem para determinar a existência das arboviroses (doenças causadas por mosquitos). “A gente sabe que as doenças transmitidas por mosquitos são relacionadas a saneamento inadequado e às condições de habitação”, enfatiza Monteiro.

Ele citou a problemática da seca no semiárido nordestino, ciclos que devem ser mais frequentes e mais intensos e que todos devem se preparar, se ter estratégias de abastecimento de água e como essa água é armazenada. Diz que essa questão deve ser pensada do ponto de vista das políticas públicas e não ficar apenas responsabilizando a população por esse problema.

Sobre o cenário das pesquisas, mais especificamente em torno da Zika Vírus, afirma que não são conclusivos, mas os dados, ainda preliminares, apontam nos casos de microcefalia estão em populações que moram em áreas com urbanização, condições de habitação precárias, serviços de abastecimento também precários.
Veneno

André afirma que busca-se no mosquito a culpa para a proliferação das doenças arboviroses, quando a real causa são as precárias condições históricas em que o povo vive, ausência de políticas públicas eficazes, de melhores condições de saneamento, abastecimento, habitação. Para a Fiocruz o controle do mosquito por veneno é ineficaz. “Desde 1990 até 2015 houve aumento progressivo da taxa de incidência de dengue. Como a gente tem aumento no número de pessoas que tem dengue e o controle é o mesmo, o químico, que é caríssimo e ineficaz. União, estados, municípios gastam muito dinheiro com veneno e o problema só faz aumentar”, explica.

O malathion, inseticida usado no fumacê, com suas substâncias agrotóxicas, é considerado pela OMS como provável cancerígeno para humanos, ou seja, há um potencial das pessoas adquirirem câncer. Porém, segundo o representante da Fiocruz, há uma contradição da OMS, pois recomenda o uso do malathion no combate de vetores.  Diz ser preciso conhecer os interesses que existem por trás da venda dos inseticidas.

Para o combate do Aedes o representante da Fiocruz afirma que é preciso ações de curto, médio e longo prazo. As de longo prazo seriam a de redefinição e integração das políticas públicas, articulações de políticas urbanas, de habitação, saneamento, de saúde sobretudo. De maneira mais imediata, em nível de município, orienta maior envolvimento dos ACS, atenção básica, agentes de endemias, que os gestores articulem todas as secretarias para juntas colocar em prática ações que evitem a presença do mosquito.

A gerente da 6ª Regional de Saúde, Liliane Sena, elogiou a iniciativa da UEPB, de reunir importantes parceiros para disseminar junto aos municípios um novo olhar de enfrentamento ao Aedes, uma luta que vai muito além do simples ato da população em acabar com os focos do mosquito, mas sim de fortalecer políticas que melhorem as condições de vida da população, especialmente a periférica, que sofre mais com os problemas de moradia, saneamento básico.

Marcos Eugênio (6ª GRS)