A adoção de uma nova
política de desenvolvimento econômico específica para produtores rurais do
Nordeste poderá resolver problemas crônicos da região e permitir um crescimento
contínuo e sustentável, com distribuição de renda. Esse entendimento do Presidente
da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, foi
elogiado pelo presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba
(Asplan), Murilo Paraíso.
“Já reivindicamos esse
tratamento diferenciado há muito tempo, principalmente, pelas diferenças
regionais desfavoráveis, sendo o clima, a topografia, o grau de mecanização e o
endividamento, as mais significativas”, argumenta Murilo. Ele lembra que a
incapacidade financeira dos pequenos e médios produtores rurais de quitarem os
financiamentos contratados junto aos bancos, em muitos casos, está
inviabilizando a atividade de produção rural.
O presidente da CNA, João
Martis, reforça essa argumentação do dirigente da Asplan. “É preciso um modelo
econômico específico para a região, tendo em vista que medidas pontuais como a
renegociação da dívida dos produtores, ação necessária e urgente para atender
os agricultores, não resolvem mais o problema”, destaca Martins.
A questão do endividamento
dos produtores nordestinos junto aos bancos, especialmente no caso do Banco do
Brasil e do Nordeste, foi discutida nesta semana durante encontro do presidente
da CNA com o deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB). João Martins informou
ao parlamentar paraibano que a CNA está elaborando um documento contendo
proposta, a ser encaminhada ao Governo Federal, com subsídios para solucionar,
em definitivo, questões essenciais que se arrastam há décadas e impedem o
crescimento sustentado da economia regional.
O presidente da Asplan
lembra ainda que é preciso um esforço conjunto de toda a classe política
nordestina, especialmente dos deputados federais e senadores, no sentido de
proporem e aprovarem leis com esse tratamento diferenciado em relação ao produtor nordestino. “Além da bancada
nordestina no Congresso Nacional propor novos caminhos, é preciso chamar
atenção dos demais parlamentares do país para a importância da busca de uma solução
definitiva para o problema do endividamento dos produtores rurais do Nordeste que
se arrasta há décadas e nunca foi resolvido”, desabafa Murilo.
Um resumo dos estudos que
estão sendo feitos pela CNA mostra o nível de comprometimento dos pequenos
produtores rurais da região junto aos bancos. Segundo dados da Confederação, em
2008, existiam 35 mil produtores inscritos na dívida ativa, correspondendo a R$
8 bilhões. Em 2015, o número de agricultores subiu para 150 mil e o volume da
dívida atingiu R$ 15 bilhões, levando-se em conta dados consolidados da
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). A maior parte dos devedores é
pequeno produtor rural, com dívidas de até R$ 50 mil.
Assessoria da CNA