sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Diretor de presídio de CG responde por tentativa de homicídio

Após a publicação de uma matéria denunciando que dois dos novos integrantes da direção da Penitenciária Padrão da Cajazeiras respondem a processos penais, a nossa reportagem recebeu, nesta sexta-feira (25), de uma fonte ligada à Administração Penitenciária, um relatório informando que outros integrantes da atual cúpula da secretaria também estão sendo processados. 

Nossa equipe verificou os dados e confirmou a existência de várias ações.

Diretores de presídios, ex-diretores, o secretário de Administração Penitenciária, José Alves Formiga e o secretário executivo da pasta, Sargento Denis, também têm processos penais tramitando na Justiça. As acusações vão de crime contra o patrimônio, passando por maus tratos e até tentativa de homicídio.

O processo mais grave é contra o diretor da Penitenciária Máxima de Campina Grande, Marcone Cordeiro Rocha, que é acusado de tentativa de homicídio no Segundo Tribunal do Júri de João Pessoa. A ação é de 2007 e além do diretor, a ação envolve mais três réus. Os autos, inclusive, foram conclusos e enviados para o juiz no último dia 22 de fevereiro.

O mesmo Marcone foi condenado, na Terceira Vara Criminal de Campina Grande, em uma ação de crime contra o patrimônio. O processo foi concluído em 2007 e desde então aguarda-se que ele cumpra pena. Ele ainda é acusado de crime contra a Administração Pública, em um processo de 2006 que corre em segredo de justiça na Segunda Vara Distrital de Mangabeira.

A fonte que enviou o relatório também acusa Marcone de ter envolvimento com crimes de 'pistolagem' e também de facilitar a entrada de drogas no presídio de Campina.

Um outro nome que responde a processo é o diretor do Presídio de Segurança Máxima PB1, em João Pessoa. João Carlos Alves de Albuquerque é acusado de maus tratos contra apenados do Sílvio Porto. Na época ele era diretor da unidade, que fica localizada no bairro de Mangabeira na capital.

O processo de João Carlos é de 2006 e também tem como réu o ex-diretor do Presídio do Serrotão, Ednaldo Oliveira Correia, que foi exonerado do cargo na última quarta-feira (23), após fuga de seis detentos da penitenciária. No período dos supostos maus tratos Ednaldo era chefe de disciplina do Sílvio Porto. Curiosamente os autos da ação também foram concluídos na quarta.

Vale destacar ainda que Ednaldo Oliveira também é presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária e Servidores do Estado da Paraíba.

O secretário de Administração Penitenciária, José Alves Formiga, é acusado de crime contra o patrimônio em uma ação referente a 2008. Procurado pela reportagem para explicar o processo, ele foi bastante evasivo e se justificou dizendo que se tratava de uma “acusação equivocada”.

Sobre as acusações contra os diretores, Formiga disse que desconhecia os processos, mas disse que ia averiguar todos os casos. Entretanto, ele ressaltou que não se pode culpar ninguém por antecedência. Enfatizando que a existência dos processos não quer dizer que os dirigentes são culpados. “Vamos verificar caso a caso”, completou.

Com relação à possibilidade dos citados diretores perderem os cargos, Formiga disse que isso “vai depender da gravidade dos processos”. Declaração esta que difere da que o mesmo secretário havia dado ontem ao comentar a questão dos nomeados de Cajazeiras. Na ocasião, ele disse que se fosse verificada a existência das ações, os processados não podiam continuar no Governo.

Já o secretário executivo Sargento Denis explicou as ações de crime contra a administração pública que ele enfrenta na Justiça. Segundo ele, todas foram motivadas por greves que ele liderou como líder sindical da Polícia Militar. “O que eu mais me orgulho na minha carreira são as minhas 'cadeias' e os meus processos”, disse.

Nomeado pela antiga gestão 

A secretaria de Comunicação do Governo do Estado também foi procurada para comentar os processos contra os diretores das penitenciárias. Em resposta, foi argumentado que enquanto as ações não forem concluídas, eles não podem ser considerados culpados.

Entretanto, foi dada uma explicação diferenciada sobre o caso de Marcone Cordeiro Rocha, diretor da Penitenciária Máxima de Campina Grande, acusado de tentativa de homicídio. Segundo a Secom, ele é remanescente do governo anterior e ainda não teria sido analisado pelo atual governo. Foi acrescentado ainda que existem outros na mesma situação.

A Secom destacou ainda que a escolha para cargos de direção de penitenciárias é um processo bastante delicado e que leva tempo. Pois, não é fácil escolher pessoas com os perfis compatíveis com os cargos. PB1