OPINIÃO: 09/09/2009 - A Bíblia diz que a fé remove montanhas, mas hoje não se pode duvidar de que a FÉ também remove o COMÉRCIO. Não é mais esporádico ouvir pela mídia, do crescimento vertiginoso do sistema religioso em todas as suas ramificações. E já há quem diga que uma Igreja se tornou muito mais lucrativa do que mesmo um comércio. Não é por nada que a palavra de Deus, a Bíblia, diz que nos últimos dias os homens, por amor ao dinheiro, fariam das pessoas objeto de negócios com discursos fingidos. 2 Pedro 2: 3 Vivemos hoje no cumprimento intenso desta profecia.
O Jornal da Rede Globo tem denunciado uma ação criminal contra integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus, sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e de comprarem, com o dinheiro que é arrecadado dos fiéis, emissoras de TV e rádio, financeiras e jatinhos e agências de turismo. Diante da enxurrada de denúncias de desvio de dinheiro de fiéis, em diversas religiões, oportunamente as autoridades não poderiam fazer uma investigação cabal no sistema religioso denominacional como um todo?
Os líderes religiosos usam a Bíblia para convencer as pessoas a darem ofertas e dízimos, e eu diria não ser errado contribuirmos, haja vista, que o relato de Atos capítulo 4: 34, 35, exemplifica como o dinheiro era usado na congregação cristã. Observem: “Não havia entre eles necessitado algum, pois todos os que tinham terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o entregavam aos apóstolos.
E cada “pessoa recebia uma parte, de acordo com a sua necessidade”. Surgem perguntas: Será que as religiões aplicam, de fato, o preceito bíblico descrito? O dinheiro que é arrecadado dos fiéis está sendo usado em obras assistenciais que proporcionem mais dignidade aos necessitados e desprovidos sociais? Pelo contrário, o que vemos na maioria das igrejas é o desvio das contribuições para obras economicistas, sem contar o enriquecimento de alguns líderes, isto sim.
Vejamos a abordagem de certas igrejas quando pedem suas infindáveis contribuições aos seus seguidores. O programa Vitória em Cristo, apresentado na Rede Bandeirantes de Televisão pede uma oferta a partir de R$ 1.000,00 reais para quem desejar se tornar parceiro ministerial. Também, uma Bíblia de Estudo, intitulada - Batalha Espiritual E Vitória Financeira é presenteada a quem der R$ 900,00 reais, entre outros apetrechos. Outras religiões como a Igreja da Graça, a Pentecostal Deus é Amor, a Renascer em Cristo, e a própria Igreja Universal continuam, com promessas de curas, tipo: curas de asma; de cáries de dentes, de catarata, de reumatismo, de dores (na barriga e outros pequenos males) sem contar, com a prosperidade financeira do emprego de carteira assinada e a possibilidade de tornar-se empresário. A Igreja Canaã, proveniente da Assembléia de Deus, cresceu a ponto de construir um mega-templo em Fortaleza, numa área de 40.000 mil metros quadrados, que é o maior do Norte e Nordeste. Quando a Igreja Católica percebeu que as igrejas evangélicas estavam em fase de crescimento entrou no mesmíssimo barco. É aqui que dá dinheiro, pensaram eles!! E agora os movimentos carismáticos estão de vento em poupa, apresentando o que há de melhor: seus padres, Pop Stars.
Nos shows têm muita dança e gritos, muitos murmúrios de ALELUIA e muitos CDs VENDIDOS. Um êxtase total!! O faturamento deve estar na Estratosfera, ou seja, bem pertinho do céu. Neste campo, não é por menos que os cantores gospel surjam como formigas em todas as religiões. Já na Igreja Testemunhas de Jeová, as revistas, Sentinela e Despertai, oferecidas ao público e às testemunhas, “sem custo”, é a mola mestra para a ampliação de seus parques gráficos, os mais modernos do mundo, e dar ímpeto as construções de salões requintados num prazo de 30 dias. Quando os anciãos (os pastores como são chamados) incentivam seus irmãos a aumentarem suas contribuições pronunciam “donativos voluntários”, (embora possuam este nome não têm nada de voluntários, pois, existe uma “certa pressão” por parte dos pastores para que os adeptos contribuam). Mas existe outro tipo de “donativo” – em caráter de testamento, como mostra a Revista A Sentinela de 1º de Dezembro de 1993: “Bens móveis e imóveis, contas correntes bancárias e de poupança, ou dinheiro, podem ser legados à STV – Sociedade Torre de Vigia, por meio de um testamento devidamente registrado em cartório. Uma cópia dele deve ser enviada à Sociedade.”
Já há quem diga que, se acabar o dinheiro dentro das igrejas não ficaria uma alma vivente para fechar as suas portas. Um caso real: uma testemunha de Jeová foi levada às pressas ao hospital. Este, por ser portador de hérnia e ter passado por diversas cirurgias, os médicos rejeitavam operá-lo. Outro médico, professor cirurgião, ao vê-lo, se compadeceu e propôs fazer o procedimento cirúrgico pela metade do preço legal a fim de salvar a sua vida. Um de seus irmãos pagou ao médico a referida quantia, tendo em vista a promessa dos anciãos de haver restituição do valor. No entanto, a dívida ainda não foi quitada e o irmão arcou sozinho com o prejuízo.
O discípulo Tiago não disse que a religião verdadeira seria aquela que presta assistência aos pobres e aos necessitados? Os governos concederam isenção fiscal as religiões a fim de que usem o dinheiro que arrecadam em prol dos menos favorecidos, porém, infelizmente, não é isso o que se vê. Perante tanto descaso com a vida, não seria justificável que as autoridades institucionalizem o “imposto da fé” para todas as religiões? Na hora dos dízimos e ofertas, não é apregoado que se deve dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus? Então, chegou a hora de César receber a parte que lhe é devida. Cristo, não é visto a olho nu, no entanto, não se pode discordar de que ele não esteja em espírito, investigando tudo o que acontece na terra, principalmente, a mercantilização que os líderes religiosos estão fazendo com a sua palavra. Não fiquem admirados, se ele não repetir a mesma operação quando expulsou os mercadores do templo de Jerusalém! Os pastores que se apascentam a si mesmos, e comem a gordura das ovelhas, o Soberano Deus e Excelso Criador mandam-lhes um recado direto: “Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas... A perdida buscará, a dispersa tornarei a trazer, a enferma fortalecerei, a quebrada ligarei, mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com julgamento justo”. Quem seriam as ovelhas gordas e as fortes? Que os leitores reflitam sobre este relato (no capítulo 34 do livro de Ezequiel em sua íntegra) Quando Cristo voltar, não ficará impressionado com os empreendimentos religiosos, mas, fará uma pronunciação pública de aprovação aos que assistiram aos seus co-seguidores-irmãos: “Tive fome e me deste de comer, sede e me deste de beber, era hóspede e me acolheste, nu e me vestiste, enfermo e visitaste-me...” Os justos irão perguntar quando foi que viram Jesus nas referidas condições. E então, Cristo lhes dirá que, toda a assistência prestada em prol dos menos favorecidos foi como estivessem feito a ele. Mateus 25: 31 – 46. O fetiche da religião é tão contagiante, que muitos perdem a fé quando estão fora de seus
“pátios teocráticos”. Mas, não se deve esquecer-se do que Cristo disse: “Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estarei presente no meio deles”. Provavelmente, o próximo artigo fará a pergunta: Como exercer fé sem os limites da religião?
Sebastião Ramos - Funcionário público federal – E-mail: sebastianramos7@gmail.com