sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Oito anos após 11/9, EUA não têm plano antiterror

MUNDO: 11/09/2009 - Imagem: Arquivo - Os EUA lembram hoje o oitavo aniversário do 11 de Setembro e, pela primeira vez desde a queda das torres gêmeas, o país não está sob o signo da "guerra contra o terror", criado no governo George W. Bush. Mesmo assim, a nação ainda não tem uma nova estratégia clara de combate ao terrorismo.
O presidente Barack Obama está ocupado desfazendo grande parte da guerra global contra o terror de Bush: proibiu "técnicas avançadas de interrogatórios" de suspeitos de terrorismo, prometeu fechar a prisão de Guantánamo até o fim do ano e iniciou a retirada do Iraque. Mas a principal frente de combate ao terror de Obama, a guerra no Afeganistão, entrou em seu oitavo ano com um número recorde de baixas e questionamentos sobre a utilidade de manter tropas no país.

O comandante americano no Afeganistão, o general Stanley McChrystal, deve pedir no fim do mês o envio de mais soldados. No início do ano, Obama já havia aprovado um adicional de 21 mil homens, aumentando o número de tropas para 68 mil. Muitos especialistas não acreditam que uma escalada seja a solução. "À medida que eles enviam mais tropas, o Taleban se torna mais ativo", diz Paul Rogers, do Centro de Estudos da Paz, da Bradford University . "Acho que o envio de mais soldados piorará as coisas."

Uma ala defende que o uso de mais aeronaves não-tripuladas para ataques contra comandantes da Al-Qaeda no Afeganistão e Paquistão, missões com comandos especiais e da CIA, seriam alternativas mais construtivas do que tentar "reconstruir a nação" com mais soldados.

Conservadores pragmáticos e liberais estão cada vez mais céticos. Até o colunista George Will, ícone conservador, diz que os EUA devem retirar suas tropas "agora" e manter apenas operações à distância, como ataques de aviões não-tripulados. Essa tese, porém, tampouco convence Rogers. "A guerra precisa ser repensada de forma muito mais fundamental para que não se estenda por mais dez anos. Não se trata de enviar mais soldados ou aeronaves não-tripuladas. É preciso combater os motivos para o aparecimento de insurgentes."

Para John Sloboda, do Oxford Research Group, para se atingir uma "segurança sustentável" - nova palavra da moda entre os formuladores de políticas - não basta "tampar as fontes de insurgência". "Isso não funciona, principalmente em uma guerra assimétrica." Segundo ele, é preciso combinar diplomacia e desenvolvimento para evitar o surgimento de insurgentes entre a população economicamente marginalizada.

Obama faz hoje um discurso para parentes de vítimas do ataque de 11 de Setembro no memorial construído no Pentágono. Ele fez da data o "dia nacional de serviço e lembrança" e pediu aos americanos que se envolvam em projetos comunitários. O programa inclui cozinhar refeições para os pobres, plantar jardins, ajudar a consertar casas de famílias de baixa renda e preparar pacotes de material escolar para crianças carentes.

Obama não dá sinais de que vai abandonar a missão no Afeganistão, agora que enviou mais soldados. No entanto, a popularidade da guerra cai dia após dia.

Na semana passada, o presidente recebeu uma carta de apoio ao envio de tropas ao Afeganistão assinada por neoconservadores, muitos egressos do governo Bush. Eles dizem ser necessário manter um número suficiente de tropas para que o Afeganistão deixe de ser um santuário de terroristas. Mas, na visão de muitos democratas, se a maior fonte de apoio à estratégia de Obama são os neoconservadores de Bush, a situação está realmente difícil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.