
"Em 57 anos de vida nunca havia passado por tão constrangedora experiência", avaliou Marinho depois de refeito do susto. Ele disse que foi humilhado pelo PMs e acredita que só não levou um tiro na cabeça porque teve suficiente equilibro para conduzir a situação a um desfecho feliz.
Marcos Marinho retornava de uma reunião política no centro da Capital e se dirigia a Jacumã para um encontro com pescadores que apóiam a sua candidatura. Ele relata que passou pelo Posto da Manzuá no Valentina Figueiredo calmamente sem que ninguém o abordasse e depois de trafegar por cerca de um quilômetro percebeu uma sirene tocando e viu que havia uma viatura próxima ao seu carro. "Diminuí a velocidade, puxei o carro para mais perto do acostamento permitindo a ultrapassagem, mas a viatura também diminuiu o seu ritmo. Segui caminho e logo adiante percebi que uma outra viatura me seguia e ambas davam sinais de luz. Outra vez diminui a velocidade e elas também faziam o mesmo. Então, não tive melhor alternativa que seguir viagem e procurar um local seguro para parar, considerando o perigo daquela estrada, que nem sinalização noturna tem mais", contou o jornalista.
Marinho disse que somente veio a se dar conta de que estava sendo ele o seguido porque os policias deram dois tiros já na reta de acesso a Jacumã, quando mais duas outras viaturas integraram o comboio policial. "Foi aí que me dei conta do perigo e acelerei o carro no que pude até entrar na área urbana de Jacumã. Já com os vidros baixos pude ouvir os insistentes gritos dos policiais pelo megafone para que encostasse o carro e dele saísse com as mãos para o alto".
Ainda segundo o jornalista, ele foi obrigado a botar as mãos sobre o capô do seu veículo, depois instruído a abrir todas as portas. "Das viaturas saíram pelo menos 10 nervosos policiais e todos com as armas mirando a minha cabeça. Senti que era ali o fim da minha vida, mas ainda tive forças para dizer a eles quem eu era - Marcos Marinho, jornalista da Correio".
Mesmo tendo se identificado, os policiais ainda não lhe deram o devido crédito e ainda de armas empunhadas mandaram-no abrir o porta-malas do veículo. Um policial jovem, que Marinho acredita tenha sido o comandante da frustrada operação, de dedo em riste o chamou de "irresponsável" e "louco" por não ter atendido à ordem de parar o carro no meio do mato. "Visivelmente irritado e nervoso o militar foi mais longe e garantiu que por muito pouco não me matou". Segundo Marinho, o policial disse que estava com a adrenalina a "mais de mil" porque fora obrigado a lhe perseguir por tantos quilômetros em vão.
Marinho quis mostrar seus documentos pessoais aos militares, mas eles não quiseram. "Estranhei o comportamento deles e indaguei do que me parecia o mais lúcido dentre todos – um sargento que tinha na camisa o sobrenome CUNHA – o porque daquela ação e ele apenas disse que meu carro era suspeito de estar cheio de bandidos".
Já na manhã de hoje Marcos Marinho dirigiu-se ao destacamento policial de Jacumã para saber detalhes da operação fracassada e lá foi informado de que não havia registro de nenhuma ocorrência. "Me disseram que o plantão havia sido tranquilo e que se foi coisa da ROTAM ou do CHOQUE eles não tomam conhecimento de nada, mesmo a jurisdição sendo deles.
"Eu só gostaria de saber quem eles estavam perseguindo ou se era de fato a mim que procuravam numa via deserta", questIona Marinho advertindo que não costuma acreditar em coincidências até porque hoje é plenamente possível a rápida identificação da propriedade de um veículo via internet. "A polícia já devia, àquela altura, saber que o carro perseguido era o meu, portanto é muito estranho o comportamento tresloucado dos policiais. Ainda bem que puxei o carro até a via urbana, evitando a mim um mal maior", conclui o jornalista.