quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jornalista do Sistema Correio quase é morto por militares em Jacumã/PB

NOTÍCIAS: 15/07/2010 - Por muito pouco, na noite desta terça-feira (13,) o jornalista e candidato a deputado estadual pelo PT do B, Marcos Marinho, não foi fuzilado por policias militares no Distrito de Jacumã, litoral sul da Paraíba. Ele teve seu carro perseguido por cerca de 15 quilômetros na PB 080, confundido com bandidos que estariam sendo procurados pela ROTAM.

"Em 57 anos de vida nunca havia passado por tão constrangedora experiência", avaliou Marinho depois de refeito do susto. Ele disse que foi humilhado pelo PMs e acredita que só não levou um tiro na cabeça porque teve suficiente equilibro para conduzir a situação a um desfecho feliz.

Marcos Marinho retornava de uma reunião política no centro da Capital e se dirigia a Jacumã para um encontro com pescadores que apóiam a sua candidatura. Ele relata que passou pelo Posto da Manzuá no Valentina Figueiredo calmamente sem que ninguém o abordasse e depois de trafegar por cerca de um quilômetro percebeu uma sirene tocando e viu que havia uma viatura próxima ao seu carro. "Diminuí a velocidade, puxei o carro para mais perto do acostamento permitindo a ultrapassagem, mas a viatura também diminuiu o seu ritmo. Segui caminho e logo adiante percebi que uma outra viatura me seguia e ambas davam sinais de luz. Outra vez diminui a velocidade e elas também faziam o mesmo. Então, não tive melhor alternativa que seguir viagem e procurar um local seguro para parar, considerando o perigo daquela estrada, que nem sinalização noturna tem mais", contou o jornalista.

Marinho disse que somente veio a se dar conta de que estava sendo ele o seguido porque os policias deram dois tiros já na reta de acesso a Jacumã, quando mais duas outras viaturas integraram o comboio policial. "Foi aí que me dei conta do perigo e acelerei o carro no que pude até entrar na área urbana de Jacumã. Já com os vidros baixos pude ouvir os insistentes gritos dos policiais pelo megafone para que encostasse o carro e dele saísse com as mãos para o alto".

Ainda segundo o jornalista, ele foi obrigado a botar as mãos sobre o capô do seu veículo, depois instruído a abrir todas as portas. "Das viaturas saíram pelo menos 10 nervosos policiais e todos com as armas mirando a minha cabeça. Senti que era ali o fim da minha vida, mas ainda tive forças para dizer a eles quem eu era - Marcos Marinho, jornalista da Correio".

Mesmo tendo se identificado, os policiais ainda não lhe deram o devido crédito e ainda de armas empunhadas mandaram-no abrir o porta-malas do veículo. Um policial jovem, que Marinho acredita tenha sido o comandante da frustrada operação, de dedo em riste o chamou de "irresponsável" e "louco" por não ter atendido à ordem de parar o carro no meio do mato. "Visivelmente irritado e nervoso o militar foi mais longe e garantiu que por muito pouco não me matou". Segundo Marinho, o policial disse que estava com a adrenalina a "mais de mil" porque fora obrigado a lhe perseguir por tantos quilômetros em vão.

Marinho quis mostrar seus documentos pessoais aos militares, mas eles não quiseram. "Estranhei o comportamento deles e indaguei do que me parecia o mais lúcido dentre todos – um sargento que tinha na camisa o sobrenome CUNHA – o porque daquela ação e ele apenas disse que meu carro era suspeito de estar cheio de bandidos".

Já na manhã de hoje Marcos Marinho dirigiu-se ao destacamento policial de Jacumã para saber detalhes da operação fracassada e lá foi informado de que não havia registro de nenhuma ocorrência. "Me disseram que o plantão havia sido tranquilo e que se foi coisa da ROTAM ou do CHOQUE eles não tomam conhecimento de nada, mesmo a jurisdição sendo deles.

"Eu só gostaria de saber quem eles estavam perseguindo ou se era de fato a mim que procuravam numa via deserta", questIona Marinho advertindo que não costuma acreditar em coincidências até porque hoje é plenamente possível a rápida identificação da propriedade de um veículo via internet. "A polícia já devia, àquela altura, saber que o carro perseguido era o meu, portanto é muito estranho o comportamento tresloucado dos policiais. Ainda bem que puxei o carro até a via urbana, evitando a mim um mal maior", conclui o jornalista.
A Palavra Online