quinta-feira, 7 de maio de 2020

Setor sucroenergético já sofre os efeitos da pandemia e precisa de apoio para a manutenção dos empregos

O financiamento dos seus estoques, a busca pelo mercado de créditos de descarbonização (CBios) que começam a ser negociados na Bolsa de Valores B3, como também a certificação CARB (California Air Resources Board), exigida para exportação às empresas que atendem aos mais exigentes padrões de sustentabilidade durante o processo produtivo, são movimentos registrados pelo setor sucroenergético para superar a crise econômica em decorrência da pandemia do Covid-19, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool na Paraíba (Sindalcool), Edmundo Barbosa, em site nacional.

O setor, que representa 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, reúne produtores de cana-de-açúcar, trabalhadores do setor químico e da alimentação, cooperativas e agroindústrias responsáveis pela produção de açúcar, etanol e bioeletricidade no país.

Na Paraíba, representa uma cadeia produtiva que inclui sete usinas e destilarias, incluídos 1500 mil produtores rurais com a geração de 21.800 empregos diretos e 44.000 postos de trabalho indiretos, em mais de 26 cidades.

Segundo o executivo, as usinas estão agora diante da maior crise de demanda. A situação de estoques altos e a necessidade de caixa trouxeram contração neste setor que vive competindo contra o petróleo. “Sabemos todos que o petróleo está sendo comercializado com preços negativos. A crise de demanda é mundial”, disse Edmundo.

Ao Jornal Cana, Edmundo lembrou que a máxima eficiência alcançada pela agricultura brasileira na cana-de-açúcar se defronta contra as ações nefastas e ilusórias do protecionismo que cresce entre os países. Ao injetar 2 trilhões de dólares na economia americana nos últimos dias, Trump apenas amenizou a situação caótica interna.

Ao falar sobre a retomada do crescimento do setor, o presidente do Sindalcool lembrou que as usinas irão recuperar a competitividade e deverão concorrer em breve com o petróleo, devendo se situar na média histórica de US$ 42.00, o barril. “Nessas condições deve haver redução de produção por uma safra. A média histórica do preço do petróleo deverá se recuperar para esse patamar”, adiantou.

Edmundo apontou ainda outra vertente favorável ao setor, que será a retomada dos biocombustíveis, por consumidores que perceberam nestes produtos, a solução para a prevenção contra surtos ainda mais graves do que a Covid-19.

“Além da ajuda das políticas implementadas pelo Governo Federal, as empresas precisam de estratégias para salvar os empregos no setor, e dentre as atitudes, é preciso implementar a chamada “warrantagem”, onde o título “Warrant”, emitido pelo vendedor de uma commodity, garante o crédito e o valor de mercadorias em depósito”, adiantou Edmundo Barbosa.

Ao Jornal Cana, o presidente do Sindalcool lembrou que a recuperação da crise no setor se dará em prazo lento, num médio prazo, entre cinco anos ou mais, não devendo ser esperados saltos na economia pós Covid-19. “A maior estabilidade na condução das políticas internas é desejada por todos que investem. O momento é de crise de confiança, pois são muitos fatores baixistas ao mesmo tempo, inclusive na desunião interna”, destacou.


Assessoria