sábado, 23 de maio de 2020

Entidades voltam a cobrar da União resposta sobre pacote de socorro ao setor sucroenergético nacional

O presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana - Unida e da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba - Asplan, José Inácio de Morais, voltou a cobrar um posicionamento oficial do governo federal sobre o pacote de medidas sugerido, mês passado, pelas entidades que fazem parte do setor para socorrer a produção de cana e as indústrias que fabricam etanol no país. “Mesmo com a importância do setor para a economia brasileira, o governo federal ainda não acenou efetivamente com ações que possam nos ajudar a sobreviver a essa crise sem precedentes” afirma o dirigente canavieiro.

Os 20 mil produtores de cana-de-açúcar da região Nordeste, congregados na Unida, segundo José Inácio, estão à mercê da própria sorte até agora. “Nós, empregadores de mais de 100 mil trabalhadores no campo, em especial, nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, aguardamos ansiosos pelas respostas do governo em relação as nossas reivindicações. Até agora, temos apenas acenos que algo será feito, mas, de concreto, passados mais de 60 dias dessa pandemia, nenhuma ajuda foi efetivada e a cada dia a crise se agrava. É preciso que o governo nos dê respostas mais rápidas”, reitera José Inácio.

O dirigente canavieiro lembra que dentre as reivindicações do setor as mais urgentes são a disponibilidade de linhas de crédito, tanto para as indústrias que precisam de um aporte de financiamento dos estoques de etanol haja vista a queda no consumo do produto que não foi comercializado como se previa antes da pandemia, além de linhas de crédito para os produtores e rolagem de dívidas. “A maior parte dos bancos privados já passaram as parcelas vencidas para agosto e disponibilizaram algumas linhas de crédito, mas, tanto em relação a essa prorrogação de pagamento, quanto a liberação de créditos, quero aqui ressaltar que embora o Banco do Brasil seja o maior banco de fomento ao setor, as medidas de apoio da instituição estão muito devagar”, reforçou José Inácio.

Na pauta das reivindicações dos produtores, segundo José Inácio, destacam-se ainda a adoção de projetos de parceria público privada, câmbio diferenciado para a importação do fertilizante de custeio e renovação, a retomada da subvenção de equalização de preços, garantidora da competividade da atividade canavieira do Nordeste em relação ao Sudeste, que tem menor custo de produção, a redução temporária dos tributos incidentes sobre os produtos do setor, e melhor acesso aos créditos bancários, além de uma linha de crédito emergencial.

Para as indústrias, as propostas apresentadas minimizariam os impactos causados pela redução do consumo do biocombustível no país causado queda do preço do petróleo (em meio à crise entre a Arábia Saudita e a Rússia) e pela pandemia do novo coronavírus, passando pela redução do valor do PIS/Cofins incidente sobre a comercialização do etanol, a criação de uma linha de financiamento para a estocagem de etanol que não venha a ser comercializado, a autorização para venda direta do etanol aos postos de abastecimento, são algumas das demandas do setor industrial. “O governo precisa agir o quanto antes no sentido de nos dar respostas e, principalmente, ação”, finaliza José Inácio.


Assessoria