O presidente da União
Nordestina dos Produtores de Cana - Unida e da Associação dos Plantadores de
Cana da Paraíba - Asplan, José Inácio de Morais, voltou a cobrar um
posicionamento oficial do governo federal sobre o pacote de medidas sugerido,
mês passado, pelas entidades que fazem parte do setor para socorrer a produção
de cana e as indústrias que fabricam etanol no país. “Mesmo com a importância
do setor para a economia brasileira, o governo federal ainda não acenou
efetivamente com ações que possam nos ajudar a sobreviver a essa crise sem
precedentes” afirma o dirigente canavieiro.
Os 20 mil produtores de
cana-de-açúcar da região Nordeste, congregados na Unida, segundo José Inácio,
estão à mercê da própria sorte até agora. “Nós, empregadores de mais de 100 mil
trabalhadores no campo, em especial, nos estados de Pernambuco, Alagoas e
Paraíba, aguardamos ansiosos pelas respostas do governo em relação as nossas
reivindicações. Até agora, temos apenas acenos que algo será feito, mas, de
concreto, passados mais de 60 dias dessa pandemia, nenhuma ajuda foi efetivada
e a cada dia a crise se agrava. É preciso que o governo nos dê respostas mais
rápidas”, reitera José Inácio.
O dirigente canavieiro
lembra que dentre as reivindicações do setor as mais urgentes são a
disponibilidade de linhas de crédito, tanto para as indústrias que precisam de
um aporte de financiamento dos estoques de etanol haja vista a queda no consumo
do produto que não foi comercializado como se previa antes da pandemia, além de
linhas de crédito para os produtores e rolagem de dívidas. “A maior parte dos
bancos privados já passaram as parcelas vencidas para agosto e disponibilizaram
algumas linhas de crédito, mas, tanto em relação a essa prorrogação de
pagamento, quanto a liberação de créditos, quero aqui ressaltar que embora o
Banco do Brasil seja o maior banco de fomento ao setor, as medidas de apoio da
instituição estão muito devagar”, reforçou José Inácio.
Na pauta das reivindicações
dos produtores, segundo José Inácio, destacam-se ainda a adoção de projetos de
parceria público privada, câmbio diferenciado para a importação do fertilizante
de custeio e renovação, a retomada da subvenção de equalização de preços,
garantidora da competividade da atividade canavieira do Nordeste em relação ao
Sudeste, que tem menor custo de produção, a redução temporária dos tributos
incidentes sobre os produtos do setor, e melhor acesso aos créditos bancários,
além de uma linha de crédito emergencial.
Para as indústrias, as
propostas apresentadas minimizariam os impactos causados pela redução do
consumo do biocombustível no país causado queda do preço do petróleo (em meio à
crise entre a Arábia Saudita e a Rússia) e pela pandemia do novo coronavírus,
passando pela redução do valor do PIS/Cofins incidente sobre a comercialização
do etanol, a criação de uma linha de financiamento para a estocagem de etanol
que não venha a ser comercializado, a autorização para venda direta do etanol
aos postos de abastecimento, são algumas das demandas do setor industrial. “O
governo precisa agir o quanto antes no sentido de nos dar respostas e,
principalmente, ação”, finaliza José Inácio.