As máscaras estão atendendo
todas as unidades penais do Sertão da Paraíba e as equipes de Saúde que atuam
nesses locais
Doze reeducandas da Cadeia
Pública Feminina da Comarca de Cajazeiras, Município localizado no Alto Serão
da Paraíba e distante 468 Km de João Pessoa, estão produzindo, diariamente,
cerca de 600 máscaras de proteção contra o novo coronavírus (Covid-19). A
iniciativa é da Diretoria da Cadeia e conta com o apoio da Gerência de
Ressocialização e da Administração Penitenciaria e do Poder Judiciário
estadual, por meio da Vara de Execução Penal (VEP) e da 2ª Vara de Cajazeiras.
Toda a linha de produção
funciona em uma cela destinada ao albergue, na parte externa da Cadeia. Lá,
foram feitas algumas adaptações e reformas. Depois de customizado, o ambiente
passou a se chamar Projeto Ateliê Costurando Sonhos.
Aline de Moura Soares, 25
anos de idade, natural de São Paulo, cumprindo pena desde o dia sete de janeiro
deste ano, coordena o Projeto. “Me sinto bem melhor trabalhando, me distraio e
me sinto útil, ajudando o próximo. Considero um Projeto especial, por
contribuir, através da produção de máscaras, para a proteção das pessoas, nesse
momento tão difícil”, comentou.
Outra reeducanda beneficiada
com o Projeto, Renata Nanini Caldeira, 43 anos, também natural de São Paulo,
está presa desde o 28 de agosto de 2019. Ela trabalha na colagem das máscaras.
“Me sinto útil por colaborar na produção. Vivíamos ociosas, sem perspectivas de
melhorias e, agora, feliz por ajudar o próximo. Esperamos que, no futuro, tudo
se resolva. O Protejo trouxe grande aprendizado para todas nós. Estamos unidas
no sentindo de nos ajudar, também, com uma experiência e uma grande
oportunidade no mercado de trabalho”, afirmou.
Segundo o juiz da VEP e do
Juizado Especial Misto da Comarca, Ricardo Henriques Pereira Amorim, é inegável
que o projeto influencia positivamente na execução penal. “A partir da produção
de máscaras, que beneficia toda a sociedade, as mulheres em cumprimento de pena
manifestam cidadania e comprometimento com o bem-estar social, dando um paço
adiante na superação do passado”, ressaltou.
O juiz disse, também, que é
assim que a Execução Penal cumpre suas finalidades, com a reparação social do
dano advindo do crime e a ressocialização do apenado. “Parabenizo, com
gratidão, a Direção da Cadeia Pública de Cajazeiras e a todos que apoiaram o
projeto, especialmente as mulheres que estão se dedicando diariamente a
produção das máscaras”, disse.
A policial penal, Paloma
Correia Lima, que está há sete anos na Direção da Cadeia Feminina de
Cajazeiras, informou que a produção das máscaras teve início em março, por meio
de uma ação da Secretaria de Administração Penitenciária e da Gerência de
Ressocialização, que já tinham implantado a produção em João Pessoa e queriam
estender para as demais regiões do Estado.
“Recebemos doações de
máquinas e insumos da nossa Secretária, do setor privado e da sociedade. As
máscaras estão atendendo todas as unidades penais do Sertão e as equipes de
Saúde que atuam nesses locais. Uma parceria com a Secretaria de Segurança
Pública já permite a distribuição dos equipamentos de proteção para as polícias
Militar, Civil e Corpo de Bombeiros”, destacou a diretora. Ela disse, ainda,
que parte da produção está sendo destinada, também, para a Secretaria de Saúde.
“Recebemos, por meio do juiz
da 2ª Vara de Cajazeiras, Thiago Rabelo, a importância de R$ 3.073,00 oriunda
de uma transição penal, que possibilitou a aquisição de máquinas e materiais.
Da Câmara de Dirigente Lojistas (CDL), recebemos matérias-primas para a
fabricação de três mil máscaras”, comemorou a diretora.
Para a chefe de Cartório do
Juizado Especial Misto de Cajazeiras, Norma Moreira da Costa Dantas, é louvável
o trabalho das detentas. “O cumprimento de pena gera um sentimento de tédio,
pelo confinamento, e este projeto veio para melhorar as condições de
autoestima. Elas se sentem úteis. Outro fator positivo é a remição da pena pelo
trabalho”, enfatizou. A servidora do Poder Judiciário estadual acrescentou que
toda a produção é relevante, não somente pelo suprimento da falta de máscaras
de proteção, mas por todo o zelo e organização que as reeducandas têm
dispensado por este trabalho.
Por Fernando Patriota/Assessoria
- TJPB