quarta-feira, 10 de junho de 2015

Papa Francisco cria corte para julgar bispos que acobertaram casos de pedofilia na Igreja

Nova seção na Congregação para a Doutrina da Fé responde demanda antiga de vítimas de abusos por religiosos

Papa Francisco autorizou nesta quarta-feira (10) a criação de um tribunal especial para julgar bispos que tenham acobertado casos de pedofilia. Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, os bispos poderão ser julgados se falharam em tomar medidas que preveniriam os atos de abuso.

A medida foi sugerida por um grupo consultivo sobre o tema criado no ano passado. Formada por 17 pessoas de várias nacionalidades, dentre eles muitos laicos e representantes das vítimas, a comissão propôs uma revisão do delito de "abuso de poder episcopal", que já existia no direito canônico. A partir de agora, congregação para a Doutrina da Fé será a responsável por julgar os bispos com os mecanismos estabelecidos para abordar os casos.

Trata-se da principal medida do Vaticano para combater abusos de menores por religiosos. Durante muitos anos a Igreja foi criticada por não punir e acobertar casos. O Vaticano só admitiu esses casos no começo de 2014, mesmo ano em que papa Francisco pediu perdão "pelo mal que muitos sacerdotes fizeram pelos abusos sexuais de crianças".

Na avaliação da diretora executiva da Associação Nacional para Pessoas Abusadas na Infância do Reino Unido, Gabrielle Shaw, a nova corte é uma boa notícia para as vítimas. “Nós exaltamos qualquer medida que olha atentamente para o abuso clerical e mostra maior abertura da Igreja”, afirmou ao portal da BBC.

Papa Francisco já destinou recursos para o estabelecimento da seção judiciária e determinou a alocação de equipe em tempo integral. Em cinco anos haverá uma avaliação para averiguar a eficácia da medida.


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