Nova seção na Congregação
para a Doutrina da Fé responde demanda antiga de vítimas de abusos por
religiosos
Papa Francisco autorizou
nesta quarta-feira (10) a criação de um tribunal especial para julgar bispos
que tenham acobertado casos de pedofilia. Segundo o porta-voz do Vaticano,
padre Federico Lombardi, os bispos poderão ser julgados se falharam em tomar
medidas que preveniriam os atos de abuso.
A medida foi sugerida por
um grupo consultivo sobre o tema criado no ano passado. Formada por 17 pessoas
de várias nacionalidades, dentre eles muitos laicos e representantes das
vítimas, a comissão propôs uma revisão do delito de "abuso de poder
episcopal", que já existia no direito canônico. A partir de agora,
congregação para a Doutrina da Fé será a responsável por julgar os bispos com
os mecanismos estabelecidos para abordar os casos.
Trata-se da principal
medida do Vaticano para combater abusos de menores por religiosos. Durante
muitos anos a Igreja foi criticada por não punir e acobertar casos. O Vaticano
só admitiu esses casos no começo de 2014, mesmo ano em que papa Francisco pediu
perdão "pelo mal que muitos sacerdotes fizeram pelos abusos sexuais de
crianças".
Na avaliação da diretora
executiva da Associação Nacional para Pessoas Abusadas na Infância do Reino
Unido, Gabrielle Shaw, a nova corte é uma boa notícia para as vítimas. “Nós
exaltamos qualquer medida que olha atentamente para o abuso clerical e mostra
maior abertura da Igreja”, afirmou ao portal da BBC.
Papa Francisco já destinou
recursos para o estabelecimento da seção judiciária e determinou a alocação de
equipe em tempo integral. Em cinco anos haverá uma avaliação para averiguar a
eficácia da medida.
Época