Construções serão implementadas com maquinário e implementos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e através de parceria entre o Governo da Paraíba e o Procase
Pelo menos para 2,3 mil
comunidades das quase 200 cidades paraibanas em estado de emergência na
Paraíba, o sonho de poder conviver com a seca e permanecer no campo produzindo
pode se tornar uma realidade. Uma ideia simples e que precisa apenas do apoio
técnico e de investimentos parceiros dos governos do Estado e dos Municípios
será implementada, conforme o secretário de Agricultura Familiar da Paraíba,
Lenildo Morais, para ajudar os agricultores que enfrentam o desafio de
sobreviver às secas cíclicas e à escassez de água até para o consumo humano e
animal.
Lenildo Morais informou
que o edital de licitação do programa de construção das barragens será lançado
até a próxima quarta-feira (1º). Ele disse, ainda, que para participar, os
municípios precisam estar entre os critérios do programa. Entre esses
critérios, segundo Lenildo, estão ser uma das 197 cidades que por decreto
governamental estão em situação de emergência. Lenildo informou ainda que
as solicitações dos agricultores a serem beneficiados têm que ter a aprovação
dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável.
Entre os critérios também
está a adesão da gestão municipal ao programa das barragens subterrâneas
através da página online da Secretaria de Desenvolvimento e Articulação
Municipal do Estado e ter a declaração de aptidão ao Programa Nacional de
Agricultura Familiar (Pronaf).
Poços
e caixas d'água
As barragens subterrâneas
são estruturas simples feitas para barrar e armazenar a água das chuvas e dos
riachos no interior do próprio solo. Cerca de 2 mil serão construídas com as
máquinas e implementos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), segundo
o secretário Lenildo Morais, e outras 300 serão implementadas em parceria com o
Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase). Junto às barragens e para
ampliar a capacidade de utilização da água, serão construídos também poços
amazonas e caixas d'água pré-moldadas. Lenildo explicou que o poço serve para
retirar a água armazenada na barragem para ser utilizada em pequenas
irrigações.
Ele acredita que com a
técnica será possível ao agricultor plantar culturas que precisem de mais água,
a exemplo do arroz e forrageiras. "Dependendo do tipo de cultura
implantada pode-se ter mais de uma colheita no ano", previu. Na opinião do secretário,
a garantia do suporte hídrico é o primeiro passo para o desenvolvimento
sustentável das comunidades localizadas no semiárido. “Com a água, e a partir
de tecnologias sociais multiplicáveis, poderemos aumentar a resiliência das
unidades familiares de produção frente aos períodos de estiagem”, garantiu.
Como
funciona
As barragens subterrâneas
são construídas durante o período seco. São utilizadas lonas plásticas
enterradas no subsolo dos leitos de rios e riachos para barrar o escoamento da
água das chuvas que circula no solo. A escavação deve ser
perpendicular ao sentido da descida das águas até a profundidade onde se
encontra a camada mais dura do subsolo, normalmente chegando até 4 metros de
profundidade. Dependendo das condições do terreno, a vala cavada pode se
estender entre 30 e cem metros. Nela é estendida a lona plástica com 200 micas
de espessura. Após estender a lona por toda extensão da vala, ela é coberta com
a terra originária da própria escavação.
A impermeabilidade
implantada na vala irá barrar e armazenar a água no subsolo, diminuindo também
a evaporação. Com a técnica, a área se transforma numa vazante onde a umidade
permanece por meses. O resultado é que os agricultores poderão cultivar mesmo
em períodos de seca e estiagem prolongados. Além da agricultura
familiar, a pecuária de subsistência também poderá ser beneficiada com o
cultivo de forragens e com o armazenamento de água para alimentar o rebanho.
Fonte: Jornal Correio da Paraíba