Foi
bom enquanto durou. Não há time que se iguale ao Barcelona neste mundo.
Vai ver é por isso que já se tornou clichê dizer que a equipe de Messi é
de outro planeta. O Santos sonhava, mas não foi páreo para o Barça.
Mesmo escalando três zagueiros para tentar brecar a equipe catalã, o
Peixe foi encurralado. Respeitou demais o Barcelona. Perdeu por 4 a 0,
sem ver a cor da bola, e volta ao Brasil sem a terceira estrela.
O time espanhol, enfim, consegue
derrotar uma equipe brasileira em final de Mundial. Havia perdido em
1992, para o São Paulo, e em 2006, para o Internacional. Agora, acabou
com a escrita e em grande estilo: jogando um futebol exuberante. Resta
aos alvinegros aplaudirem e até saírem de campo orgulhosos. Por que não?
O Barça está vários degraus acima de todos os outros. Mostra isso há
anos na Europa. E mostrou no Japão, diante de um campeão da Libertadores
que conta com os jogadores brasileiros mais badalados nos últimos
tempos – Neymar e Ganso.
Havia muita expectativa sobre o duelo
entre Neymar e Messi. O argentino desfilou. O brasileiro não conseguia
receber um passe. No primeiro tempo, só chamou alguma atenção em uma
arrancada do meio do campo, mas acabou parado por Puyol e Piqué. No
segundo, teve chance clara, mas chutou em cima de Valdés.
Com seu toque de bola envolvente e
marcação adiantada, os catalães isolaram o craque brasileiro à frente.
Os armadores santistas apenas defendiam, e a ligação era direta, em
chutões da defesa. É o que acostuma acontecer com os adversários do
Barcelona. A lição mais básica do futebol: não se joga sem a bola.
Messi toca por cima de Rafael e abre o placar para o Barcelona contra o Santos (Foto: AFP)
Aula de futebol do Barça
O bloqueio santista durou apenas 16
minutos. Foi quando Durval tentou cortar passe de Xavi e furou à frente
de Messi. Se o argentino é brilhante mesmo quando é bem marcado, imagina
quando o defensor vacila! Ele recebeu livre e, com um leve toque de
esquerda, encobriu Rafael. Bruno Rodrigo ainda tentou cortar. Sem
sucesso. Grande gol. Gol de melhor do mundo.
A essa altura, o Barça era Barça.
Dominava a posse de bola e encurralava o Peixe, como costuma fazer com
todos os seus adversários. O técnico Muricy Ramalho, apostando em
contra-ataques, resolveu reforçar a defesa com três zagueiros. Danilo,
pela direita, e Léo, pela esquerda, tinham a missão de tentar explorar
os lados do campo. No entanto, foram empurrados para trás
implacavelmente.
Xavi comemora o segundo (Foto: Agência Reuters) |
O Peixe corria atrás da bola e nos raros
momentos que a tinha esticava para Neymar ou para Borges, que só a viam
passar por cima, de longe. Aos 24, mais um. Passe de Daniel Alves para
Xavi. Durval e Bruno Rodrigo não cortam. O meia recebe na entrada da
área e chuta rasteiro. Rafael não alcança. A essa altura, Muricy Ramalho
se senta no banco. Resignado.
Um massacre se desenhava. Enquanto o
Barça apresentava 76% de posse de bola, o Santos tinha dado apenas dois
chutes a gol, ambos sem ameaçar muito Valdés. Ainda houve bola na trave
de Fàbregas. Os santistas nas cadeiras do Estádio Internacional de
Yokohama eram torturados, pois os ponteiros do relógio pareciam se
arrastar. Aos 30 minutos, Danilo teve de deixar o campo, machucado.
Elano, que havia sido preterido antes da partida para a escalação de
Léo, entrou. Nada mudou. E o Barça ainda ampliou!
Aos 44, Messi recebeu a bola no meio da
zaga e, de calcanhar, deu para Daniel Alves, que cruzou para trás.
Rafael espalmou. Thiago tentou de peixinho, o goleiro santista defendeu
novamente, mas a bola caiu no pé direito de Fàbregas. Estava encerrada a
primeira etapa. O Barça deu uma aula. O Santos tentou jogar, mas foi
impossível.
Defesa santista comete erros juvenis
Que o Barcelona é muito melhor não
apenas do que o Santos, mas todos os outros times, não é novidade. Era
até esperado que a equipe catalã encurralasse o Peixe. O problema é que a
defesa santista ia cometendo falhas juvenis. Foi assim nos dois
primeiros gols e também logo no primeiro minuto do segundo tempo, quando
Edu Dracena perdeu a bola para Messi na entrada da área. O argentino
rolou para Fàbregas, que chutou rasteiro e errou por muito pouco. O time
catalão joga muito. E com os santistas entregando a bola de graça…
Bem marcado, Neymar pouco fez. Já Messi deu show e fez dois golaços (Foto: Reuters)
O Peixe continuava acuado, brigando com a
bola, refém da marcação implacável do Barça. Sim, é preciso que se
destaque isso. O time espanhol tem a bola o tempo todo porque, além de
possuírem técnica refinada no toque, seus jogadores são extremamente
determinados na hora de roubá-la. Mesmo os atacantes. É um sufoco.
Com oito minutos do segundo tempo, o
Barça já havia perdido três chances claras. Além de Fàbregas, no
primeiro minuto, Messi e Daniel Alves tiveram o gol à frente e não
conseguiram marcar. Novamente, os minutos viraram horas para os
alvinegros.
O primeiro lampejo santista na partida
saiu apenas aos 11 minutos do segundo tempo, quando Ganso ganhou a bola
no meio e lançou Neymar. O prodígio santista recebeu, avançou, mas
chutou em cima de Valdés. É o tipo de jogada que o camisa 11 já definiu
bem inúmeras vezes. Resume bem em que se transformou o jogo para os
santistas. Um martírio.
O Barcelona parou de forçar o jogo e o
Santos até conseguiu, em alguns momentos, ter a bola na intermediária
adversária. No entanto, não conseguiu ameaçar Valdés. O contra-ataque
tão esperado pelos santistas jamais aconteceu. Os torcedores alvinegros
no estádio tentaram dar uma força. Cantaram o nome do time, mas em vão. O
time espanhol, mesmo tirando o pé, ainda acertou a trave de Rafael, num
chute de Daniel Alves. E marcou o quarto gol aos 36, com o próprio
Daniel Alves aparecendo na esquerda para servir Messi. Com um toque de
gênio, o argentino cortou Rafael e tocou para o gol vazio. Parecia
videogame.
A partida estava liquidada desde o início, os santistas se conformam. Barcelona: campeão deste e de outros mundos.
Jogadores do Barcelona comemoram mais um gol contra o Santos na final do Mundial
Foto: Reuters
G1