quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A primeira operadora evangélica do mundo foi lançada no Brasil

Milhares de homens de terno, barba bem feita e bíblia em cima do colo levantam os braços e gritam amém. Faz calor e não é possível encontrar uma única mulher entre os cinco mil cocurutos masculinos que se espalham pelos bancos do templo. “Nós esperamos, amados, que a Mais AD seja uma benção para todos nós!”, diz o pastor, um senhor de semblante curvado e aspecto frágil. Uma salva de palmas formaliza o fim do culto e dezenas de pessoas de colete azul são convidadas a subir ao palco e tirar uma grande foto com o pastor, que permanece atrás do púlpito. O pastor em questão é José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, e as pessoas de colete azul são os primeiros vendedores da Mais AD, a única operadora de celular destinada aos membros da Assembleia de Deus.

O anúncio foi feito nessa quinta-feira (1) em um templo no bairro do Belém, zona leste de São Paulo. A ideia da Mais AD, sintetizada no slogan “Deixe a fé falar mais alto”, é aproveitar o entrosamento do povo brasileiro com tablets e smartphones para evangelizar através das plataformas digitais. “Admiro o pastor por ter colocado a Assembleia de Deus dentro da revolução tecnológica”, disse à GALILEU Raul Aguirre, diretor-geral da nova operadora.

Analisando os números, a Mais AD parece ser aquele tipo de coisa que não tem como dar errado. “Todos os municípios do Brasil têm uma Assembleia de Deus. E quase todas as vilas também”, afirma o pastor José Wellington. O número de membros da Assembleia varia entre 18 e 25 milhões de brasileiros, dependendo de quem fornece o dado – ao todo são cerca de 40 mil templos em território nacional. A equipe inicial é formada por sete supervisores e 45 vendedores em stands exclusivos – aqueles do colete azul – todos membros da igreja. Além disso, haverá 400 colaboradores voluntários que farão a venda dos chips de porta em porta. É irmão vendendo para irmão.

Uma dessas vendedoras é a gestora de RH Cláudia Cézar, de 35 anos. Cláudia frequenta a igreja desde criança e começou a se interessar pelos cultos por causa do pai. “É legal porque estou usando uma ferramenta da religião que acredito, é como se eu vestisse a camisa da empresa em que eu trabalho”, explica. “Meus amigos da igreja também vão comprar o chip, isso vai ser fácil”.

O chip custará R$ 9,90 e os pacotes mensais saem a partir de R$ 19,90 (pacote de internet de 400MB) e vão até R$ 24,90 (600MB). Quem compra o chip pode acessar serviços pensados exclusivamente para esse público: calendário interativo de eventos, endereço das congregações, resumo de notícias diárias, mensagens evangelizadoras, testemunhos inspiradores de outros clientes e até pedidos de oração para que um pastor reze por um determinado desejo ou necessidade do portador do chip. “Dá mais confiança pra gente na hora de acessar os conteúdos”, diz Cláudia.


Galileu