De lá para cá, surge
crescente preocupação por parte dos povos no tocante à escassez dos recursos
hídricos. Alguns analistas preveem, num futuro nem tão distante, conflitos
armados tendo como pano de fundo a disputa por esse líquido valiosíssimo.
Guerra pela água
O artigo assinado pelo
professor de Economia norte-americano Jeffrey D. Sachs e publicado no Valor
Econômico, em abril de 2009, é mais uma confirmação de que lamentavelmente o
predito já se concretiza há mais tempo do que alguns julgavam:
“Muitos conflitos são
provocados ou inflamados por escassez de água. Conflitos – do Chade a Darfur,
no Sudão, do deserto Ogaden, na Etiópia, à Somália e seus piratas, bem como no
Iêmen, Iraque, Paquistão e Afeganistão — acontecem em um grande arco de terras
áridas onde a escassez de água está provocando colapso de colheitas, morte de
rebanhos, extrema pobreza e desespero”.
E relata o articulista: “A
Unesco, uma agência das Nações Unidas, publicou recentemente o Relatório de
Desenvolvimento da Água de 2009; o Banco Mundial divulgou aprofundado estudo
sobre a Índia (Economia hídrica indiana: preparando-se para um futuro
turbulento) e sobre o Paquistão (Economia hídrica paquistanesa: o agravamento
da seca); e a Asia Society divulgou uma visão geral das crises hídricas
asiáticas (O próximo desafio asiático: assegurar o futuro hídrico na região)”.
Vejam a quanto chegamos. É
urgente deter isso. Sachs afirma que “esses relatórios contam uma história
similar. O suprimento de água é cada vez mais insuficiente em grandes partes do
mundo, especialmente em suas regiões áridas. O rápido agravamento da escassez
de água reflete o crescimento populacional, o esgotamento da água subterrânea,
desperdício e poluição, e os enormes e cada vez mais desastrosos efeitos das mudanças
climáticas resultantes da atividade humana. As consequências são dolorosas:
seca e fome, perda de condições de subsistência, disseminação de enfermidades
transmitidas pela água, migração forçada e até mesmo conflitos armados”.
O que fazer diante desse
cenário apocalíptico? O próprio professor conclui: “Soluções práticas incluem
muitos componentes, entre eles melhor gestão de recursos hídricos, tecnologias
mais aperfeiçoadas para aumentar a eficiência no uso da água e novos
investimentos assumidos em conjunto por governos, pelo setor empresarial e por
organismos cívicos”.
Sentimentos desgovernados
Mas, com o passar dos dias,
tal problema só virá a crescer, se providências realmente eficazes, muitas
vezes postergadas, não forem estabelecidas. Os seres humanos, mesmo em lugares
onde o líquido preciosíssimo é escasso, vêm profanando esse elemento natural,
sem o que não poderemos subsistir. Quando a pessoa tem os sentimentos
desgovernados, tudo à sua volta sofre contaminação.
Como sempre, a Palavra de
Jesus permanece atual. Ao Lhe perguntarem de que modo se comportariam as
criaturas na proximidade de tempos de grande aflição, anunciados desde o Antigo
Testamento da Bíblia Sagrada, respondeu que, tal qual as épocas de Noé e Ló, a
distração seria maior do que os cuidados que a gravidade dos fatos exigiria
(Evangelho, segundo Lucas, 17:26-30). Não é forçoso acreditar “nessas coisas de
natureza religiosa” para perceber que um quadro pintado com cores fortes se
configura.
José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor.