CIDADES - Ô companheiros, eu estou muito atrasado…
Não, é verdade. É verdade porque eu tenho, eu tenho ainda… eu ainda
tenho que ir a Salgueiro visitar um trecho da Transnordestina, e eu
queria dizer aos companheiros da Paraíba o seguinte. Eu
aprendi, em oito anos de mandato, que tanto o governador quanto o
prefeito precisam pensar as necessidades fundamentais dos seus estados,
transformar essas necessidades fundamentais e prioritárias em
projetos… porque eu aprendi, Maranhão, que o que faz o dinheiro sair é
um projeto consistente e adequado.
Eu dou sempre o exemplo do seguinte. Às
vezes, você vai batizar uma criança. Aí você está lá na igreja,
batizando a criança – a criança sempre chora quando o padre coloca
aquela água benta na testa dela, e é o padrinho quem tem que ficar
segurando, e a criança chora –, e aparece um chato de um fotógrafo que
você não conheceu, que você não contratou, tirando foto, tirando foto,
tirando foto. Ao terminar o batizado, a criança parou de chorar, aí,
então, vem o fotógrafo dar um cartão: “Eu sou fotógrafo. O senhor quer
um álbum?”. O pai, já nervoso, e o padrinho, irritado, falam para o
fotógrafo: “Eu não quero nada, eu não encomendei”. Bom, o coitado vai
embora chateado, perdeu o dia, não teve a mesma sorte que teve o Sílvio
Santos, então ele vai embora. Aí, passada uma semana, aquele fotógrafo
que foi escorraçado dentro da igreja aparece na casa do cidadão, bate
palmas e sai a mulher: “O que é? Vendedor? Eu não quero nada. Bíblia,
não quero. Se é pastor evangélico, cai fora”. “Não, não, minha senhora,
eu sou o fotógrafo. Eu tirei a foto… a senhora quer ver o álbum?” E
abre a primeira página e está o molequinho. Mesmo que feio, mãe acha
bonito, porque para pai e para mãe não tem filho feio. É tudo… Tudo
parece joelho, mas a gente acha bonitinho. Eu tive cinco. A mãe olha a
fotografia. Aquela mãe que não queria foto, na hora em que vê a
fotografia do “calunga” dela, ela “quanto custa?”, e compra o álbum.
No governo é a mesma coisa. Se você
chegar com um projeto consistente no Ministério do Planejamento, no
presidente da República, na Casa Civil, esse projeto dificilmente
receberá um não. Portanto, é extremamente importante que cada
governador e cada prefeito deste país façam os projetos que são
prioridades para as suas cidades, porque nós estamos terminando o PAC
2. O PAC 2 vai dar gás para a companheira Dilma trabalhar os quatro
anos dela e um pouco mais, porque tem obras que demoram cinco anos,
seis anos, sete anos para serem concluídas. Então, os companheiros
precisam saber disso.
Mas é importante a gente lembrar também a
quantidade de estradas que nós fizemos aqui na Paraíba. É importante
lembrar que fomos nós que terminamos Campina Grande-João Pessoa, somos
nós que estamos duplicando a BR-101, que é uma estrada que se um alemão
sair da Alemanha e andar de carro nela, ele vai ficar com inveja da
qualidade da BR-101 na Paraíba, comparada com as estradas da Alemanha. A
Transnordestina, nós, do governo federal, também achamos que tem que
ter um ramal ligando, porque o que nós fizemos até agora foi a espinha
principal. Agora tem que fazer as espinhas verticais, ligando outros
estados do Nordeste. E outras coisas que vão ter que vir para cá. É
preciso ver a possibilidade de um grande porto na Paraíba. Apesar do
pouco dinheiro que já investimos em Cabedelo, mas não é um porto de
águas profundas, portanto não pode chegar um grande navio.
Então, companheiros e companheiras, o
dado concreto é o seguinte, esse é o dado concreto: o Nordeste
brasileiro nunca viveu o momento que está vivendo. Ele viveu,
possivelmente nos anos 60, com o Celso Furtado, na criação da Sudene.
Depois foi esquecida a Sudene, depois foi esquecido o Nordeste. E o que
nós estamos fazendo é apenas tentando dar ao Nordeste e ao Norte do
país as mesmas condições que tem o restante do país, porque nós não
queremos um país onde numa banda do país as pessoas comam dez vezes por
dia e na outra banda do país as pessoas não comam nada. Nós não
queremos um país onde, de um lado você tenha água que sobra, e do outro
lado você não tenha água para beber, uma criança, para beber, um
animal, que vai dar o leite para aquela criança.
O que nós estamos fazendo é apenas
fazendo a justiça social que já deveria ter sido feita muitos anos
atrás, que a Dilma vai continuar e que eu acho que não tem mais volta,
porque o povo nordestino começou a conhecer o que é bom, e quem conhece
o que é bom não quer voltar atrás, não quer voltar à miséria.
Eu vim fazer minha última viagem aqui
até o final do meu mandato, porque esta obra do São Francisco, para
mim, é uma coisa que me dá muito orgulho, porque nós enfrentamos muitos
obstáculos para fazer esta obra. Diziam que o governo da Bahia não ia
deixar – o Jaques Wagner foi um parceiro extraordinário –, diziam que o
Piauí era… Sergipe era contra, não teve contra, que Alagoas era
contra, não teve contra, porque ninguém era dono do rio. O rio é do
Brasil porque é um rio nacional, e qualquer cidadão brasileiro tem
direito a beber a água do rio Amazonas, do rio São Francisco, do rio
Tietê e de qualquer rio deste país. Ninguém é dono, quem é dono é o
povo brasileiro. Eu estou com muito orgulho, porque eu estou percebendo
que a obra vai ser inaugurada definitivamente em 2012 – a não ser que
aconteça um dilúvio ou qualquer coisa – mas está previsto a gente
inaugurar definitivamente a obra até 2012, o que será a redenção da
região mais sofrida do Nordeste brasileiro, e o povo do Nordeste vai
poder decidir, como disse o João Santana, a utilização dessa água. Eu
posso dizer aqui: se depender de mim, essa água, se tiver que utilizar
para a produção, ela tem que prioritariamente atender os interesses da
pequena agricultura brasileira, da agricultura familiar, das
cooperativas, porque senão a gente vai ter um só tomando a água do São
Francisco e vai continuar o resto, a maioria de fora, morrendo de sede,
porque o grandão não deixa o pobre encostar na água do São Francisco.
Então, como nós transformamos dois
quilômetros de cada lado em terra de utilidade pública, nós vamos
trabalhar com carinho a utilização dessa terra para que a gente possa
melhorar a qualidade de vida do povo da Paraíba e do povo do Nordeste.
Portanto, meu querido companheiro José
Maranhão, companheiros deputados, companheiros prefeitos, companheiros
trabalhadores, é com muito carinho que eu, neste dia… Hoje é 14 de
dezembro… Eu, a dezesseis dias de deixar a Presidência da República,
venho aqui quase me despedir de vocês, porque a gente poderia ter feito
um grande comício, mas eu não queria fazer comício, eu queria só vir
aqui visitar a obra, porque esta obra é uma das paixões da minha vida.
Esta obra, é importante vocês lembrarem que dom Pedro, imperador deste
país, tentou fazer e não conseguiu. Eu digo sempre que o Lula de dona
Lindu conseguiu fazer a obra que o Imperador, filho do rei Dom João VI,
não quis fazer… não pôde fazer. Então… Porque isso demonstra que é
vontade política. Quando você decide fazer, você faz e acontece.
Eu sou grato ao José Maranhão, companheiro, que nós estivemos juntos todo esse período. Quero agradecer aos deputados que me apoiaram, quero agradecer aos trabalhadores e às trabalhadoras que me apoiaram nesse tempo todo, e dizer para vocês: eu saio da Presidência, mas não saio da política. Eu não estarei no Palácio do Planalto, mas estarei andando pelas ruas deste país, pelas cidades deste país fazendo política, porque o Brasil vive um momento de ouro, e a gente tem que torcer, ajudar e trabalhar para a nossa querida companheira eleita presidenta da República faça mais e faça melhor do que eu fiz porque, aí, quem ganha é o povo brasileiro.