POLÍTICA - É inegável que os cassistas não tenham ficado
nada satisfeitos com o anúncio dos secretários do futuro governador Ricardo Coutinho. Claro que há participação
de aliados cassistas, a exemplo de Gustavo Nogueira, um dos mais
ligados ao ex-governador.
Aliás, este talvez tenha sido o posto mais
importante conquistado por um cassista no secretariado ricardista. É
uma pasta importante, de primeiro escalão, mas não tem o poder decisivo
na administração. Para quem esperava uma pasta como a de Finanças ou a
de Administração, por exemplo, planejar para o gestor executar – se
quiser – não é lá a Brastemp que esperavam.
Claro que a imprensa tem colocado que cada
escolha de Ricardo tem se baseado em questões eminentemente técnicas, o
que, de certa forma, deixa em segundo plano o lado político da relação
entre os grupos. Mas não se pode deixar de lado a possibilidade de
unir os dois critérios. Por que não?
Para ilustrar esta união entre o político e o
técnico podemos citar o próprio secretariado de Cássio Cunha Lima, como
governador. Ele próprio, ao fazer o anúncio, destacou essa
característica. Quem vai negar que políticos como Francisco de Assis
Quintãs ou Carlos Marques Dunga, por exemplo, não caem como uma luva
numa secretaria de Agricultura, por exemplo?
Alguém deve lembrar que em um dos debates do
segundo turno, o então candidato Ricardo Coutinho perguntou ao então
candidato José Maranhão se os critérios que ele adotaria, se eleito,
para compor o secretariado seriam técnicos ou políticos. “Os dois”,
respondeu Maranhão, na bucha. Na época, Ricardo foi taxativo em afirmar
que adotaria o critério eminentemente técnico. Foi um recado que
ninguém ou quase ninguém percebeu.
Veja o que disse esta semana em Campina
Grande, durante entrevista, o atual Secretário de Infra-Estrutura do
estado da Paraíba, Renato Benevides Gadelha, sobre este assunto: “As
pessoas que não tem gratidão tem um defeito muito grande. Ricardo tem
que ter gratidão a Cássio, pois a eleição de Ricardo passou por Cássio.
Porém, Ricardo é um político que não gosta dos políticos e faz questão de dizer isso, principalmente os políticos partidários, que tem experiência e tradição na política. Ele se julga o novo, que vai
extirpar essa classe que está aí. Mas ele tem que ser grato a Cássio por
essa eleição que o colocou onde ele está. Ele não tem um deputado
estadual ou federal. Todos os que chegam perto dele acabam se afastando e
isso é preocupante”.
É notório que Ricardo não dará vez aos
políticos, em sua gestão. Pelo menos ele tem demonstrado isso até agora.
Mas esquecer os políticos que o ajudaram na condução ao Palácio a Redenção – ou, diria, foram responsáveis por isso – pode não ser uma boa
estratégia técnica. Eu diria que Ricardo está dando um tiro no escuro,
na tentativa de acertar no que não está vendo. Complicado, não?
Por Carlos Magno