quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Desproporcionalidade entre o peso do apoio cassista e a participação na equipe de governo de Ricardo começa a preocupar o ‘ninho’

POLÍTICA - É inegável que os cassistas não tenham ficado nada satisfeitos com o anúncio dos secretários do futuro governador Ricardo Coutinho. Claro que há participação de aliados cassistas, a exemplo de Gustavo Nogueira, um dos mais ligados ao ex-governador.

Aliás, este talvez tenha sido o posto mais importante conquistado por um cassista no secretariado ricardista. É uma pasta importante, de primeiro escalão, mas não tem o poder decisivo na administração. Para quem esperava uma pasta como a de Finanças ou a de Administração, por exemplo, planejar para o gestor executar – se quiser – não é lá a Brastemp que esperavam.

Claro que a imprensa tem colocado que cada escolha de Ricardo tem se baseado em questões eminentemente técnicas, o que, de certa forma, deixa em segundo plano o lado político da relação entre os grupos. Mas não se pode deixar de lado a possibilidade de unir os dois critérios. Por que não?

Para ilustrar esta união entre o político e o técnico podemos citar o próprio secretariado de Cássio Cunha Lima, como governador. Ele próprio, ao fazer o anúncio, destacou essa característica. Quem vai negar que políticos como Francisco de Assis Quintãs ou Carlos Marques Dunga, por exemplo, não caem como uma luva numa secretaria de Agricultura, por exemplo?

Alguém deve lembrar que em um dos debates do segundo turno, o então candidato Ricardo Coutinho perguntou ao então candidato José Maranhão se os critérios que ele adotaria, se eleito, para compor o secretariado seriam técnicos ou políticos. “Os dois”, respondeu Maranhão, na bucha. Na época, Ricardo foi taxativo em afirmar que adotaria o critério eminentemente técnico. Foi um recado que ninguém ou quase ninguém percebeu.

Veja o que disse esta semana em Campina Grande, durante entrevista, o atual Secretário de Infra-Estrutura do estado da Paraíba, Renato Benevides Gadelha, sobre este assunto: “As pessoas que não tem gratidão tem um defeito muito grande. Ricardo tem que ter gratidão a Cássio, pois a eleição de Ricardo passou por Cássio. Porém, Ricardo é um político que não gosta dos políticos e faz questão de dizer isso, principalmente os políticos partidários, que tem experiência e tradição na política. Ele se julga o novo, que vai extirpar essa classe que está aí. Mas ele tem que ser grato a Cássio por essa eleição que o colocou onde ele está. Ele não tem um deputado estadual ou federal. Todos os que chegam perto dele acabam se afastando e isso é preocupante”.

É notório que Ricardo não dará vez aos políticos, em sua gestão. Pelo menos ele tem demonstrado isso até agora. Mas esquecer os políticos que o ajudaram na condução ao Palácio a Redenção – ou, diria, foram responsáveis por isso – pode não ser uma boa estratégia técnica. Eu diria que Ricardo está dando um tiro no escuro, na tentativa de acertar no que não está vendo. Complicado, não?

Por Carlos Magno