PSB decidiu não apresentar candidatura à Presidência da República. Deputado diz que aceita decisão, mas critica 'donos da verdade'.
A posição, sacramentada em reunião da Executiva do partido, em
Brasília, acaba com as esperanças do deputado federal Ciro Gomes
(PSB-CE) de concorrer ao Planalto nas eleições de outubro.
"A cúpula de meu partido, o PSB, decidiu-se por não me dar a
oportunidade de concorrer à Presidência da República. Esta sempre foi
uma das possibilidades de desdobramento da minha luta. Aliás, esta
sempre foi a maior das possibilidades. Acho um erro tático em relação ao
melhor interesse do partido e uma deserção de nossos deveres para com o
país", escreveu.
No texto, intitulado "Ao rei, tudo, menos a honra", Ciro afirma que
aceita a posição do partido, mas diz que uma democracia não se faz com
"donos da verdade".
"Quero afirmar que uma democracia não se faz com donos da verdade e
que, se minhas verdades não encontram eco na maioria da direção
partidária, é preciso respeitar e submeter-se à decisão. É assim que se
deve proceder mesmo que os processos sejam meio tortuosos, às vezes."
'Namoro' com o PT e críticas
A decisão do PSB coloca fim a um processo que começou com a
possibilidade de Ciro fazer uma aliança com o PT em São Paulo e disputar
o governo estadual. O deputado federal do PSB sempre disse que
pretendia disputar a Presidência da República, mas não colocava ponto
final na tentativa de acordo com os petistas.
Numa sinalização ao PT, ele chegou a transferir o domicílio eleitoral
para São Paulo, o que permitiria que se candidatasse no estado, mas
manteve a decisão de concorrer à Presidência da República.
Sem acordo, o PT paulista passou a discutir a candidatura própria, e,
no último fim de semana, lançou o senador Aloizio Mercadante como
pré-candidato ao governo.
Nos últimos dias, Ciro utilizou seu site para pressionar o partido por
uma definição. Ele chegou a postar um artigo questionando o que o PSB
queria dele. O deputado também passou a criticar o PT e o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a quem acusou de suposta interferência
no processo decisório do PSB.
"Tenho profundo carinho, respeito e amizade pelo presidente Lula mas
ele está errado porque está popularíssimo, ele está no céu merecidamente
porque faz um grande governo que beneficia o Brasil e o povo, mas não
tem ninguém para dizer nada a ele, ele está perdendo a humildade, sem
dúvida nenhuma", disse numa entrevista ao SBT, na semana passada. G1
