POLÍTICA: 26/04/2010 - Na eleição para governador da Paraíba este ano, um fato
já é tido como certo: a disputa será polarizada entre o atual
governador José Maranhão, candidato à reeleição pelo PMDB; e o
ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB). Qualquer outro
candidato que se apresente não conseguirá votos suficientes para, pelo
menos, levar a disputa para um segundo turno (com exceção de Cícero
Lucena, se mantiver a sua candidatura, o que não está nada fácil).
Outro ponto com o qual todos concordam é o de que a
disputa não será entre Maranhão e Ricardo, mas entre Maranhão e Cássio,
mesmo sendo candidatos a cargos distintos. O problema é que Ricardo
deixou que a polarização chegasse a esse ponto. Talvez esta seja a
primeira vez em que uma disputa estadual não se dá com os dois
protagonistas disputando o cargo de governador. Taí um mote bom para os
comentários do site: a disputa está polarizada entre Maranhão e Cássio
porque Ricardo é fraco ou porque Cássio é forte?
Mas
o título deste comentário sugere uma análise sobre a conjuntura atual
da disputa para o Senado. O termo ‘totalmente indefinida' foi usado
porque retrata, fielmente, a realidade atual, mesmo com o lado
Ricardista – ou seria Cassista? – já tendo definido seus dois candidatos
(Cássio e Efrain). O problema é que as últimas pesquisas apontam um
índice aproximado de 60% de eleitores indecisos em relação para o voto
de Senador.
Diante dessa realidade, podemos fazer
algumas conjecturas, em relação a cada pré-candidato (vamos pela ordem
em que aparecem na última pesquisa Consult):
Cássio:
tem folgada maioria hoje. Porém, já teve índices maiores, o que pode
começar a preocupar. Se analisarmos pesquisas antigas, vemos que Cássio
detém cerca de 30% de eleitorado fixo (são pessoas que votam nele
independente do que possa ocorrer. O episódio da cassação é um exemplo
claro disso). Outros 30% estão na oposição e os 40% restantes são o que
chamaremos aqui de ‘votos flutuantes' - aqueles que não são cativos de
ninguém. São pessoas que analisam o candidato praticamente na hora de
votar e pimba! E Cássio tem dificuldade em ampliar seu índice justamente
nestes tais flutuantes;
Efrain: leva vantagem na
carona do segundo voto de Cássio. A tendência de crescimento ou não de
Efrain depende diretamente da tendência de crescimento ou não de Cássio.
Se Cássio não crescer, Efrain, fatalmente, não cresce. E, mesmo se
Cássio apresentar crescimento, não necessariamente Efrain crescerá.
Explico: o eleitor de Efrain em segundo voto está justamente nos 30%
fiéis a Cássio. É aquele eleitor que diz: ‘Cássio manda, eu voto'. Isso,
então, sugere que se Cássio conquistar fatia dos ‘flutuantes',
necessariamente Efrain não a conquistará também. Além do mais, se as
denúncias em mídia nacional continuarem, pode ocorrer com Efrain o que
ocorreu com Ney na eleição passada.
Ney Suassuna:
aliás, por falar em Ney, este foi prejudicado pela própria política que
adotou. Suas escolhas e seus posicionamentos acabaram por lhe
prejudicar. Se antes ele reclamava de que não tinha espaço no grupo
peemedebista, agora tem motivos de sobra para dizer o mesmo de quem
incentivou o seu afastamento do PMDB. Não é convidado para as reuniões e
decisões do grupo Ricardista – ou seria Cassista? - e, embora procure,
não consegue encontrar apoio interno para, pelo menos, segurar a sua
intenção de disputar o Senado. Pode figurar como um bom candidato a
deputado federal.
Vital Filho: aparecia ali com
seus 6% ou 9% enquanto Veneziano era tido como candidato e subiu 13
pontos da penúltima pesquisa para a última – fruto do anúncio por parte
do prefeito de Campina Grande de que permaneceria no cargo. Aliás, do
anúncio para a realização da pesquisa foram oito dias, o que pode
significar, ainda, mais uns pontinhos para ele numa futura amostragem.
Tem, ainda, como vantagens, sair bem de Campina Grande, por conta do
irmão prefeito; e ter sido o deputado federal mais votado da Paraíba nas
últimas eleições (foi votado em 219, dos 223 municípios do estado).
Além do mais, Vital Filho poderá crescer um pouco mais a partir do
momento em que for confirmado o seu companheiro de chapa (hoje os votos
ditos ‘maranhistas' estão pulverizados em cinco pré-candiaturas);
Wilson Santiago: eu, sinceramente, esperava mais de
Wilson na última pesquisa. Mas existe aquela coisa de que pesquisa é
retrato de momento. Wilson leva vantagem no Sertão (sua região natal) e o
fato de ter ‘panos pras mangas', levando em consideração o peso
financeiro de uma campanha para Senador. Considerando que a primeira
vaga já estaria certa para Vital Filho, Wilson aposta no seguinte
raciocínio: Se José Maranhão subir nas pesquisas durante a campanha
propriamente dita, pode levar, consigo, os dois senadores – fato
semelhante ao que ocorreu em 1986, quando Tarcísio Burity puxou os dois
peemedebistas: Raimundo Lira e Humberto Lucena. Pensando nisso Wilson
quer a segunda vaga para si.
Manoel Júnior: sai
bem de João Pessoa, onde tem bom conceito junto à população. Mas é só.
No restante do Estado leva desvantagem, por não ter visibilidade do
atual mandato de deputado federal. Se confirmado como candidato, terá
que correr bastante. Não se conhece Manoel Júnior como ‘homem de
posses', fama que pertence a Wilson Santiago, o que indica que se for
escolhido pelo PMDB para ser companheiro de Vital Filho, terá que se
desdobrar. Neste aspecto, acho que ele está pensando mais na renovação
do mandato de deputado federal do que arriscar o Senado;
Roberto Paulino: este é leve – embora fisicamente não
seja. Paulino transita bem em vários segmentos do eleitorado. Sai bem de
sua região, o brejo paraibano e conta com a simpatia de Maranhão e de
muitos peemedebistas. Em caso de desistência de Wilson Santiago e de
Maneol Júnior – o que não seria difícil de ocorrer – Paulino está pronto
para ser companheiro de Vitalzinho e apostar na subida de Maranhão
durante a campanha. Quem saber não chega lá, hein?
Wellington
Roberto: o ‘Homem dos Prefeitos' leva vantagem justamente neste
marketing que foi formado em torno de seu nome e de sua significância
política no cenário atual. Se ele tem ou não os prefeitos, ninguém sabe –
mas também ninguém arrisca duvidar. Wellington não tem uma base
definida e consolidada, o que pode lhe dificultar um posicionamento mais
firme na campanha. Porém, é coringa nesse jogo político, podendo
figurar como candidato a tentar atrair parcela do eleitorado que não
quer saber de grupos políticos nesta eleição. Mesmo assim, difícil mesmo
de emplacar.
Roberto Cavalcanti: empresário, bem
sucedido, articulado politicamente no grupo Maranhista... Mas não cuidou
de pavimentar a renovação de seu mandato, após assumir o lugar deixado
por José Maranhão. Aí, não consegue figurar bem nas pesquisas. Apesar de
já ter declarado que quer mesmo é ser candidato a senador, poderá optar
por uma candidatura a deputado federal, o que poderia lhe garantir um
mandato em Brasília conquistado por suas próprias pernas. Aliás, isso
pode, até, ser o início da formação de um poderio político para um
embate de Senado, futuramente, o que lhe faz ser parte interessada no
processo.
O artigo ficou grande, porque não
poderia ser diferente. Se é para fazer conjecturas, então eis algumas
aí. O resto fica por conta da análise de cada leitor. Porém, o que vai
valer, mesmo, é a resposta das urnas e isso só saberemos quando a
eleição se consumar.
Por Carlos Magno