sábado, 24 de abril de 2010

Maranhão: as pressões e a arte de fazer ouvido de mercador

POLÍTICA: 24/04/2010 - A expressão “fazer ouvido de mercador” remonta às civilizações antigas em que o vendedor de bens, objetos, animais e até pessoas viajavam de terras em terras à procura de compradores para seus pertences. Como o êxito dos negócios dependia mais do que eles próprios falavam do que ouviam dos clientes, os mercadores aprenderam o ofício de não dar atenção ao que ouviam.
Maranhão: ouvido treinado para ouvir só o que quer 
Com isso, evitavam irritar-se e, principalmente, serem convencidos pelos compradores. Homem de muitos bens - materiais e políticos -, o governador José Maranhão (PMDB) é, atualmente, um exímio usuário do método “ouvido de mercador”. Nisso merece todos os aplausos. Não é à toa que tem feito cara de paisagem para as pressões políticas que vem sofrendo para compor a chapa majoritária.
 
Maranhão faz questão de ignorar solenemente as pressões que se colocam à sua frente. O vice-governador Luciano Cartaxo batendo na mesa querendo continuar no cargo. A família Vital do Rego querendo empurrar a candidatura de Vitalzinho (PMDB) a Senador de goela abaixo. E agora até Manoel Júnior querendo uma definição antecipada do seu nome.
 
Sem contar em Roberto Paulino, Roberto Cavalcanti e Wilson Santiago. É muita pressão e pouco nome competitivo.
 
Paciente e politicamente experiente, Maranhão faz simplesmente ouvido de mercador para todos os reclames. Quando toca no assunto parece que está falando de outro mundo, de outras pessoas. E não da sua realidade.
 
Uma arte que ela adota, principalmente, na gestão administrativa. E, talvez, aperfeiçoe seus dons de “mercador”. Pois é também com o ouvido treinado para “Não ouvir” que Maranhão enfrenta a crise na Segurança Pública do Estado, as greves e reivindicações de diversas categorias do funcionalismo públicos, as reclamações dos usuários da Cagepa e a luta de aprovados em concurso para nomeações no Estado.
 
Em suma, Maranhão é o próprio “ouvido de mercador”: se não estiver levando vantagem, não escuta nada.
 
 
Por Luis Torres