POLÍTICA: 24/04/2010 - A expressão “fazer ouvido de mercador” remonta às civilizações
antigas em que o vendedor de bens, objetos, animais e até pessoas
viajavam de terras em terras à procura de compradores para seus
pertences. Como o êxito dos negócios dependia mais do que eles próprios
falavam do que ouviam dos clientes, os mercadores aprenderam o ofício
de não dar atenção ao que ouviam.
Com isso, evitavam irritar-se e, principalmente, serem convencidos
pelos compradores. Homem de muitos bens - materiais e políticos -, o
governador José Maranhão (PMDB) é, atualmente, um exímio usuário do
método “ouvido de mercador”. Nisso merece todos os aplausos. Não é à
toa que tem feito cara de paisagem para as pressões políticas que vem
sofrendo para compor a chapa majoritária.
Maranhão faz questão de ignorar solenemente as pressões que se
colocam à sua frente. O vice-governador Luciano Cartaxo batendo na mesa
querendo continuar no cargo. A família Vital do Rego querendo empurrar
a candidatura de Vitalzinho (PMDB) a Senador de goela abaixo. E agora
até Manoel Júnior querendo uma definição antecipada do seu nome.
Paciente e politicamente experiente, Maranhão faz simplesmente
ouvido de mercador para todos os reclames. Quando toca no assunto
parece que está falando de outro mundo, de outras pessoas. E não da sua
realidade.
Uma arte que ela adota, principalmente, na gestão administrativa.
E, talvez, aperfeiçoe seus dons de “mercador”. Pois é também com o
ouvido treinado para “Não ouvir” que Maranhão enfrenta a crise na
Segurança Pública do Estado, as greves e reivindicações de diversas
categorias do funcionalismo públicos, as reclamações dos usuários da
Cagepa e a luta de aprovados em concurso para nomeações no Estado.
Em suma, Maranhão é o próprio “ouvido de mercador”: se não estiver levando vantagem, não escuta nada.
Por Luis Torres