NOTÍCIAS: 27/04/2010 - O Dia de Combate ao Trabalho Infantil Doméstico, celebrado hoje, terça-feira (27) por entidades e
programas que lutam para resgatar a infância e adolescência perdidas por
inúmeras crianças, destaca em sua agenda de eventos a exibição da peça
‘Os feirantes’, uma realização do Programa de Erradicação do Trabalho
Infantil em rede (Petir). A encenação será apresentada em 17 escolas da
rede estadual em João Pessoa, a partir de hoje, terça-feira.
A idéia é mostrar por meio da dramaturgia o cotidiano da criança que
trabalha, como forma de sensibilizar a sociedade. “Queremos quebrar
aquele velho mito de que é melhor a criança trabalhar do que roubar. Até
porque, quem é que diz isso com uma criança da classe média?”, indaga a
coordenadora do Petir, Rose Veloso.
A peça será apresentada 17 vezes em escolas estaduais, reunindo
estudantes e famílias e mostrando a legislação do trabalho de forma
artística. O trabalho, conforme a coordenadora, é uma extensão das
atividades desenvolvidas pelo Petir em parceria com a Casa Pequeno Davi,
em quatro sedes.
A exemplo dessa iniciativa, na Paraíba o Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil (Peti), desenvolvido pela Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Humano (SEDH), e o Projeto Beira da Linha também atuam
afastando crianças e adolescentes dessas atividades ilegais. O Peti é
uma ação do Governo Federal e atua no Estado desde 1999, contando
atualmente com 49.100 crianças em 209 municípios paraibanos, que são
resgatadas e levadas ao encontro da cidadania e dos valores sociais de
maneira lúdica, inserindo cultura e lazer na vida de meninos e meninas.
O Peti atende a um público na faixa etária entre os sete e 16 anos e
11 meses que se encontra em situação sócio-econômica baixa e está direta
ou indiretamente ligado ao trabalho infantil. Segundo a coordenadora
regional do Peti na Paraíba, Viviane Aristides, essa ação é ativa e
preventiva. “Erradicar é uma palavra difícil, pois se trata de uma
relação social, econômica e histórica. A ocupação infantil é trabalhada
por nós tanto com crianças que já o realizam, como com aquelas que estão
propensos a realizarem”, comenta.
O município de Pedras de Fogo, no interior do Estado e com seus 27
mil habitantes, e é um dos locais na Paraíba que possui mais crianças
envolvidas com o Peti. São 1.000 meninos e meninas atuando em atividades
extracurriculares no horário oposto ao da escola, com quatro horas e
vinte minutos de duração diária. Segundo Viviane, o trabalho de reforço
escolar, atividades artísticas, musicais e esportivas são fatores
contribuintes para que o público infanto-juvenil carente alcance
oportunidades que dificilmente teria.
Já o Projeto Beira de Linha, atuante no bairro Alto do Mateus, em
João Pessoa, vem procurando atuar de forma intensiva para erradicar a
prática na comunidade. Através de campanhas nas escolas públicas,
palestras para a população, panfletagem e seminários, as metas do grupo
vão sendo aos poucos verificadas em mudanças positivas.
A idéia foi encorpada pelo geógrafo José Benedito de Brito enquanto
trabalhava no seu projeto de mestrado na Universidade Federal da Paraíba
(UFPB) e atuava dentro do bairro. “Usamos uma estratégia mostrando que a
criança estava sendo prejudicada com o trabalho e, aos poucos, muitos
começam a perceber e compreender a importância de que os filhos estudem e
vivam a infância”, comenta o geógrafo. Após a sequência de ações, o
grupo deixou para a comunidade um benefício material. “Criamos uma
biblioteca com 4.500 livros que ficam para o uso das crianças”, fala. O
acervo está disponível na Escola Estadual Claudina Mangueira de Moura,
naquele bairro, e a comunidade tem total acesso à literatura.