SAÚDE: 22/04/2010 - A última estimativa da
Secretaria de Saúde do Estado com relação a incidência do vírus HIV
aponta uma realidade preocupante no tratamento dos portadores da doença
na Paraíba. Aproximadamente oito mil pessoas desconhecem que possuem o
vírus, o que compromete a eficácia do tratamento e as chances de
conviver com o vírus. O diagnóstico precoce da Aids, a exemplo de outras
doenças como o câncer, também é apontado pelos especialistas como um
fator importante no sucesso do tratamento.
De
1985 - quando foi registrado o primeiro caso de Aids na Paraíba – até
dezembro do ano passado, foram notificados 3.284 casos de pessoas que
adquiriram o vírus e desenvolveram a doença (o número de soropositivos é
maior). Do total, 31% são do sexo feminino e 69% do masculino. O
gerente operacional das DST/Aids da SES, Ricardo Soares, ressalta que o
HIV é uma doença que pode ser tratada e que é possível ter uma vida
tranquila, desde que seja feito o monitoramento da doença.
O profissional explica que estar infectado pelo vírus HIV não quer dizer que a pessoa esteja com Aids. O HIV é o vírus da imunodeficiência humana e a Aids é a síndrome provocada pelo vírus. O HIV pode ficar no organismo da pessoa até 10 anos sem que ela sinta qualquer sintoma. Porém, quem tem o vírus pode, involuntariamente, contaminar outras pessoas, mesmo que não esteja doente. O vírus enfraquece os anticorpos, permitindo o aparecimento de doenças oportunistas, tais como gripe, diarréia crônica, tuberculose ou pneumonia, que caracterizam o aparecimento da Aids.
De acordo com a SES, 106 pessoas morreram vítimas de Aids em 2008 e, em 2009, foram 59 óbitos. A categoria com maior exposição são os heterossexuais com 1.260 casos, seguido de 418 casos em homossexuais e 328 em bissexuais. Dos 223 municípios paraibanos, 182 têm pelo menos um caso de Aids e em 158 municípios foram registrados casos da doença em adulto e em 24 municípios a Aids foi diagnosticada em crianças.
Campanha estimula teste
precoce
Uma experiência-piloto está sendo realizada em cinco cidades do país, com o objetivo de estimular o diagnóstico precoce da Aids. Além de João Pessoa, as cidades de Porto Alegre, Manaus, Curitiba e Fortaleza estão desenvolvendo a campanha que procura estimular o teste precoce do HIV.
O Ministério da Saúde, os programas estadual e municipal da DST/Aids e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão juntos no enfrentamento da doença.
De acordo com a representante da Pastoral da Aids, Goretti Duarte Rolim, no último encontro dos participantes da campanha - realizado em Porto Alegre de 9 a 11 de abril - novos acordos foram firmados com o objetivo de dar continuidade e divulgar a campanha em outros municípios do Estado. “Nós faremos o possível para chegar a algumas cidades do interior do Estado, como Campina Grande, Patos e Cajazeiras, e nas escolas, porque acreditamos que é preciso realizar um trabalho junto aos adolescentes”, comentou.
Até o momento, a campanha tem se voltado para ações junto a população, através de uma unidade móvel, onde é realizada a testagem rápida e palestras sobre DST/Aids.
Para Goretti, quem tem o vírus e não sabe, está negligenciando sua própria saúde.
“Daí a importância da realização do teste, que pode assegurar a qualidade de vida à pessoa soropositiva”, afirmou. O teste rápido é gratuito, sigiloso, com pré e pós-aconselhamento, pode ser realizado nas unidades de saúde especializadas e o resultado sai em cerca de 30 minutos.