“É lamentável que as
escolhas para cargos tão importantes no alto escalão do Governo Federal levem
em consideração questões tão secundárias como, por exemplo, o fato do escolhido
ser ‘evangélico’ ou amigo pessoal dos filhos do presidente. Afinal, Bolsonaro
não pode esquecer que está formando uma equipe de trabalho que vai se debruçar
e responder por coisas muito importantes para os brasileiros como o Ministério
da Justiça e a Direção Geral da Polícia Federal?”, disse o deputado estadual
Jeová Campos, lembrado que critérios técnicos e de formação deveriam ser
priorizados no preenchimento de cargos tão importantes. “Vi declarações do
presidente dizendo que o novo ministro tinha um excelente predicado que era ser
evangélico. Desde quando isso é critério para escolha de alguém que vai ocupar
um alto cargo no primeiro escalão do governo?”, indaga Jeová.
O parlamentar se refere a
escolha do presidente do advogado André Luiz Mendonça, que era titular da
Advocacia-Geral da União como novo ministro da Justiça. Acho até que o advogado
pode ter seus méritos, mas, definitivamente, ser evangélico é uma questão
pessoal e não deve ser levada em consideração até porque o Estado brasileiro é
laico. Ele lembra ainda que a escolha de Alexandre Ramagem, ex-diretor da
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), muito próximo da família Bolsonaro,
que foi nomeado para ser o diretor-geral da Polícia Federal (PF) também passou
por outro crivo que não apenas a qualificação. “Eu temo que ele passe as
informações que o presidente quiser, mesmo que isso comprometa a autonomia da
Polícia Federal”, afirma Jeová, que achou que a decisão do ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que revogou, nesta quarta-feira
(29), a nomeação de Alexandre Ramagem para diretor-geral da Polícia Federal e,
com isso, suspendeu a posse dele, que seria às 15 horas desta quinta-feira, foi
acertada. “Creio que a PF perderia muito de sua autonomia na gestão de Ramagem,
tendo uma interferência indevida do Planalto nas ações da instituição”,
enfatizou o deputado paraibano.
Segundo Jeová, pelo menos o
nome mais cotado anteriormente para a vaga de Ministro da Justiça não foi escolhido
que era Jorge Oliveira. “Oliveira teria sido uma escolha de fundo de quintal,
já que há uma relação familiar muito próximo dele com os filhos do presidente
que parecem comandar o Palácio do Planalto até mais que o próprio pai. Aliás,
nesse aspecto, tenho a lamentar a escolha para a direção geral da PF que é uma
pessoa muito amiga dos ‘meninos’ de Bolsonaro e do próprio presidente. Temo que
a escolha vá comprometer a autonomia da instituição que, como o próprio Sérgio
Moro disse tinha plena liberdade de atuar nos governos Lula e Dilma”, destacou
Jeová.