O
Ministério Público Federal, por ocasião da operação andaime, incluiu meu nome
nas investigações que apuram um suposto esquema envolvendo crimes em licitações
e obras, tanto em Cajazeiras, quanto na região. Na estrutura hierárquica desse grupo,
segundo o colaborador Justino, estariam, no topo, o ex-prefeito Carlos Antônio
(meu principal e maior adversário quando estava na política), seguido
imediatamente do empresário Mário Messias (o candidato que concorreu contra mim
nas eleições de 2008).
Só
até aqui já dá pra compreender a total e irrestrita falta de lógica de eu
participar de algum “esquema” junto aos meus inimigos políticos.
Duas
situações, contudo, ligam-me indiretamente à investigação, e tem a ver com dois
outros investigados, imediatamente inferiores à “cadeia hierárquica” da
andaime. A primeira diz respeito ao engenheiro Márcio Braga. Funcionário
concursado da prefeitura e que, à época, acompanhava convênios de execução de
obras da prefeitura. Quando assumi em 2009, havia um convênio em andamento,
desde a gestação anterior (de Carlos Antônio), entre município e o ministério
das cidades. Fora encontrado (até onde tive conhecimento) uma minuta não
assinada de um ofício, indicando um outro engenheiro investigado a participar
de uma reunião na GIDUR (setor de obras da caixa em João Pessoa), representando
a prefeitura. Ora, o senhor Márcio, segundo o MPF, era responsável por esse
acompanhamento e fora diversas vezes à caixa. Não tinha eu, naquele momento,
nenhuma razão de desconfiar da conduta desse cidadão. Como também não tenho,
atualmente, nenhuma autoridade de juízo de valor para com o mesmo. Não há qualquer
documento meu assinado.
A
segunda diz respeito ao senhor Afrânio (empresário no ramo de construção). Este
me procurou no início da gestão dizendo se responsável pela execução do
referido convênio. Orientando me a procurar a caixa para verificar a
regularidade da execução e dar continuidade. Fiz isso e fui informado na GIDUR
de que estaria tudo certo. Era um convênio de alguns milhões de reais para
pavimentação de diversas ruas. E o convênio seguiu. Não poderia deixar de dar
continuidade a um convenio que beneficiaria a Cidade em umas das áreas mais
carentes que é a pavimentação de ruas, já que tinha o aval dos órgãos
conveniados, ou seja, a própria caixa econômica federal. Também aqui cabe a
minha isenção em juízo de valor para com o Senhor Afrânio.
A
obrigação da investigação por parte dos órgãos fiscalizadores é justo e
necessário. Não me incomoda em absolutamente nada. Quanto à imprensa, ela deve
ser livre e dar informações atualizadas sobre todos os fatos. O que não dá pra
compreender e aceitar é a forma como é veiculada a notícia, emitindo opinião em
matéria penal (COM DOSIMETRIA DA PENA E CONDENAÇÃO JUDICIAL). Já definindo prováveis
e possíveis penas, em termos de anos e crimes. E ainda não havendo ação
propriamente, apenas investigação. E se/quando houver RECEBIMENTO DA DENÚNCIA,
é necessário o juiz notificar as partes para uma primeira argumentação e, só a
partir daí, aceitar ou não. Há um trâmite processual que oportunizará provar a
minha inocência.
Tudo
que aqui narrei disse ao MPF. E será o que vou dizer em juízo se/ quando for
chamado.
Não
posso aceitar é a antecipação pública de informações que deveriam correr em
segredo de justiça e expor pessoas da família que sofrem de problemas de saúde
a preocupações e temores para comigo.
Leonid Souza de Abreu