A primeira multiplicação de pães e peixes
13 Jesus, ouvindo que João Batista fora decapitado por ordem de Herodes, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte. Sabendo disso, as massas populares vieram das cidades, seguindo-O por terra.
14 Desembarcando, Ele viu uma grande multidão. Compadeceu-se dela e curou os seus enfermos.
15 Ao cair da tarde, aproximando-se Dele, os Discípulos Lhe disseram: Senhor, o lugar é deserto, e vai adiantada a hora. Despede, pois, o povo para que, indo pelas aldeias, compre para si o que comer.
16 Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, o alimento.
17 Ao que Lhe responderam: Senhor, não temos aqui senão cinco pães e dois peixinhos!
18 Então, o Mestre ordenou-lhes: Trazei-os a mim.
19 E, tendo mandado que todos se assentassem sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixinhos, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, havendo partido os pães, deu-os aos Discípulos, e estes, às multidões.
20 Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos repletos.
21 E os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.
Aliado a isso, não nos esqueçamos do que o Economista Divino nos ensinou a respeito da capacidade pessoal de cada ser humano, ao dizer: “Vós sois deuses. Eu voltarei ao Pai, vós ficareis aqui na Terra; (...) portanto, podereis fazer muito mais do que Eu” (Evangelho, segundo João, 10:34 e 14:12).
Alguém, talvez por ócio, analisando o trecho anterior, poderia argumentar que Jesus é um caso único e que, por isso, não há parâmetros para equivaler a nossa competência à Dele, celestemente superior. Uma maneira de combater esse raciocínio seria considerar que, mesmo não estando ainda no altíssimo patamar espiritual do Mestre dos mestres, somos capazes de gestos simples que fazem imensa diferença.
O poder de multiplicar os pães e os peixes também está em nós, a começar pelo consumo consciente. Vamos nos empenhar, então, por corrigir o desperdício. Quanto alimento descartamos por negligência! O que é desprezado pelas populações abastadas do mundo daria para acabar com a fome dos que padecem verdadeiros tormentos. É apenas um passo. Sim, mas um passo considerável. E só pela soma das aparentemente pequenas ações alcançaremos os maiores êxitos.
Como observou Confúcio (551-479 a.C.): “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”.
Faço aqui um destaque ao que revela o Evangelista Mateus, no versículo 20 do capítulo 14: “Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos repletos”.Quer dizer, por determinação de Jesus, não jogaram fora o que lhes sobejou. As apreciáveis porções recolhidas pelos Discípulos haveriam de, em nova oportunidade, beneficiar aquela gente ou outra. Reitero sempre que a migalha de hoje é a farta refeição de amanhã. Reflitamos sobre isso.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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