Foi realizada na noite da
última terça-feira (17/05), uma sessão especial, ou sessão pública na Câmara
Municipal de Cajazeiras, com a direção do Hospital Universitário Dr. Júlio
Maria Bandeira de Melo (HUJB), antigo “Hospital Infantil”, para debater sobre outros
aspectos, o crescente número de casos com registro de falecimento de três crianças
nos últimos dias que deram entrada naquela casa de saúde e, após o órgão público
federal não dispor de equipamentos adequados e profissionais com qualificação
especifica – foram transferidas e acabaram falecendo, causando grande repercussão
na cidade de Cajazeiras, na região sertaneja e no Estado.
Formada à mesa, iniciados
os trabalhos, a Superintendente do HUJB, Maria Mônica Paulino do Nascimento
usou a tribuna do plenário e fez uma verdadeira orquestração teatral –
mostrando por meio de slides e fotos, uma realidade abstrata. Ao final de mais
ou menos uma hora de explanação a mesma foi aplaudida de pé pelos incontáveis
servidores do saudoso “Hospital Infantil”.
Foi visivelmente percebido
naquele recinto, o desprezo com que fora tratada a família da pequena Maria
Gabrielly Barbosa Almeida, que faleceu aos 8 anos, após ter seu quadro de
infecção agravado por complicações da inflamação do apêndice, vindo por consequência
“estrangular”, segundo depoimento da mãe da vítima – por negligência e falta de
conhecimento da médica Dra. Jessica Moura. Com sintomas comuns a vários males e
muitos mitos em torno das causas do problema, a apendicite mata quando há
demora no diagnóstico ou atraso na realização da cirurgia, que é relativamente
simples e rápida, como foi o caso de Gabrielly.
Apendicectomia é o nome
dado à operação que retira o órgão inflamado do abdômen do paciente. O apêndice
é um órgão pequeno, que se parece com um dedo de luva de até 8 cm e fica preso
à região inicial do intestino grosso. Ele não tem nenhuma função para o corpo
humano, mas quando inflama precisa ser retirado com urgência. O problema começa
pelo entupimento do orifício que liga o intestino ao apêndice. Esta passagem
pode estar mais ou menos aberta, dependendo da época da vida, de acordo com o
nível de atividade das células imunológicas que constituem a parede do órgão. Normalmente
acontece de uma pedra de fezes ficar presa no orifício que está mais inchado,
obstruir a passagem para o intestino e ressecar dentro do órgão. As bactérias
que habitam o ambiente oco do apêndice ficam isoladas do resto do organismo e
passam a se proliferar, causando a inflamação.
Ao ser chamada para usar a
tribuna. O silêncio foi total, ouvíamos o toque compassadamente dos tamancos da
mãe de Gabrielly ao tocar o assoalho do auditório ao plenário. Nenhuma das
pessoas que se levantaram para aplaudir as explanações teatrais da
superintendente do HUJB usou da mesma compaixão, ou ato de solidariedade para
com os familiares da pequena Maria Gabrielly Barbosa Almeida, que faleceu
prematuramente.