(Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação)
NOTÍCIAS: 28/10/2010 - Na
reta final de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se
emocionado com frequência, a ponto de embargar a voz e chorar. Em
eventos públicos e nas rodas de conversas mais íntimas, ele não esconde o
esforço para não ir às lágrimas e concluir os discursos de improviso.
Foi
assim na tarde desta quarta-feira (27), na sua festa de 65 anos,
promovida no Planalto por assessores e ministros. "Com toda sinceridade,
eu preferia que esse dia não tivesse chegado", afirmou Lula, com voz
embargada, segundo relatou um assessor.
Estavam previstas quatro
festas de aniversário para o presidente ao longo do dia. Pela manhã,
antes da festa do Planalto, Lula apagou as velas numa viagem a Itajaí,
em Santa Catarina. No evento, ele trocou a ordem das velas, para
comemorar "56" anos.
À tarde, na festa no Planalto, assessores
levaram um bolo decorado com um boneco vestido com o uniforme do
Corinthians. "Um bolo de gosto duvidoso", brincou o chefe de gabinete e
palmeirense, Gilberto Carvalho. "Só vou comer porque é o bolo do
aniversário de um grande amigo."
Na agenda oficial de Lula, no
site do Planalto, constava a informação sobre as atividades do
presidente: "despachos internos". Durante a festa no Planalto, os
funcionários cantaram além do tradicional "Parabéns a você" um dos
jingles mais famosos das campanhas lulistas - "Olê, olê, olê, olá, Lula,
Lula".
O clima era de despedida, resumiu um colaborador do
presidente. O assessor relatou que Lula fez da festa uma cerimônia
antecipada para agradecer o trabalho dos funcionários. Um deles,
representando o grupo, disse que não esperava uma projeção internacional
do País como ocorreu, na sua avaliação, durante o governo Lula.
Depois,
o assessor de assuntos internacionais, Marco Aurélio García, disse que
"o presidente colocou o nome na história". Acompanhado da primeira-dama
Marisa Letícia, Lula deixou mais cedo o Planalto, por volta de 18h30, e
foi para o Alvorada, residência oficial da presidência.
À noite,
Lula participaria de uma festa organizada pelo PT do Distrito Federal,
na portaria do Alvorada. Um grupo de centenas de militantes caminhou, no
começo da noite, da Esplanada dos Ministérios até o Alvorada, num
percurso de cerca de quatro quilômetros.
Após o encontro com os
militantes, ele receberia os seus ministros e assessores mais próximos
para um jantar. A candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, era
presença confirmada, até o início da noite, no jantar do Alvorada.
Também garantiram presença a maioria dos 38 ministros do governo.
Desde
que Lula assumiu o governo, em 2003, D. Marisa Letícia organiza grandes
festas de aniversário. Nos anos anteriores, as festas tinham um
objetivo político de dar demonstrações ao público de que o presidente
estava disposto, bem humorado e confiante nos rumos das suas políticas
social e econômica. Crises políticas e disputas internas no PT e no
governo foram minimizadas nas comemorações, lembram assessores.
Desta
vez, a festa, ou melhor, as festas, tiveram menos piadas e declarações
sarcásticas do presidente. Lula vestiu, na comemoração do Planalto, a
velha guaiabeira vermelha, usada com frequência em solenidades mais
informais. O presidente, porém, não escondia a dificuldade de receber os
cumprimentos simples ou exagerados dos assessores.
O Estado de São Paulo