POLÍTICA: 07/07/2009 – Imagem: Arquivo - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), determinou ontem, segunda (6), a contratação de "auditoria externa para verificar a regularidade da movimentação" de três contas ocultas da instituição reveladas pela Folha. Elas têm saldo de R$ 160 milhões.
A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado pedirá hoje, terça (7) a Sarney que sejam fornecidos "todos os extratos da movimentação dessas contas desde sua abertura". Renato Casagrande (PSB-ES), presidente da comissão, disse que "é preciso saber se os recursos foram usados legalmente". Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado, tinha liberdade para movimentar as três contas sem ter de justificar seus atos.
Em reunião na manhã de ontem, segunda (6), com aliados políticos, José Sarney deu ordem para que o atual diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, desse explicações rapidamente sobre o caso.
Acuado politicamente, Sarney quis reagir com pressa para tentar demonstrar desvinculação com eventuais desmandos de Agaciel, nomeado diretor-geral do Senado três vezes pelo senador peemedebista.
Em nota, Tajra disse que as contas não eram secretas, porque estão previstas no regulamento do Sistema Integrado de Saúde do Senado. Afirmou, também, que elas não constam do SIAFI (Sistema Federal de Acompanhamento dos Gastos Públicos) porque seus fundos têm origem na contribuição de servidores do Senado para arcar com gastos de saúde - e não nos recursos orçamentários. Tajra, porém, não esclareceu porque as contas foram retiradas em 1997 da contabilidade oficial (e, com isso, do Siafi) por um ato da Mesa Diretora.
Casagrande disse que "precisa ser apurada a responsabilidade política" dos senadores que deram aval a Agaciel para criar as contas paralelas. Na época, a Casa era presidida pelo senador baiano Antonio Carlos Magalhães do então PFL, hoje DEM. O primeiro-secretário, encarregado de administrar o orçamento do Senado, era Ronaldo Cunha Lima, então no PMDB paraibano.
ACM morreu em 2007. Procurado pela Folha no último domingo (5), Cunha Lima, hoje no PSDB, não pôde dar explicações devido a problemas de saúde.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu apuração: "Fica cada vez mais evidente que essa gente, Agaciel, Zoghbi e cia., não pode ter feito isso sozinha. Deve ter envolvimento de senadores e ex-senadores." João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos, é investigado por irregularidades na sua gestão.
O líder do DEM na Casa, José Agripino Maia (RN), pediu "investigação urgente". O primeiro-vice-presidente, Marconi Perillo (PSDB-GO) declarou: "Se existem contas fantasmas ou secretas, isso terá de ser visto. Mas preciso ouvir a explicação de quem geriu as contas". Fonte: KENNEDY ALENCAR / LARISSA GUIMARÃES - BRASÍLIA