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Os quase 3 milhões de votos representam pouco se considerado que 11 milhões de famílias já recebiam o Bolsa-Família em 2006 e uma grande parte delas com certeza tem mais de um eleitor. "A mensagem é que o Bolsa-Família dá votos, já que 3% é alguma coisa, mas dá menos do que a maior parte das pessoas pensa", resume Canêdo.
O economista empregou uma metodologia estatística sofisticada, na qual cruzou as votações municipais em Lula no segundo turno de 2006 com a proporção de famílias que recebem Bolsa-Família em cada um deles e mais 16 indicadores por município que podem influenciar a tendência de votos. A sua conclusão é que, na média dos municípios, cada ponto porcentual a mais de lares que recebem Bolsa-Família representa uma votação adicional de 0,55 ponto porcentual em Lula.
Para chegar ao impacto total de três pontos porcentuais, Canêdo fez o que se chama de um exercício contrafactual: ele estimou qual teria sido a votação de Lula em cada um dos 3.397 municípios caso não houvesse nenhuma distribuição de Bolsa-Família. Para conseguir isolar o efeito do programa, Canêdo montou um modelo estatístico que filtra a influência de uma série de outros fatores que afetam cada município, para os quais ele também detém uma extensa base de dados: a votação no segundo turno de 2002, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, urbanização, densidade populacional, distância da capital, a presença ou não de prefeito e governador do PT, desigualdade e analfabetismo, entre outros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.