terça-feira, 13 de abril de 2010

Sentença cassando Veneziano não fala em inelebigilidade e, cassado, prefeito pode ser vice Maranhão


veneziano.jpgPOLÍTICA: 13/04/2010 - Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. E se a terra for a nossa querida Paraíba aí que o mistério é grande. A decisão do juiz Francisco Antunes, da 16ª Zona Eleitoral, cassando o mandato do prefeito Veneziano Vital do Rego (PMDB) nos obriga a um exercício de reflexão.
 
A notícia da cassação está em todos os portais e foi divulgada pelas ondas sonoras de todas as rádios da Paraíba.
 
O que o blog do Luís Tôrres não viu em lugar algum, e que agora traz para os leitores, é que a sentença do juiz Francisco Antunes não fala de inelegibilidade. Ou seja, cassa, mas não torna inelegível. Isso porque o juiz se apegou exclusivamente ao artigo 30- A da Lei 9.504 (Lei das Eleições), que fala em captação ilícita de recursos, crime que somente supõe cassação de mandato.
 
A inelegibilidade, descrita no artigo 22 da mesma lei, só se aplica imediatamente diante de crimes de abuso de poder político e econômico. O que não foi o entendimento do juiz.
 
Trocando em miúdos, meus caros leitores, Veneziano pode se candidatar ao que quiser nas eleições de 2010, se for confirmado seu afastamento da prefeitura.
 
Vou além. E não tenho medo de ser processado pelas palavras que vou proferir daqui pra frente. Estou inspirado pela minha curiosidade e protegido pelo direito de saber. A ação que culminou hoje na cassação de Veneziano passou praticamente dois anos dormindo na gaveta da Justiça Eleitoral.
  
Menos de 15 dias depois dele negar o pedido ao governador José Maranhão (PMDB) de deixar a prefeitura para se compor como vice-governador a chapa da reeleição, Veneziano vê a sentença cair como uma bomba no seu colo. Novamente trocando em miúdos. Cassado, Veneziano pode ser candidato ao que quiser nestas eleições. Inclusive, vice de Maranhão.
 
É claro que o direito do prefeito é realmente ruim. Quebra de sigilo bancário revelou claramente o esquema. Prefeitura paga por meio do Fundo Municipal de Saúde um cheque de R$ 50 mil para a empresa Maranata, que recebe o cheque e, no mesmo caixa do Banco do Brasil, fragmenta os recursos e deposita na conta de campanha de Veneziano.
 
Mas por que um caso desses não foi julgado antes?
 
No final das contas, Veneziano está cassado, mas inelegível. Se confirmada a decisão nas instâncias superiores, o prefeito de Campina Grande estará sem a prefeitura. Que foi o principal motivo pra ele dizer não ao governador. Ou seja, perde o principal argumento. E, juridicamente, continua viável pra ser vice.
 
Como se vê, o jogo só termina quando acaba.
 
Fiquemos atento.
 
Fonte: Luís Tôrres