JUSTIÇA: 16/04/2010 - Os
senadores Romeu Tuma (PTB-SP) e Demóstenes Torres (DEM-GO) aproveitaram a
audiência pública sobre o assassinato de seis jovens de Luziânia (GO)
para voltar a defender a proibição da progressão de regime prisional
para crimes hediondos. Na avaliação de Tuma, um preso com o tipo de
distúrbio psiquiátrico apresentado pelo pedreiro Adimar Jesus, que
estuprou e, em seguida, matou esses jovens a pauladas, não pode ter o
benefício do regime semiaberto ou da liberdade condicional, pois, se
voltar ao convívio da sociedade, irá delinqüir novamente.
A audiência pública contou com a presença do ministro
da Justiça Luiz Paulo Barreto e de familiares dos jovens assassinados.
Tuma foi relator de proposta do senador Demóstenes
Torres com dispositivo que vedava a progressão da pena nesses casos.
Embora o projeto tenha sido aprovado pelo Congresso Nacional e se
transformado em lei, esse artigo foi declarado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal (STF). Um meio termo encontrado foi ajustar o
texto aprovado para se exigir o cumprimento mínimo de 50% da pena dos
condenados por crime hediondo para se obter o benefício da progressão.
Demóstenes avaliou a decisão do juiz de soltar o
pedófilo de Luziânia como "uma falha grave" e defendeu investigação do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre sua atuação neste caso. O
presidente da CCJ também pediu a volta do exame criminológico
obrigatório para liberação de presos envolvidos com crimes hediondos ou
em caso de reincidência na prática de qualquer crime.
- A cadeia não recupera, mas a rua recupera? É melhor
ter delinqüente perigoso na rua ou na cadeia? Essa decisão (de Luziânia)
trouxe conseqüências terríveis para a sociedade e ele (o juiz) tinha um
laudo que pedia a manutenção dessa prisão - declarou Demóstenes.
A senadora Patrícia Saboya (PDT-CE) também
compartilha a opinião de que o episódio de Luziânia obriga a uma nova
discussão sobre a progressão de pena para crimes hediondos.
- Como um psicopata é liberado da cadeia para ter
regime dessa natureza sabendo-se dos crimes que poderia cometer?" -
indagou.
Após presidir os trabalhos da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes entre 2003 e 2004, Patrícia Saboya constatou que o poder
público ainda não está preparado para enfrentar esse tipo de crime.
Segundo revelou, dois anos após a conclusão desse trabalho, apenas um
pedófilo denunciado pela comissão havia sido preso.
A criminalidade registrada nas cidades do entorno do
Distrito Federal, insuflada por problemas econômicos e sociais, levou a
senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) a pedir ao ministro da Justiça, Luiz
Paulo Barreto, uma posição sobre ações federais de segurança pública na
região. Autora do requerimento de audiência pública sobre o caso de
Luziânia, Lúcia Vânia lamentou que as autoridades não tenham conseguido
impedir esses assassinatos em série, mas viu a participação do ministro
no debate como uma mostra da responsabilidade que os detentores de
função pública têm em dar uma resposta à sociedade num momento como
esse.
Vice-presidente da Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa (CDH), o senador José Nery (PSOL-PA)
defendeu a criação de uma rubrica no Orçamento da União para 2011
destinando recursos para estruturação dos conselhos tutelares e
capacitação de seus conselheiros. O parlamentar também cobrou dos
partidos a indicação dos titulares dos cargos ainda vagos na CDH e uma
maior participação dos senadores nas reuniões para se acelerar a votação
de projetos relativos ao sistema penal.
A
presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senadora Rosalba
Ciarlini (DEM-RN), também se solidarizou com as famílias das vítimas do
pedófilo de Luziânia. E aproveitou para registrar que o Rio Grande do
Norte foi o estado do Nordeste a apresentar, proporcionalmente, o maior
número de homicídios na região. Nos últimos dois anos, segundo informou,
teria havido um aumento de 130% no encarceramento de jovens de 18 a 24
anos.