quinta-feira, 8 de abril de 2010

“Achei estranho Cássio ter trazido Fabiano de Cajazeiras, para morar num apartamento à beira-mar com direito a motorista particular e tudo mais” diz Giovanni Meireles


NOTÍCIAS: 08/04/2010 - Desde a postagem anterior desta coluna, os internautas que me lêem diariamente cobram meu posicionamento pessoal sobre os acontecimentos que já são de domínio público, ocorridos em torno da não exibição do programa Conexão Master, na noite de segunda-feira passada.

Escutei e li primeiro

Evitei dar este depoimento logo de bate-pronto e preferi esperar bem caladinho o desvelar de outras opiniões mais envolvidas diretamente com o tal episódio e sua repercussão, como Dércio Alcântara, Anco Márcio, Claudia Carvalho, Marcela Sitônio (presidente da API – Associação Paraibana de Imprensa), Gisa Veiga, Agnaldo Almeida, Tião Lucena, Marcos Marinho, Alex Filho (apresentador e dono da emissora de televisão a cabo sintonizada pelo canal 20 da NET, ex-BIG TV), etc.

Já vi esse filme antes

Eu também já passei por isso quando fui auxiliar do governador José Maranhão (PMDB), de novembro de 1995 a abril de 1999. Era outra conjuntura política, mas as circunstâncias eram muito parecidas.

“Eita, Paraíba boa!!!”

Conheço os dois lados da moeda: o jornalista que cobra notícias, junto com o patrão que quer dinheiro das verbas publicitárias oficiais e o auxiliar do governante, que não quer ver más notícias estampadas nas manchetes e é pago para justamente propagar uma boa imagem do seu chefe. É como matar um leão, todos os dias.

Eu também passei por isso

No mundo inteiro é assim, em todos os tempos da História da Humanidade. A Paraíba não poderia ser diferente. E não é. Eu já paguei milhões para alguns e só recebi de volta uma carreta de ingratidão.

Pobre Luiz Torres

Não existe nada de mais em se especular que Luiz Torres tem potencial jornalístico e empresarial para ser o próximo secretário de Comunicação Institucional do Estado, caso o ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB) consiga mesmo se eleger governador da Paraíba.

Pobre Lena Guimarães...

Também tenho pena dela.

Lena estava cotada para ser titular da Secom/PB desde que eu deixei o cargo, mas quem acabou ficando em meu lugar foi o saudoso Jório de Lira Machado, junto com Otto Marcelo, vindo logo depois Luiz Augusto Crispim (também já falecido). Depois veio Laércio Cirne e Dr. Solon.

Trocar comando é normal

Achei normalíssimo o troca-troca de comando na pasta de Comunicação, na minha época, assim como também não estranhei quando tive – agora, mais recentemente – que deixar o cargo de Editor-Chefe da TV Assembleia, exercido até o início deste ano, para ceder a vaga à Adelton Alves, que havia sido demitido da TV Tambaú.

Política de boa vizinhança

Eu não tinha nada a ver com isso, mas compreendi e aceitei de bom grado a situação criada ao meu redor. Afinal, estas são algumas das acomodações que os poderes constituídos necessitam fazer, de vez em quando, em se tratando de abrigar em funções públicas seus principais colaboradores.

Minha eterna gratidão

Não fiquei com raiva do deputado estadual Arthur Cunha Lima (PSDB), presidente da AL-PB, de jeito nenhum, até porque gosto muito dele como pessoa humana, torcedor do Fluminense do Rio de Janeiro e pai da minha ex-produtora de notícias na TV Arapuan, Gabriela Villar, que hoje administra as emissoras de rádio pertencentes à família, a partir da Jardim AM, 1.550 kHz (antiga Bruxaxá, de Areia).

Coitado ex-governador

Eu também não fiquei odiando o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) para o resto da minha vida, tão somente porque ele mesmo se incumbiu de anunciar solenemente, numa cadeia de emissoras de rádio durante o programa oficial intitulado “Boa Tarde Paraíba”, dois anos atrás, que o então desconhecido radialista Fabiano Gomes viria para o meu lugar. Não resmunguei e nem roguei praga a ninguém.

De amor novo

Ele me substituiu no comando do Rádio Verdade da Arapuan FM, depois de oito anos, quando enfrentamos juntos com Rubens Nóbrega, Joanildo Mendes, Marcelo José, Nadja Palitot, Beth Menezes e o Padre Albeny Galdino (por último), a concorrência de Luiz Otávio (já falecido) e depois seus sucessores: Ruy Dantas, Gutemberg Cardoso e Josival Pereira, que até hoje pontificam no Correio Debate.

Pobre João Gregório

Nem por isso sai por aí dizendo aos quatro cantos da cidade que o empresário João Gregório (proprietário da emissora) havia “vendido minha cabeça” ao governante de plantão, numa atitude covarde e que estaria caracterizando, neste caso, uma negociata escusa entre ele (o dono da rádio) e Cássio, representado no ato pelo seu secretário de Comunicação naquele momentâneo subterfúgio palaciano, Solon Benevides.

Coisa do outro mundo

Achei estranho, é claro, mas depois entendi o porquê de Cássio ter trazido Fabiano de Cajazeiras, de avião, para morar num apartamento à beira-mar e andar de carro locado, com direito a motorista particular e tudo mais.

“Se mandar bater, eu bato”

O ex-governador precisava de um porta-voz, de alguém que fosse ágil o suficiente para mandar recados e ser imediatamente entendido, tanto pelos próprios aliados, quanto pelos seus adversários mais ferrenhos, no melhor estilo “bateu-levou”.

Tadinho do radialista

O “Gordinho” de Cajazeiras sabe muito bem cumprir esse papel, no qual é especialista desde sua juventude, transcorrida na Terra do Padre Rolim. Como diria certo amigo meu:

– Ele estudou pra isso!!!

Outra pisada na bola

Acho que Fabiano só exagerou ao tachar Gilvan Freire de dedo-duro do governador José Maranhão. O ex-presidente da Assembleia Legislativa, ex-deputado federal e ex-líder da bancada governista, merece respeito por sua trajetória política, inclusive de extremada solidariedade ao grupo Cunha Lima, desde o papel de líder do ex-governador Ronaldo, desempenhado naqueles tempos difíceis que sucederam o caos gerado em torno do incidente ocorrido no restaurante Gulliver, em novembro de 1993.

Pobre Ricardo Coutinho...

E não tem nenhuma novidade, aqui, pois se trata da mesma coisa que eu disse ao filho de Ricardo Coutinho, Rick Vieira, quando ele criticou em seu Twitter o professor Francisco Barreto (PSL). A sua trajetória acadêmica merece respeito e ele não deveria se criticado por alguém que chegou à Capital há pouco tempo, cheio de arroubos próprios das pessoas de pouca idade.

O tempo vai responder

Eu também já fui assim, meio rebelde sem causa e amadureci como homem. Hoje não vejo mais o mundo através das lentes da aventura, da insolência, da crítica fácil aos mais velhos, apenas porque eles são bem mais tarimbados do que nós, que nos consideramos infalíveis quando somos levados a acreditar somente naquilo que nos sugere a nossa santa ignorância, em termos de experiência de vida.

Meu amigo Walter Santos

Lena me substituiu na Editoria-Geral do jornal “Correio da Paraíba”, quando fui trabalhar no Centro Administrativo de Jaguaribe, Palácio da Redenção e Granja Santana, ocupando a vaga deixada por Walter Santos, que havia cumprido até pouco antes de mim esta mesma missão, assessorando o ex-governador Antônio Mariz (de saudosa memória).

Pobre Luiz Torres?

Cada um de nós – profissionais da imprensa – tem e terá sua vez na galeria de jornalistas que passaram e passarão pela Secom estadual. Ontem fui eu, hoje é Lena e amanhã, talvez Luiz Torres, ou Lena outra vez.

Maranhistas viraram cassistas

Os atuais porta-estandartes de primeira linha do ex-governador, como Solon Benevides (ex-chefe da Casa Civil), Inaldo Leitão (ex-presidente da Assembleia), Lindolfo Pires (ex-líder da bancada governista), Agnaldo Ribeiro (ex-secretário de Agricultura), todos já foram ligados diretamente a Maranhão e ao PMDB, desde o auge do falecido senador Humberto Lucena.

Um dia da caça, outro do caçador

Seguindo essa mesma lógica, os empolgados Fabiano Gomes e Luiz Torres poderão um dia assumir idêntica posição de governistas, passando de vítimas a caçadores.

Serve para qualquer pessoa

Assim como atualmente alguns escribas detonam Lena por defender a imagem do governante, eles também terão seus dias de agonia e noites insones, tentando passar uma boa imagem do seu líder, por mais encurralado que ele esteja, com muita gente sendo contra, fazendo acusações indefensáveis, tão somente por mania de perseguição.

Quem sabe muda sua sorte

Para finalizar, revejam um trecho daquela alegre musiquinha que todo mundo conhece, para refrescar um pouco o carregado e estressante ambiente em que vivemos nos estúdios de TV, cabines de rádio, computadores dos sites de notícias e redações de jornal:

“Quando será o dia da minha sorte?

Sei que antes da minha morte

Eu sei que esse dia chegará

Mas quando será?

Quando estava na barriga da minha mãezinha

Sonhava com um berço de ouro, fralda de florzinha

Mas eu não sabia dos problemas que a família tinha

Morando apertada num barraco na beira da linha

Minha mãe me olhou e disse:

– Como vamos sustentar?

Mas meu pai respondeu pra ela:

– A sorte do menino vai mudar

(Mas quando será?)

Quando será o dia da minha sorte?...”

(De Zé Rodrix, cantor e compositor que morreu em maio do ano passado). Coluna enviada por Giovanni Meireles