439 anos de João Pessoa: descubra a história da mudança de nome da capital paraibana

O professor de História Rafael Virgínio, do Colégio GGE de João Pessoa, explica detalhes do contexto que levou à mudança de nome e outros desdobramentos

No próximo dia 5 de agosto, João Pessoa, a capital da Paraíba, celebrará 439 anos, sendo uma das cidades mais antigas do Brasil. Com uma história rica e extensa, a cidade marcou, em sua denominação atual, um momento importante na história local e nacional, que remete ao episódio do assassinato do político João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque em 1930, na cidade do Recife, em Pernambuco. Este evento foi determinante para a mudança do nome da cidade, que anteriormente se chamava "Parahyba".

Para compreender melhor a história da capital paraibana, que atualmente se destaca no cenário nacional pelo turismo e belezas naturais, o professor de História Rafael Virgínio, do Colégio GGE de João Pessoa, explica detalhes do contexto que levou à mudança de nome da cidade e outros desdobramentos.

De Nossa Senhora das Neves a João Pessoa

Segundo o professor Rafael, antes de 1930, a cidade de João Pessoa passou por várias denominações. Foi fundada como Nossa Senhora das Neves, em homenagem à santa que é padroeira da capital paraibana. Em seguida, recebeu o nome de Filipeia de Nossa Senhora das Neves. Durante o período holandês, foi chamada de Frederica. Apenas em 1930, João Pessoa. 

Economia da cidade até o século XX

Rafael destaca que, no século XVI, a base econômica da cidade era a produção de açúcar. Com o tempo, a economia diversificou-se com a inclusão da pecuária e do algodão. No século XX, o comércio começou a se desenvolver, embora ainda de forma modesta, comparada a outras regiões.

Contexto da morte de João Pessoa

Em 1930, João Pessoa concorreu como vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, candidato à presidência pela "Aliança Liberal". Após a derrota para Júlio Prestes, João Pessoa foi assassinado no Recife em 26 de julho, desencadeando eventos que mudariam a história do Brasil.

“A partir do assassinato de João Pessoa, surgiu uma rede de mentiras e informações falsas – o que hoje chamamos de fake news – sobre os motivos e responsáveis por sua morte. Embora João Dantas tenha sido o autor do crime, alegando questões locais, rumores apontavam para uma conspiração nacional, envolvendo rivais de Getúlio Vargas. Essa comoção e desinformação geraram instabilidade política, culminando no golpe de 1930, erroneamente chamado por muitos de Revolução de 30. Esse golpe derrubou o presidente Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes”, explica o professor Rafael.

Consequências da morte de João Pessoa

Rafael continua explicando os desdobramentos do assassinato: “Houve um clima de comoção e vingança. Muitas famílias fugiram da Paraíba, temendo represálias. Um exemplo marcante é a família de Ariano Suassuna. Seu pai, João Suassuna, ex-governador da Paraíba, foi assassinado nessa mesma disputa política. A família se mudou para Recife para escapar da violência.” 

Atenção para o ENEM

A morte de João Pessoa, que levou à “Revolução de 30”, colocou Getúlio Vargas, um dos presidentes mais importantes da História do Brasil, no poder. “Nas minhas aulas de História no GGE para o Ensino Médio, sempre enfatizo a importância de Getúlio Vargas para qualquer prova de vestibular. A Revolução de 30 é um tema relevante e recorrente em vestibulares”, destaca Rafael.

Indicação de livros e filmes sobre o tema 

Para quem deseja entender melhor o tema por meio de livros e filmes, o professor Rafael dá as seguintes dicas: o filme “Parahyba Mulher Macho”, de 1983, dirigido por Tizuka Yamazaki, disponível no YouTube, e também as biografias de João Dantas e João Pessoa, ambas escritas por Fernando Melo, publicadas pela editora Ideia.

Assessoria/GGE