quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ESCÂNDALO: Semarh, no Governo Maranhão II, liberou cheque de R$ 1.239.559,00 para campanha de Wilson Santiago à Câmara Federal

Fiscalização da Receita Federal, em investigação das empresas constituídas por “laranjas” do candidato ao Senado pela coligação “Paraíba Unida”, constatou a liberação de um cheque milionário, no valor de R$ 1.239.559,00 (Hum milhão, duzentos e trinta e nove mil, quinhentos e cinquenta e nove reais), para a empresa Construção e Incorporação Adrina Ltda., de propriedade de Wilson Santiago, a 40 dias das eleições de 2002. 

 

ESCÂNDALO: Semarh, no Governo Maranhão II, liberou cheque de R$ 1.239.559,00 para campanha de Wilson Santiago à Câmara Federal
PARAÍBA: 30/09/2010 - O Governo do Estado da Paraíba liberou, às vésperas da campanha eleitoral de 2002, através da Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Semarh), um cheque milionário, no valor de R$ 1.239.559,00 (Hum milhão, duzentos e trinta e nove mil, quinhentos e cinquenta e nove reais), para uma empresa “laranja”, de propriedade do então deputado estadual Wilson Santiago, que disputava, pela primeira vez, uma vaga na Câmara Federal. A Construção e Incorporação Adrina Ltda, tinha como sócios dois servidores da Assembleia Legislativa, João de Sousa Brito e Terezinha Alves de Oliveira, lotados no gabinete de Santiago. Ambos são cunhados do parlamentar.

Na época, a Receita Federal havia feito uma notificação feita ao deputado Wilson Santiago, a respeito de alguns cheques que foram parar na sua conta bancária, no valor de R$ 35 mil, divido em dois cheques de R% 10 mil e três de R$ 5 mil. Na oportunidade, o deputado deu algumas explicações (Veja documento na íntegra) que não convenceram a fiscalização, alegando inclusive que era advogado da empresa fiscalizada (Construção e Incorporação Adrina Ltda.).

Até aí, a fiscalização da RF não tinha constatado nada de grande repercussão, até mesmo, porque a quantia recebida pelo deputado até então correspondia apenas a R$ 35 mil. Mais adiante, aprofundando a investigação, os fiscais da Receita encontraram um verdadeiro mar de lama: corrupção, improbidade, malversação, caixa dois, peculato, nota fiscal calçada, entre outros crimes contra o erário e enquadrados no Código Penal Brasileiro.

A Secretaria Ambiental de Recursos Hídricos (Semarh) pagou um cheque milionário (nº 005629), no valor de R$ 1.239.559,00 (Hum milhão, duzentos e trinta e nove mil, quinhentos e cinquenta e nove reais) à empresa “laranja” Construção e Incorporação Adrina Ltda., constituída pelo então deputado estadual Wilson Santiago, tendo como sócios dois funcionários do seu gabinete: João de Sousa Brito e Terezinha Alves de Oliveira, conforme constatação da Receita Federal.

Para receber o referido cheque, foi escalado outro “laranja” do escritório de Wilson Santiago, o Sr. José Vieira da Silva, que ganhava um salário mínimo, para prestar alguns serviços extras (bicos) ao parlamentar. O resgate do cheque milionário foi feito no dia 23 de agosto de 2002, a quarenta dias do pleito daquele ano, quando Wilson disputava uma vaga para a Câmara Federal pela primeira vez.

O mais impressionante de tudo é que o cheque foi sacado “na boca do caixa” e a divisão do dinheiro foi parar em diversas contas de José Wilson Santiago, entre as quais a que ele declarou à Justiça Eleitoral naquela eleição: a conta corrente nº 100205929, agência 0680, do Paraiban/Banco Real.

A parte transferida para a empresa “laranja” fiscalizada, constituída por dois servidores da Assembleia Legislativa e assessores do então deputado estadual Wilson Santiago; João de Sousa Brito e Terezinha Alves de Oliveira (cunhados do parlamentar) é justamente igual ao valor declarado para a Secretaria da Receita Federal, já que o restante era SONEGADO através do artifício chamado de NOTA FISCAL CALÇADA, conforme apurou a fiscalização da RF.

Os valores recebidos pelo candidato ao Senado da coligação “Paraíba Unida”, Wilson Santiago, na época, foram depositados em 27 de agosto de 2002, por meio de transferência eletrônica. Tudo devidamente comprovado através de documentos enviados pelos citados bancos para a Secretaria da Receita Federal.

A Receita constatou ainda que o endereço da empresa “laranja” fiscalizada, Construção e Incorporação Adrina Ltda., constituída pelos dois funcionários da Assembleia Legislativa, João de Sousa Brito e Terezinha Alves de Oliveira, ambos assessores lotado no gabinete do deputado estadual Wilson Santiago, é de propriedade do parlamentar, situado na avenida Maximiano de Figueiredo nº 628, Centro de João Pessoa, onde ele sempre despachou e atendeu a correligionários e eleitores, desde 1996.

Veja abaixo, na íntegra, gráfico demonstrativo elaborado pela Receita Federal, demonstrando toda a cadeia vinculatória entre o candidato Wilson Santiago e todos os demais envolvidos no seu esquema de SONEGAÇÃO FISCAL, CAIXA 2, USO DE “LARANJAS”, entre outros crimes fulcrados no Código Penal Brasileiro.





A reportagem do PBacontece localizou José Vieira da Silva. Indagado a respeito do cheque milionário que recebeu em 2002, ele informou que entregou todo o dinheiro ao deputado Wilson Santiago. Ele explicou que a sua missão era ir ao banco e resgatar o dinheiro. Depois disso, o próprio deputado daria destino ao dinheiro.

A Receita Federal encaminhou ofício para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados, para saber quais as funções que João de Sousa Brito e Terezinha Alves de Oliveira ocupavam nessas casas legislativas.

A Assembleia informou, através do ofício nº 100/2004, que o Sr. João de Sousa Brito foi servidor da Casa, ocupando cargo de Secretário Parlamentar, com lotação no gabinete de Wilson Santiago, no período de 01/03/1999 a 31/01/2003, bem como a senhora Terezinha Alves de Oliveira, ocupando o mesmo cargo, também no gabinete de Santiago, no período de 01/02/1996 a 31/01/2003.

Já a Câmara dos Deputados através do ofício nº 385/2004-DEPES, informou que o Sr. João de Sousa Brito exerce desde 05/03/2003 o cargo em comissão de Secretário Parlamentar, com lotação no gabinete do deputado federal Wilson Santiago, encontrando-se em pleno exercício de suas atividades, com expediente de 40 horas semanais. Terezinha Alves de Oliveira exerce desde 03/02/2003 o cargo em comissão de Secretária Parlamentar no gabinete do deputado e com a mesma carga horária. Observe-se que os dois estão sempre vinculados ao deputado, tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara dos Deputados.

A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado em Brasília. Conseguiu falar como o Sr. João Gonçalves Vieira, Chefe de Gabinete, que informou que João de Sousa Brito trabalha com o deputado nas suas atividades de construção civil em Brasília, na função de motorista. Já Terezinha Alves de Oliveira, ainda de acordo com o chefe de gabinete, mora com o próprio deputado em Brasília e presta serviços nas tarefas domésticas do parlamentar.

A reportagem tentou falar com o deputado Wilson Santiago, ligando várias vezes para os seus escritórios em João Pessoa e Brasília, além do seu celular, mas não obteve êxito para ouvir a versão do parlamentar e candidato ao Senado pela coligação “Paraíba Unida”.

A reportagem tentou ainda um contato com a Semarh, para saber a origem do cheque milionário nº 005629, no valor de R$ 1.239.559,00 (Hum milhão, duzentos e trinta e nove mil, quinhentos e cinquenta e nove reais). Também não conseguiu localizar alguém que pudesse dar alguma explicação sobre o assunto, pois as secretárias sempre informavam que os seus chefes estavam viajando.

Procuramos, então, a secretária da Comunição do Estado, Lena Guimarães, que também não foi encontrada, nas várias tentativas, em seu gabinete. De qualquer forma este portal está aberto a qualquer esclarecimento ou direito de resposta das autoridades envolvidas neste caso, conforme preceituam os princípios básicos do jornalismo sério e responsável, pautado pelo direito ao contraditório e à ampla defesa.


CONFIRA A DOCUMENTAÇÃO:







Da Redação com PBAcontece