segunda-feira, 18 de outubro de 2010

“Nova batida do bumbo”; Maranhão joga a toalha. Campanha perdeu o rumo e agoniza em todas as regiões do Estado. Prefeito de Cajazeiras está escanteado e tenta reaproximação com Ricardo Coutinho

Maranhão joga a toalha, mas tenta manter a pose. Campanha perdeu o rumo e agoniza em todas as regiões do Estado

Maranhão pode encerrar carreira políitica com derrota humilhante

Mesmo admitindo para algumas lideranças e amigos que praticamente não tem mais o que fazer e que “só um milagre” salva a sua candidatura - como confidenciou, dias atrás para o deputado estadual reeleito Carlos Batinga (PSC) -, o governador Jose Maranhão (PMDB), candidato à reeleição pela coligação “Paraíba Unida”, tenta manter o ânimo da campanha para evitar o vexame de sofrer uma derrota humilhante neste segundo turno. Para isto, Maranhão tem cobrado das lideranças que o apóiam no interior do Estado mais empenho neste segundo turno, principalmente por causa do crescimento visível da campanha do ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), candidato da coligação “Uma Nova Paraíba”, e da consequente “debandada” que este fato vem provocando na campanha governista. O problema é ao mesmo tempo em que cobra mais empenho dessas lideranças, Maranhão lhes tem negado os apoios financeiro e logístico de que necessitariam para manter vivo o ânimo da campanha. A nossa reportagem percorreu todas as regiões do Estado, nos últimos dias, e constatou, in loco, que a campanha “maranhista”, não só perdeu o rumo como agoniza a passos largos rumo a uma derrota acachapante e humilhante para um governante que está a 10 anos no poder. O repórter Lino Costa ouviu de algumas lideranças o testemunho de uma derrota iminente. O deputado estadual reeleito Guilherme Almeida (PSC), que tem base eleitoral no Compartimento da Borborema, não só está pessimista quanto ao resultado do pleito deste ano, como prevê uma derrota ainda maior na região de Campina Grande. - Não vejo como reverter esta situação. Acho que a oposição consolidou uma maioria em Campina Grande, que tende a aumentar ainda mais neste segundo turno – admite o parlamentar, que põe a culpa na falta de empenho do prefeito Veneziano Vital do Rêgo e do senador eleito Vital do Rêgo Filho (ambos do PMDB), “que tinham obrigação de construir um resultado melhor, nesta cidade, para a campanha de reeleição do governador José Maranhão.

“A VACA FOI PRO BREJO”

Literalmente, a campanha “maranhista” esta condenada a uma derrota sem precedentes para um ocupante do poder o Estado. No Brejo, pelo que tem demonstrado o grupo Paulino, a vaca já foi há muito tempo. O ex-governador Roberto Paulino (PMDB), ainda inconformado pela derrota para a Câmara Federal, praticamente cruzou os braços neste segundo turno. A prefeita Fátima Paulino, também do PMDB e esposa do ex-governador, se queixa da falta de apoio logístico neste segundo turno. Ela já encaminhou pedidos de ajuda à coordenação de campanha, mas até o momento não recebeu sequer resposta para os seus apelos. Apenas o filho do casal, o deputado estadual reeleito Raniery Paulino (PMDB) ainda se mantém engajado de corpo e alma no projeto de reeleição de Maranhão. Aliás, foi no Brejo que Maranhão perdeu um importante apoio: o deputado estadual eleito Tião Gomes (PSL). O ex-prefeito de Areia nem esperou o resultado da primeira pesquisa para romper com o esquema “maranhista” e aderir à candidatura de Ricardo Coutinho. À Imprensa ele alegou que a decisão foi tomada atendendo ao “apelo popular”, mas aos amigos tem dito que abandono o barco governista por causa do péssimo tratamento que recebeu da coordenação de campanha no primeiro turno. - Se com a campanha praticamente ganha nos tratavam assim, imagine agora que o barco está afundando a cada dia. Onde não existe comando, não existe um rumo definido – revelou o deputado eleito. Outro que também cobra apoio financeiro e logístico é o prefeito de Patos, Nabor Wanderley. Apesar das vitórias pessoais do grupo peemedebista na cidade: a eleição de Hugo Motta, para a Câmara Federal, e da reeleição da deputada Francisca Motta, para a Assembleia Legislativa, o gestor admite que está muito difícil garantir um resultado expressivo para Maranhão nas urnas da região. “Sem dinheiro e sem apoio, não há fazer alguma coisa”, disparou. 
 
Em Cajazeiras, o prefeito Léo Abreu (PSB), que apoiou Maranhão no primeiro turno estaria “tentado”, segundo relatos de pessoas próximas, a voltar ao convívio do “ninho” socialista. Ele não gostou de ter sido responsabilizado - por lideranças “maranhistas” - pelo resultado das urnas na região. O prefeito pediu mais apoio, tanto financeiro quanto material, mas, a exemplo dos colegas de Patos e de Guarabira também não consegue sequer falar com os coordenadores da campanha, especialmente o advogado Marcelo Weick (coordenador geral) e a jornalista Lena Guimarães, coordenadora de Comunicação. (A cor amarela é para dizer que até Ele, o prefeito, amarelou).
 
Já a capital, onde conta com o apoio do grupo liderado pelo senador Cícero Lucena, Maranhão enfrenta, neste segundo turno, um adversário que lhe tem dado mais trabalho que Ricardo Coutinho. Trata-se do presidenciável José Serra (PSDB), que tem, neste momento, a prioridade do grupo “cicerista”. Os tucanos “rebeldes” da capital paraibana abandonaram de vez a campanha “maranhista” e estão dando total prioridade no segundo turno à campanha de Serra. Uma prova contundente desta realidade é a ausência total do comandados e do próprio Cícero Lucena das discussões sobre a sucessão estadual neste segundo turno.

APOSENTADORIA

O governador Maranhão também tem confidenciado a amigos próximos que vai deixar a vida pública se perder a eleição deste ano. Para isto, o candidato governista está empenhado em manter o ânimo da campanha em alta, para não perder de forma melancólica, esta que deve ser sua última campanha, pelo menos para o Governo do Estado. Dependendo do resultado, Maranhão também deverá “pendurar as chuteiras” para o parlamento. Uma derrota humilhante, principalmente para um adversário que ajudou, de forma decisiva, a chegar ao ponto mais alto de sua carreira política até agora, seria praticamente impossível de digerir. Pelo andar da carruagem, o resultado desta eleição caminha para o surgimento de uma terceira força política no Estado, sob o comando de Ricardo Coutinho, e para a aposentadoria compulsória de político de inegável capacidade administrativa, mas que deverá carregar o estigma de um governante que não consegue vencer uma eleição no exercício do poder.

Da redação com PB Acontece