Com o pesadelo do desemprego, os paraibanos passam a ser recrutados por grupos de estrangeiros que exploram o comércio informal de São Paulo e movimentam milhões de dólares com a venda de produtos contrabandeados. Um desses grupos que desafiam á lei é conhecida como a “máfia chinesa”, que mantém centenas de pequenos shoppings centers populares e são fontes de subornos nas mais diversas áreas do poder público. O chinês Law Kin Shon é apontado pela polícia como o maior contrabandista em atividade no País, mas nas ruas as pessoas não querem comentar o assunto.
O contato para recrutar trabalhadores é feito por brasileiros que agem com a máfia chinesa. Cada camelô recebe uma banqueta de madeira para colocar a mercadoria fornecida pela máfia. Quando as sirenes das viaturas da Guarda Civil Metropolitana são acionadas ou quando a polícia inicia blitzen a correria é generalizada.
Nos shoppings populares, quando a polícia fecha as portas, quem está nas dependências perde as mercadorias porque não há emissão de nota fiscal. A região mais conhecida, da cidade de São Paulo e, onde nordestinos de todos os estados pra lá se deslocam, paraibanos também trabalham como camelôs numa jornada diária de confronto com a polícia e o pessoal da Guarda Civil Metropolitana é a Rua 25 de Março. Um verdadeiro formigueiro humano é formado diariamente, apesar de dezenas de guardas manterem viaturas com equipes armadas. Com a falta de dinheiro não tem outro jeito senão enfrentar também os seguranças.
Uma dessas pessoas que trabalham e recebem comissão pelo que negocia é um paraibano nascido em João Pessoa, conhecido por Valdir Lima, 32 anos. Ele afirma que trabalhou durante seis anos como camelô na Avenida General Osório, na capital paraibana e, foi obrigado a ir embora depois que a prefeitura adotou linha dura parta afastar os ambulantes. Valdir lembra em que em João Pessoa chegava a ganhar até R$ 800 por mês, mas depois da ação dos guardas municipais, o que ganhava não compensava mais ficar na rua.
Valdir viajou para São Paulo com um primo e trabalhou durante um ano, numa metalúrgica, mas, foi dispensado em abril do ano passado. A única saída encontrada foi trabalhar para um grupo de chineses que exploram a mão-de-obra de nordestinos na área central de São Paulo.
SAIBA MAIS - As ruas onde os paraibanos gritam para atrair clientes mais se parecem com um mar de gente que invade o trecho margeado por prédios e mais prédios. Mal sabem seus cerca de 500 mil freqüentadores diários que até pouco antes de 1850 a mais famosa rua comercial do País, a 25 de Março, era um rio. Com muitas curvas sinuosas, o rio era de extrema importância para a época (fim do século XIX e início do XX), principalmente quando foi retificado em 1916. Hoje, a 25 de Março é o maior centro comercial a céu aberto da América Latina.
Produtos bem abaixo do preço de mercado provocam um prejuízo bilionário para o governo e para lojistas que funcionam naquela área, porém é a sobrevivência de milhares de nordestinos que estão na região Sudeste por não terem perspectiva de melhorar de vida, caso voltem para sua terra natal. Outro paraibano que vive o corre-corre das ruas é Edivaldo Messias. Ele tem no braço direito, uma grande marca causada por um GCM durante um confronto na Rua 25 de Março, em outubro passado.
Durante um “rapa” dos guardas, Edivaldo caiu com suas mercadorias e foi atropelado por uma viatura que deu ré. Edvaldo trabalhou como garçom em João Pessoa e a opção de virar camelô em São Paulo foi por causa da falta de emprego no Estado da Paraíba, “o atual Governo fala aos quatro ventos que está ampliando as vagas de emprego”, é só discurso lamentou mais um paraibano que necessitou sair da sua terra natal para enfrentar o “inferno” lá fora. Da Redação