quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Paraibanos desenvolvem supercarro em Mamanguape

Eles tinham uma paixão, um sonho e muita vontade. Esses eram todos os ingredientes dos quatro idealizadores de um projeto grandioso: fazer um supercarro na Paraíba. Eles nunca trabalharam efetivamente com a construção de carros, mas tiveram vontade e conseguiram fazer uma picape de luxo, a XK Mirage.

Essa turma é da cidade de Mamanguape, na Zona da Mata paraibana. Os participantes do projeto tinham em comum o gosto pelas quatro rodas, então se reuniram e decidiram montar o veículo. O idealizador é Virgílio Ribeiro. Foi ele que provocou os demais a encararem o desafio. A história mesmo começou com a confecção inicial do modelo em 2004, que somente ficaria pronto no fim de 2012.

É de se observar que uma marca automobilística leva em média cinco anos na construção de um carro e gasta muita grana para isso, mas eles conseguiram em pouco mais de sete anos realizar a proposta bem ousada e gastando bem menos. O custo real eles não têm dimensão já que saíram rateando tudo entre os componentes da equipe e comprando produto por produto de pouco em pouco, mas o orçamento passa facilmente dos R$ 500 mil.

“Este automóvel foi feito com recursos limitados, com apenas uma pessoa confeccionando as peças, outra guiando todo o projeto e dois consultores”, destacou Virgílio. Além dele, os outros integrantes são o engenheiro e construtor do carro Paulo Barbosa, o co-designer e responsável pelo marketing Darwin Ribeiro, e o co-designer Lamark Ribeiro.

Os caras pegaram uma picape Ford F1000 XK Deserter e começaram por aí toda a história. Do carro, ficaram somente o chassi e as fotos para fazer o antes e depois: tudo foi inteiramente arrancado. Também foi herdado do carro antigo o nome. XK, que faz parte do novo nome, é uma referência do carro da Ford.
“No meio do trabalho pensávamos o tempo inteiro se valeria a pena. Teve um momento no qual olhamos para o que estava feito e pensamos que não teria mais volta. O antigo carro antes da transformação era um bom carro, bem conservado, e vê-lo sendo cortado por inteiro dava um certo dó. O projeto não tinha cara formada. Começou e recomeçou inúmeras vezes, mas agora depois do sufoco, vemos que valeu todo o esforço e empenho”, explicou Darwin.

Até a motorização, e claro não podia ser diferente, foi totalmente modificada. Foi usado um motor da MWM, que depois de modificado ficou com 180 cavalos de potência. A lataria é de chapa metálica e não de fibra de vidro, tudo feito em tornearia e funilaria na própria cidade de Mamanguape sem luxo, apesar de o resultado ser luxuoso. A proposta era fazer um carro esportivo e confortável, por isso, as linhas foram totalmente refeitas, os vidros reduzidos e as portas aumentadas para dar um ar de agressividade. As saídas laterais de ar e os frisos do teto são de inox, material inusitado para o segmento dos esportivos. O teto, aliás, teve mantidos os vincos paralelos da XK.

“O intuito sempre foi fazer um carro agressivo que continuasse sendo picape, mas com visual de carro esportivo”, esclareceu o engenheiro do projeto, Paulo. O veículo ficou 30 centímetros maior que o carro original e entrou para a hall dos de grande porte. A roda de 20 polegadas superesportiva parece pequena neste gigante. Uma coisa interessante é à frente, que abre em conjunto como um caminhão. O falso vinco entre o capô e o para-choque engana, faz parecer que os itens são desintegrados.

Os faróis dianteiros se assemelham aos do Palio e a grade da frente é robusta. Dentro da máquina o conforto é garantido e bem diferente do carro original. A ideia de console central foi mantida, mas ganhou os comandos de vidro elétrico e um câmbio sequencial. Os bancos em couro, o volante de carro de corrida, o painel moderno e os tapetes em ferro deixam o carrão ainda mais esportivo.

Nos bancos traseiros cabem três pessoas com bastante folga e como a estrutura é alta por causa do carro antigo, os passageiros ficam sentados com as pernas no ângulo de 90°, pois a altura entre banco e piso é grande. Há saídas de ar-condicionado para trás, tela de LCD de 12 polegadas no teto, encosto de cabeça nos três bancos, cinto de três pontos para todos os passageiros e outros acessórios.

Uma página especial em uma rede social do projeto tem mais de três milhões de acesso e muitos elogios aos paraibanos que mostraram que brasileiro também sabe fazer carro, algo antes somente proposto por Gurgel nos anos 60. Tudo foi feito no quintal de casa, da nossa casa Paraíba. O carro só tem uma unidade fabricada, mas vamos torcer para que mais projetos loucos como este se tornem realidade.



Assessoria