Aí me lembro de uma página que, há alguns anos (e bota anos nisso!), recebi datilografada por uma ouvinte atenta de meus programas radiofônicos. Uma historinha criada por Brad Lohr e Helene Lorber, que vou repetir de memória. Quem tiver o original, por obséquio, consiga-me uma cópia. E, desde já, agradeço. É bem interessante e instrutiva para os que precisam de maior decisão em suas existências e que, portanto, não devem agir, de forma alguma, a exemplo do “Souza”:
“Durante uma enchente, o ‘Souza’ estava sentado no telhado da sua casa, com água já lhe chegando aos pés. Pouco depois, passou um homem numa canoa e gritou:
“— Ei! Quer uma caroninha até um lugar mais seguro?
“— Não, obrigado! — respondeu. — Tenho fé no Senhor e Ele vai me salvar!
“Em pouco tempo a água subiu até a cintura do nosso herói. Foi quando veio uma lancha e alguém, aos brados, o chamou:
“— Você aí! Quer uma ajudazinha até um terreno mais elevado?
“— Não, grato! Confio no Senhor. Ele me salvará!
“Posteriormente, um helicóptero atravessou os ares, e o teimoso do ‘Souza’ já estava de pé no telhado, com água pelo pescoço.
“— Agarre a corda! — clamou o piloto. — Vou puxar você para cá!
“— Não, muito agradecido — redarguiu —, mas não posso ir. Acredito no Senhor e Ele há de me salvar!
“Afinal, foi arrastado pela inundação. Depois de muitas horas nadando, o pobre homem, exausto, afogou-se e foi procurar a sua recompensa divina. Ao chegar aos portais do Céu, encontrou o Criador e lamentou-se do que lhe havia ocorrido:
“— Senhor, acreditei em Vós e acabei morrendo! Que foi que aconteceu?
“Deus então lhe falou assim:
“— Ora, ‘Souza’, de que estás reclamando?! Mandei-te dois barcos e um helicóptero, e tu não te valeste das oportunidades que te ofereci...”.
Não ajamos, pois, à semelhança do “Souza” que, a pretexto de uma salvação “super milagrosa”, que Deus lhe mandaria, terminou morrendo afogado... Não quis valer-se de todos os socorros que Ele lhe enviara, por meio de barcos e até mesmo helicóptero. Para quem busca estar integrado no Pai Celestial, obstáculos são estímulos. Barreiras podem ser o tormento dos falhos de ânimo. Representam, contudo, molas impulsoras dos seres humanos que se obstinam por um Ideal. Há um aforismo russo que singulariza uma advertência aos ociosos do corpo e da mente: “Confie em Deus, mas continue nadando para a praia”. Alziro Zarur (1914-1979), saudoso Fundador da Legião da Boa Vontade, dizia: “Faze a tua parte, que Deus fará a parte Dele”.
Eis aí.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.