Nenhuma bancada entre os dez
principais partidos da base aliada do governo fechou apoio ao presidente Michel
Temer contra a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Líderes marcaram reuniões nesta semana para tentar definir o posicionamento que
devem adotar em relação ao caso na Câmara. Apesar de as lideranças afirmarem
que há maioria na Casa para derrubar o processo, o clima é de incerteza.
A defesa de Temer terá dez sessões
para entregar os argumentos contra a denúncia por corrupção passiva protocolada
pelo procurador-geral Rodrigo Janot. O presidente é acusado com base na delação
de executivos do Grupo J&F - controlador da JSB -, dos irmãos Joesley e
Wesley Batista.
Os advogados dizem que até o fim
desta semana devem apresentar a defesa (mais informações nesta página). O
Congresso está às vésperas do recesso parlamentar. Até mesmo o líder do DEM,
Efraim Filho (PB), evitou fazer uma defesa enfática do presidente. Segundo ele,
o partido vai reunir a bancada para tirar uma posição somente após Temer
apresentar a sua versão dos fatos. "Até agora, é conhecida apenas a versão
da acusação por meio da denúncia enviada pela PGR", disse.
O DEM é a legenda do presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (RJ), primeiro na linha sucessória, que assumiria o cargo
caso a denúncia seja aceita. Reportagem publicada ontem pelo Estado mostrou que
Maia se descolou do Palácio do Planalto nos últimos dias. O líder do Podemos,
antigo PTN, Alexandre Baldy (GO), também disse que ainda "é muito
cedo" para ter um termômetro da situação.
O partido tem 14 deputados. Já em
partidos como o PSD, PP, PR e PTB, o discurso predominante é o de que a
denúncia não traz provas concretas contra Temer. Juntas, as quatro legendas do
chamado Centrão formam um grupo de cerca de 140 deputados.
Para o líder do PR, deputado José
Rocha (BA), o governo terá maioria na CCJ e no plenário, pois os parlamentares
vão avaliar que falta pouco mais de um ano para a eleição presidencial.
"Você acha que o País tem condições de suportar duas eleições?",
questionou Rocha. Das principais legendas da base, que reúnem pelo menos 327
parlamentares, nem mesmo o PMDB decidiu fechar questão, o que significaria que
o deputado teria de seguir a posição definida pela sigla para não sofrer uma
sanção. Partido de Temer, o PMDB tem 63 deputados federais. A Câmara é composta
por 513 parlamentares.
PB Agora