Às
vezes fico me perguntando o que Luciano e Lucélio Cartaxo querem da vida.
Luciano, que foi alçado à condição de prefeito de João Pessoa – único prefeito
do PT entre as capitais do Nordeste, diga-se – por um cenário propício e um
tanto de sorte, não está sabendo tirar proveito dessa benesse que o destino lhe
garantiu.
Achando
que dois raios podem cair no mesmo lugar, Luciano e Lucélio iniciaram o ano
eleitoral defendendo o que chamam de Protagonismo PT, em apoio a uma
candidatura própria para governador, mesmo sem ter nome com densidade eleitoral
para tal. E entraram numa barca furada chamada Blocão que só inviabilizou
qualquer entendimento político externo e não levou a lugar nenhum quem
acreditou.
Depois
de muita resistência, optaram pelo óbvio: a formação, junto com o PMDB, mas com
a possibilidade de atração de outras legendas, como PROS, PSC, PTB, PR, de uma
coligação que garantia tempo de TV para a chapa e um palanque forte para a
presidente Dilma na Paraíba.
Aí
veio mais resistência. Agora na indicação do nome de Lucélio para concorrer ao
Senado Federal. Só com muita insistência optaram pelo óbvio. A partir daí, o
cenário começava a clarear para os irmãos, que viram a possibilidade real de eleger
um Senador da República. Mas isso não foi o suficiente.
O
PT passou mais de dois meses, entre encontros, reuniões, assembléias, votações,
definições e outros moídos que só ocorrem no partido da estrela para decidir
pela coligação com o PMDB. Porém, numa manhã, jogou todo esse projeto para o ar
e cair nos braços de Ricardo Coutinho, apenas porque o PMDB decidiu retirar a candidatura
de Veneziano para colocar a do irmão, Vitalzinho.
O
PT achou que poderia deitar e rolar sobre Vitalzinho? Logo ele, homem que goza
de tanto prestígio com o PT nacional, com Lula e com Dilma? Grande engano. Optaram
por se aliar a Ricardo Coutinho e deixaram o PMDB sob a ameaça de ter um
palanque reduzido para Dilma. Ou você acha que Dilma terá chance no palanque de
Ricardo Coutinho?
Lucélio,
de potencial candidato a senador, passa a ter a sua postulação ameaçada, com a
entrada na disputa do ex-senador e ex-governador José Maranhão. E por ironia do
destino, Maranhão entra na disputa justamente no lugar abandonado por Lucélio. A
vaga era dele e ele rejeitou, praticamente empurrando Maranhão para ser seu
concorrente.
Alguém
poderá dizer que Lucélio pode ser a novidade desta eleição, que a Paraíba já conhece
Maranhão, que o irmão de Luciano tem chances... E eu digo que não. Lucélio não
é conhecido nem em João Pessoa direito, quem dirá além do Rio Sanhauá? Já
Maranhão tem voto em toda a Paraíba, com dificuldades apenas em Campina Grande,
onde Lucélio precisaria, por exemplo, do apoio de Veneziano e Vitalzinho para
entrar.
Por
essas e por outras, não acredito que Lucélio tenha chances. A não ser na
composição com o PMDB, ocupando o espaço de Maranhão na chapa. Mas o problema é
que os neófitos irmãos não estão conseguindo enxergar o óbvio: ao lado de
Ricardo a chance de se sair bem desta eleição é próxima de zero. E para 2016,
alguém confia que Ricardo dará seu apoio à reeleição de Luciano? Acho que só os
irmãos mesmo.
Quando
Ricardo Coutinho disse na campanha passada que Luciano Cartaxo era um zero à
esquerda, que não havia, na face da terra, qualquer atuação política dele que
significasse um bem à população, chegou a ser benevolente. Acho que, depois
dessas, Luciano e Lucélio sabem trabalhar. Fazendo gol, contra eles mesmos.